sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Uma pobre família pobre (mesmo pobre)

Hoje vou contar uma história:

Era uma vez uma família pobre que vivia do tal subsidio de reinserção social (todos os elementos-felizmente) e que se viu envolvida na morte de um membro da sua mesma etnia em Janeiro, pelo que passou a sentir-se "insegura" naquele bairro social junto ao cemitério do Alto de S. João, onde habitavam.

Desde o inicio do ano, a matriarca, chefe da família vem exigindo que lhe seja atribuída nova casa em novo local.

A cada reunião com as senhoras da segurança social tem mesmo de se exaltar, gritar e partir móveis pois (ao fim de todos estes meses-ó santa incompetência) ainda não perceberam bem a coisa, o que a obriga a recusar as várias ofertas que lhe tem sido feitas.

Isto porque:

1º- Já que vai mudar, muda para um T4 porque o seu T3 já é pequeno.
2º -Já que vai mudar, a sala tem de ser maior porque tem um plasma demasiado grande à espera para ser montado e não pode ser numa qualquer sala de dimensões convencionais.
3º -Já que vai mudar, aproveita para instalar o novo jacuzzi que ainda não viu uma wc à altura.
4º -Já que vai mudar, é condição que seja para a Alta de Lisboa e não aceitará nenhum outro local.

Será isto assim tão complicado de compreender?!

Ao longo das várias reuniões e recusas da matriarca, exasperou-se (e não é para menos!), pelo que tiveram de chamar reforços policiais (impressionante a facilidade com que as nossas autoridades abusam do seu poder...).

Na última reunião lá conseguiram então, finalmente, serem profissionais e encontrarem o T4 na Alta de Lisboa, o qual se prontificou para ir ver se lhe agradaria.
Só pediu um favor: é que estava à espera do filho para a lá levar e que teria de aprovar também (pois faz parte do agregado), pelo que teriam de esperar alguns minutos.

Como eu gosto de finais felizes, eis que chega o filho da pobre senhora, no seu carrinho Mercedes CLK 350 Cabriolet (coitado, não deve ter tido dinheiro para comprar um carrito mais alto) e com matricula de Junho de 2008 (pelo menos não vai ter de gastar o seu pouco dinheirinho na inspecção obrigatória).



Agora compreendo melhor certas leis do nosso país.
Por exemplo: se eu me esquecer de comprar o selo do carro, no ano seguinte não recebo o valor que tenha a haver do IRS. Claro! Faz sentido, os 30 euros que eu devo fazem falta para colmatar as dificuldades desses pobres cidadãos que lutam pelos seus interesses!
Lutam e têm mesmo de passar pela vergonha de terem de fazer peixeiradas na segurança social, chamar gangs que não conhecem de lado nenhum para os ajudar, ameaçar de morte e destruição só para que, finalmente, compreendam que uma das coisas que mais querem é terem uma vida boa e, para isso, não terem de invadir o mercado de trabalho dos nossos cidadãos!
Será pedir muito?!


Nota: Por incrível que pareça, esta é uma história verídica e duvido muito que não retrate e exemplifique a realidade de uma certa minoria... e de outra certa maioria: a que manda neste país e permite que quem trabalha e poupa para (com sacrifício) conseguir pagar a mensalidade da casa, tenha de sustentar quem o não quer fazer.

(Tenho pena de não ter jeitinho nenhum para peixeiradas...)

São raras, mas há coisas que me tiram do sério!

18 comentários:

  1. Conheço uns casos parecidos bem perto de mim infelizmente..e outros do género;)
    Tenho a minha vizinha do esquerdo, tem 24 anos, três filhos um de cada pai (lol) recebe 450 euros da segurança social, tem os filhos na cresce nas traseiras do prédio, onde paga 20 euros por mês de dois, a mais velha está na primária, que por acaso é em frente ao prédio.. lol.. e despesas todas pagas, não trabalha porque tem três filhos lol...e precisam de apoio (sim, ela pode precisar de ir há janela de trás para ver os da cresce brincarem no jardim, ou da frente para ver a mais velha no recreio da escola)e como é nova sem marido coitada, precisa passar o tempo todo no café, ou em trajes menores quase na porta do prédio para desanuviar..lool

    Até é uma mulher branca, bonita e jeitosa, que poderia aproveitar as facilidades que tem para ser alguém respeitado e com uma vida muito boa, mas coitada, trabalhar cansa.;)

    Enfim, injustiças, e eu sei fazer peixeiradas, não sei é ser um parasita.;P

    Beijoooo linda

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  2. Vita,

    A mim custa-me bastante "engolir" estas coisas.
    Custa-me não porque ache mal que o Estado ajude quem necessita mas, principalmente, porque muitas destas pessoas ainda se gabam e gozam com quem luta no seu dia-a-dia para sustentar os filhos, que mal os conseguem ver porque têm dois empregos para fazerem face ao aumento dos juros e para quem comprar um novo par de sapatos para os filhos é antecedido de um "para o mês que vem".
    Custa-me que pessoas que estão a receber um subsidio se desloquem de Mercedes (não referi no post, mas na familia retratada TODOS os filhos têm um).
    Custa-me que os nossos representantes demonstrem tão pouco respeito por nós, obrigando-nos a presenciar esta tristeza de modo como distribuem o dinheiro que, tão penosamente, entregamos nos impostos.
    Sim, que para estes gozarem bem, já antes nós tivemos de cumprir a nossa parte.

