A propósito de uma conversa com o FATifer, lembrei-me de vos contar duas histórias.
A primeira passa-se algures no norte de Portugal, em 1917.
A segunda passa-se algures no centro, no mesmo ano.
A primeira é completamente veridica, embora ligeiramente adaptada,de modo a proteger os protagonistas.
A segunda é completamente veridica, mas menos adaptada, visto os protagonistas já não ligarem a esses detalhes.
Era tarde. O sol já se escondera. Com nove anos tinha tarefas já bem definidas.
O cântaro de barro pesava-lhe na cabeça e ía vazio. Na volta da fonte seria pior.
O mesmo de sempre: baixou-se, deixou que cerca de dois litros lhe preenchessem a sua capacidade máxima de força possivel e recolocou-o na cabeça.
Dois litros que chocalham e destabilizam bem mais do que se fosse cheio... e pum!
Cacos de barro espalhados, tareia garantida!
Correu e chorou até casa.
Soluçava quando a vizinha lhe perguntou o que se passara, pelo que respondeu:
-Foi uma bruxa! Estava vestida de branco e rodopiava na fonte! Assustei-me, larguei o cântaro e fugi!
Não teve tareia, teve mimo e atenção de todos.
Enquanto a história não esqueceu, ninguém mais voltou à fonte à noite.
Já era adulta quando, entre risos, contou a verdade sobre aquele cântaro de barro.
......................
Era um belo dia de Maio, a pouca merenda era gerida para chegar ao fim da jornada.
Nas suas tenras idades já tinham um enorme rebanho à sua responsabilidade.
Mas, como qualquer criança, queriam brincar.
Com algumas pedritas de calcário faziam o seu palácio. O mesmo de todos os dias.
Estavam já longe de casa e sentaram-se por baixo de uma azinheira para comerem a merenda. Era, para eles, um belo manjar que convidou ao descanso e... adormeceram.
Quando acordaram correram atrás do rebanho. Íam já longe. Nada de novo não fosse o facto de faltarem duas ovelhas. Procuraram-nas toda a tarde.
Chegaram a casa a chorar.
Sabiam da tareia garantida.
- Que vos aconteceu?- Perguntou a vizinha.
- Vimos uma senhora mais brilhante que o sol.- Responderam.
Em qualquer momento que tivessem querido modificar a história, teria sido tarde demais. Nunca mais puderam rir.
Se, na história do norte, não fosse a bruxa a escolhida... o maior centro de peregrinações do país talvez fosse algures no Minho...
Stop the world, I wanna get out!
Há 1 dia
Boa história,sim senhora!!!!
ResponderEliminarNem vais acreditar no que te vou dizer amiga,mas...eu já fui a Fátima a pé...
Fui por uma promessa que fiz,fiz a promessa e no mesmo dia o pedido que havia feito realizou-se.Mas não acredito no milagre de Fátima.Acredito mais depressa que os nossos desejos,se acreditarmos muito neles e lutarmos afincadamente,acabam por se realizar.No entanto fui,pois sou cumpridora das promessas que faço.E foi uma experiência fascinante,uma luta principalmente comigo propria,uma viagem ao interior da minha espiritualidade.Fomos 3,eu e mais duas amigas.Em Novembro.Choveu torrencialmente os 5 dias.Nunca lá tinhamos ido.Tinhamos um mapa feito por peregrinos que vão todos os anos e os contactos para dormida.Mais nada.E correu muito bem.E nem uma bolha no pé tive.E senti-me grande e crente na minha própria força...
Beijos e Keijos
Acredito sim.
ResponderEliminarE também acredito muito no poder da fé e da vontade.
Foi isso, aliás, que disse na conversa com o nosso companheiro.
Sinto o misticismo desses locais; não pela história que está por trás, mas sim pelo poder da crença de tantas pessoas.
Precisamos acreditar em algo e acreditamos.
É essa a força e o poder de determinados locais.
Já lá estive em dias 13 e emocionei-me.
Não pelas aparições mas pela fé que as pessoas ali demonstram.
Se o poder de uma mente é enorme, o poder de milhões, numa mesma fé, será algo mesmo muito poderoso.
Pena é que no dia seguinte, muitos dos que fazem as orações, voltem ao "salve-se quem puder" do dia a dia, mas isso já é outro assunto.
Beijos!:)
Pax,
ResponderEliminarTerei de pegar na última frase do teu comentário:
“Pena é que no dia seguinte, muitos dos que fazem as orações, voltem ao "salve-se quem puder" do dia a dia, mas isso já é outro assunto.”
Sem querer ofender (mas já ofendendo com certeza alguns) digo-te que, o que mais me entristece é exactamente considerar o desperdício que é, o poder dessa fé não ser canalizado para algo de proveitoso… (pelo contrário, como tantos exemplos ao longa da História da humanidade o demonstram… sim… já sei que haverá logo quem me consiga citar outros que contradizem o que digo… cada um acredita no que quer).
A China Girl tirou algo de positivo da experiência que relatou:
“E foi uma experiência fascinante, uma luta principalmente comigo propria, uma viagem ao interior da minha espiritualidade”
quantos conseguirão fazer o mesmo, pergunto-me?
