quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Será que aconteceu mesmo?...

Não sei se estou a ficar velho mas dou comigo a pensar sobre episódios da minha vida e a pôr em causa se realmente aconteceram… é uma pergunta estúpida pois tenho provas palpáveis que aquilo aconteceu ou que aquela pessoa passou pela minha vida. Em todo o caso parece que inconscientemente alimento a dúvida… mas porquê? Será que acho que não retirei tudo o que podia dos episódios que recordo? Será que há mais ensinamentos que não fui capaz de deduzir?

Não sou como aquele que dizia não ter dúvidas e raramente se enganar mas confesso que não gosto de errar, talvez por isso escalpelize demasiado todas as situações em que considero que errei… o colocar em causa certos acontecimentos pode ser uma forma de não admitir tamanha estupidez da minha parte… será?


FATifer

13 comentários:

  1. Talvez...

    Ou pode ser má memória...

    Ou pode ser por estares diferente.

    Ou seja...

    A Ana de hoje é o resultado de tudo o que a Ana fez e viveu e experimentou e viu e ouviu e com que conviveu. Tudo o que aconteceu à Ana contribuíu para o que a Ana é hoje. Uma pessoa diferente.

    Às vezes custa ao "eu" do agora aceitar algumas das coisas que o "eu" do passado fez.

    Não sei se é por aí. Mas eu às vezes dou por mim incrédula... ao ler diários antigos... a lembrar atitudes... palavras ditas... palavras ouvidas sem reacção e o "eu" de hoje saberia exactamente o que responder, mas... não pode fazer nada.

    O passado é importante. Porque o ser humano não é nada nem ninguém sem História. A sua, pessoal e intransmissível, e a da Humanidade. O passado vive em nós, porque nos fez o que somos hoje. Mas... há que não viver no passado e não ficarmos obcecados com o que não pode ser alterado.

    Compliquei? :)

    Kiss
    (experimenta pensar no futuro...)

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  2. ianita,

    Não, não complicaste. Aliás explicaste muito bem o que está subjacente ao meu texto/reflexão. Não considero que viva no passado mas, como também dizes, dele devemos retirar tudo o que nos permita encarar o futuro com melhores hipóteses de não repetir os mesmos erros… é que tento fazer…

    … não quero pensar no futuro, quero vivê-lo! ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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  3. Não confie na memória, por vezes, ela nos ludibria. Não há culpados neste processo, apenas estamos atrelados ao nosso pífio estágio evolutivo e, desta forma, tão limitados quanto as necessidades que cultivamos, mesmo que doloridamente.

    Nos enganamos conscientemente e nem sequer compreendemos os reais motivos de tais boicotes. Pura metonímia. Eu me sorvo de mim mesmo e transbordo as raias das loucuras que trago em mim. Podes, então, culpar a memória de alguém por trair aquilo que se ignora?? A consciência está subjugada ao desejo. Caso falhemos, há o esquecimento. Tão natural quanto morrer...

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  4. Ahhh! É tão melhor a consciência (ainda que forçada) do que FIZEMOS caca do que a consciência (ainda que forçada) de NÃO TERMOS FEITO fosse o que fosse!

    ;)

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  5. Roberto A.

    Bem-vindo ao nosso espaço.

    A sua reflexão é um pouco (muito!) mais profunda e geral do que a minha. Por mais que estes textos que escrevo possam (e até aprecio que tal aconteça) promover outras reflexões a sua levanta uma tal miríade de assuntos que se fosse comentar acho que esta caixinha não chegava!

    Obrigado pelo comentário.

    Cumprimentos e volte sempre,
    FATifer

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  6. Cara deusa Pax,

    Digamos que sou um crente nem sempre praticante dessa filosofia. ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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  7. Hás-de lá chegar!
    (Quando fores, realmente, velho;)

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  8. Pax oh deusa,

    Será que chego a velho? :P

    Sabes que concordo com a tua visão das coisas… não contesto que poderás dizer que devia ter mais coisas de que me arrepender mas… vou tentando ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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  9. Não há muito mais a acrescentar aos excelentes comentários que já foram feitos. :)
    Talvez tenhas razão mas tenta ver as coisas desta maneira... Colocar em causa acontecimentos passados em que achamos que errámos pode ser uma maneira, mesmo que inconsciente, de validarmos o nosso crescimento emocional/social/pessoal/etc./etc. desde em então.

    Está tão crescidinho, o nosso FATifer! :)))

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  10. Rice Man,

    Tás a chamar-me velho? :P

    :)

    Agora a sério, gostei da tua explicação… é uma forma interessante de ver as coisas.

    Grande abraço,
    FATifer

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  11. Amigos, sou verborrágico! A orgia das palavras comoveu-me. Verbo, palavras, pessoas: orgia! Aos quarenta anos, depois de mais de vinte anos de profissão como Administrador, decidi pôr-me em prova. Desvelei e assumi quem sou realmente: um professor de história. Estou fazendo novamente uma faculdade. Eis-me freqüentando o curso de História. Amo o passado, nas mesmas proporções em que desejo o futuro (para vê-lo se tornando passado). E, oras bolas, somos quem somos, pois passamos a maior parte de nossas vidas construindo aquilo em que nos tornamos, nós. Esquecer disto é boicote emocional de quem está inseguro, não??? Não podemos e nem devemos nos arrepender do fizemos, sob a pena máxima de construirmos um passado equivocadamente falso. Eu mudei positivamente os rumos de minha história pessoal, mas, não deixei de ser quem sou. Talvez aceite até esquecer algo, mas negar quem sou, nunca!!!

    Contudo, algumas vezes a cachola velha falha, pelos motivos naturais da degradação física imposta pelos anos de mal uso do maquinário biológico (e alguns muitos copos de cerveja geladíssima, noites perdidas, comas alcoólicos, etc). Nestas horas cabe a derradeira questão levantada neste "post": Qual era a pergunta mesmo??? Er... Ah! Risos. Lembrei: "Será que aconteceu mesmo?..." e eu estudando história para lembrar-me do passado...

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  12. Roberto Almeida,

    Bem-vindo de novo ao nosso espaço. Em nome da equipa agradeço o elogio e fico contente que tenhamos agradado.

    Não posso estar mas de acordo com tudo o que afirma, em particular com esta frase: “…somos quem somos, pois passamos a maior parte de nossas vidas construindo aquilo em que nos tornamos, nós.” Julgo já ter afirmado algo similar algures por aqui…

    Agradeço a sua partilha e desejo-lhe bons estudos de História.

    Volte sempre.

    Abraço,
    FATifer

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  13. Roberto,

    (Metendo a minha "colherada"), eu sou uma defensora de que não há melhor maneira de assegurarmos um futuro que é conhecermos o melhor possivel o passado, não só o nosso passado próximo mas também aquele que findou há tanto tempo que quem o viveu nem nunca poderia imaginar como seria o futuro em que actualmente se viveria.
    Como eu compreendo a quem a história fascina! É um fascínio também partilhado por mim. (Neste momento estou a ler um livro cuja acção se passa, básicamente, em Lisboa em 1515 e, ainda que saiba que é impossivel que todas as situações ali referenciadas tenham sido reais, é como se conseguisse vê-las, transportar-me às ruas pisadas por tanta gente de valor, a um mundo que já foi o nosso, do qual tanto nos orgulhamos.)

    Obrigada pelo apreço :)

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