Eu nunca fui a Fátima a pé ou por vontade própria, nem acredito que alguma vez vá. Das (felizmente) poucas vezes que lá fui não tive escolha, estava no grupo e não tinha a opção de não ir… (não vou entrar aqui no porquê do “felizmente” pois tenho de ir dormir e… é melhor não)
Este é do tipo de assunto que gosto de debater em conversa, com tempo, sem amarras de escrita… em todo o caso gostei que o tenhas levantado... já vi que poderemos discordar concordando e quem sabe não me fazes mudar um milímetro as minhas ideias (se conseguires isso já será um grande feito pois, não me considerando burro pois mudo e estou sempre a tentar aprender alguma coisa de novo, há coisas em que as minhas convicções são mais fortes que a fé de muitos!)
Beijinho,
FATifer
É mesmo!
ResponderEliminarAté na missa se vê isso: Pessoas que ao sairem já começam as más acções na própria porta da igreja, minutos após a reza em contrário.
É como se fosse apenas um ritual que nada significa, muito mais vazio de sentido que a fé de quem não vai à missa mas respeita o próximo.
Eu também tenho mudado (ou ajustado) a minha opinião muitas vezes, a propósito de muitos temas.
É o nosso crescimento e é a tal troca de ideias.
Convicções fixas também as tenho.
Há coisas sobre as quais tenho a certeza absoluta de que não mudarei a minha opinião.
Também prefiro debater estes assuntos em "conversa", mas quase sempre os evito.
Já viste o que seria eu dizer num grupo (mesmo que de amigos) que os pastorinhos perderam as ovelhas e inventaram aquilo para não serem castigados?
:)
Tenho a certeza de que mudarei muitos milimetros das tuas opiniões e tu mudarás muitos das minhas.
Conto mesmo, mesmo com isso.
:)
Bons sonhos!
Gostei, pois acredito que foi isso mesmo que se passou, uma mentira que cresceu ao ponto de ser impossível, contar a verdade.
ResponderEliminarVerdade essa que só essas criancas sabem e um senhor Polaco que já morreu...
PS: continuo a odiar a verificação de palavras :(
ResponderEliminarxszeygth para vocês também :P
Crest,
ResponderEliminarA história da bruxa aconteceu com a minha mãe, exactamente como ali está. Só o ano é que não foi aquele. É sempre com esta história que eu a "arrumo" quando ela demonstra acreditar em certos "fenómenos".
Acredito também que na segunda, em qualquer momento em que se quisesse ter contado a verdade, as consequências para a fé de milhões e para a credibilidade da própria Igreja seriam de tal modo graves que, do mal o menos: continuou-se.
Eu estava em Fátima quando o Papa revelou o terceiro segredo. Estava a vê-lo. Achei incrivel o facto de ele achar que as pessoas íriam acreditar naquela patranhice.
Acho que tanto a Lucia como o Papa passaram a vida a rezar porque, ao acreditarem piamente em Deus, tinham de se redimir.
Se havia um terceiro segredo, era algo tipo terem perdido as ovelhas e não quererem a tareia...
Beijos.
Olha, muito bom mesmo!
ResponderEliminarFoi bom,
ResponderEliminarObrigada e benvinda!
Eu não estava lá para ver, mas acredito mais em algo deste género do que na versão "oficial".
Se a história da bruxa foi, exactamente, assim... porque não a da Senhora?
Beijos!
Olha, até hoje é a explicação mais lógica e óbvia que já li sobre o "milagre" de Fátima...
ResponderEliminarBoas histórias e bem contadas! :)
Teté,
ResponderEliminarOlá!
Só tenho algumas dúvidas sobre se os miudos perderam duas ou se foram três ovelhas... :)
Obrigada e benvinda!
Beijos.
Pax,
ResponderEliminar“Também prefiro debater estes assuntos em "conversa", mas quase sempre os evito.
Já viste o que seria eu dizer num grupo (mesmo que de amigos) que os pastorinhos perderam as ovelhas e inventaram aquilo para não serem castigados?”
Pois digo-te que não evito qualquer assunto e entre amigos (e muitas vezes mesmo sem estar) digo “barbaridades” bem piores que essa (talvez) verdade que disseste.
(embora tenha dito que não me identifico com o meu nick em sentido literal, não o escolhi por acaso…)
Vejo que nos entendemos…
“Tenho a certeza de que mudarei muitos milimetros das tuas opiniões e tu mudarás muitos das minhas.
Conto mesmo, mesmo com isso.”
Hum… espero para ver... não duvido das minhas capacidades mas se fores como eu “muitos milímetros” não sei… veremos… ;)
(Os sonhos podem ter sido bons (raramente me lembro) mas o dia foi chato e comprido…)
Beijinhos,
FATifer
Crest,
ResponderEliminarDepois de análise profunda decidimos aceder à tua solicitação:
Adeus verificação de palavras!
E também não é preciso mandar letras! :P
FATifer
FAtifer,
ResponderEliminarEu evito, regra geral, três temas de conversa... pois quando entro numa "discussão" sobre eles... é para chocar alguém. E nem sempre me apetece descobrir esses lados fundamentalistas ou de intolerancia noutras pessoas. É só mesmo quando tenho tempo ou disposição para tanto.
:)
Vais ver que os milimetros ainda serão metros!
Beijo grande de bom dia!
P.S.
A partir de hoje estarei uma semana sem net, conto convosco para responderem aos comentários por mim.
:)