    Beijos :)

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  3. Conheço bem a zona.

    À noite ouve-se bem as disputas de carros, o chiar de pneus. Conheço um senhor que mora nesse bairro. Um infeliz bêbado de alcunha Xabregas. Já o apanhei a dormir no passeio e levei-o a casa. A injustiça entre o pobre que trabalha e o pobre subsidiado é revoltante e nojenta.

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  4. Dálai lume, benvindo :)

    Exactamente!
    Porque há pessoas que trabalham toda uma vida e quando, por alguma circunstancia infeliz, precisam de apoio (mesmo para medicamentos) não o têm, enquanto senhores de BMWs e afins nos enojam com a injustiça das suas situações.
    Cada vez mais trabalhar e pagar impostos parece um acto de burrice.
    A injustiça é algo com a qual tenho muita dificuldade em lidar e esta é uma das suas formas.

    :)

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  5. Pax, sei tão bem do que falas.

    Mas sabes, nem me apetece dizer mais nada, dá-me náuseas.

    Beijinhos

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  6. É revoltante, sem dúvida… por vezes penso que, mesmo que se gastasse todo o dinheiro que se ganharia, era bom criar mecanismos de controlo para que se conseguisse obviar a todas as situações do género da que contas e outras afins… sei que é irreal mas alguma coisa deveria ser feita para acabar com essa sensação com que ficamos… mas somos um país de “chicos espertos”… é uma questão cultural e de modo de estar… não se resolve de um dia para o outro, leva gerações.

    Pergunto (sem estar a defender porque, provavelmente, não terão vontade de mudar nada mas se tivessem) achas mesmo que quem (supostamente) “tem” o poder pode na realidade mudar estas coisas assim de um dia para o outro, mesmo que quisesse?

    Quem nos manda ter olhos e pensar?...

    Beijinho e bom fds,
    FATifer

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  7. Patricia,

    É mesmo isso: náuseas e nojo.
    Principalmente de quem tem o poder para tornar o nosso mundo melhor e escolhe não o fazer.

    Beijos :)

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  8. FATifer,

    O mal é que essas pessoas vivem no meio de gangs que conseguem o que querem pela ameaça.
    Mandam um berro e sacam de uma faca e toda a gente se borra e lhes faz o que querem.
    O mal é que as nossas autoridades cada vez têm menos poder para lidarem com certas pessoas...
    O mal é que esses "sinais exteriores de riqueza" só são vistos nos arbitros de futebol (que não agridem ninguém, pois). E nestes? Os sinais de riqueza são o quê?!

    Revolta-me e de que maneira!

    Eu acho que quem tem o poder poderia mudar isto sim!
    E de um dia para o outro sim!
    Eu, podes crer que o faria. Pelo menos tenho essa convicção.
    Todos que possuissem carros de alta cilindrada (só para começar)- rua! Era facilimo.

    Temos olhos, pensamos, mas tirando este tipo de "opinião", pouco mais poder temos. Os que o têm não me parece que se preocupem sobremaneira com estas questões.
    Medo.

    Beijos :)

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  9. Ainda há pouco tempo atrás, a SIC exibia uma reportagem acerca dos ciganos e um deles referia, que recebia 800 e tal € da segurança social, por ter uma série de filhos, e ainda tinha as despesas pagas da casa. O mesmo fulano dizia que se fosse trabalhar recebia apenas o ordenado mínimo e tinha de passar a pagar as despesas da casa. Como tal, optava por ficar no sofá todos os dias, porque ganhava mais.

    Enfim é o país que temos. Anda metade do país a sustentar os vícios dos outros que muito bem podem trabalhar, mas simplesmente não querem.

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  10. Carloresso,

    Todos os dias nos defrontamos com situações deste tipo.
    Não têm despesas nem obrigações e acham que todos lhes devem algo e ainda por cima os discriminam!
    Têm, muitas vezes, dentro das casas o ultimo em tecnologia e grandes máquinas à porta, no entanto, ninguém tem coragem de lhes retirar os subsidios.

    Realmente, trabalhar cansa.
    Esses é que tem razão.

    Beijos :)

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  11. O engraçado é que aqui onde vivo, que até era uma zona mais ou menos até se lembrarem da puta da reinserção social...cabrões deviam era de os por a viver em casa...convivo com merdas do género de levarem burros para a sala, de fazerem fogueiras nas casas, de destruirem o chão até fazerem buracos para os vizinhos de baixo. E o que tem mais piada é que pagam renda zero...agora se eu não pagar rendas porque vou para a rua ou porque não posso mesmo, eles pegam na minha casinha e entregam a estes senhores que nunca descontaram na puta da vida. E os carros que estacionam à porta dos prédios é vergonhoso, dá-me mais do que naúseas, dá-me a volta total ao estomago e ao intestino. Não sou racista ou xenófoba mas também não sou parva. Foda-se eu trabalho...agora se quiser vender a merda desta casa, já nem metade do valor dão porque há lelos a viverem por perto. Pois e quem se lixou? A mexilhona.
    Filha da putice mais esta mania de ajudar o coitadinho e esquecerem-se dos de casa.

    Abreijos e estou contigo...e a húmidade faz a força!

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  12. Afrodite,

    É assim mesmo. Independentemente da cor, raça ou dos hábitos culturais, (que também há bom e mau e também não sou nem racista nem xenófoba) o problema é que como muitos usam de violência para conseguirem sempre o que querem (e nós vivemos num país de governantes sem tomates), vão sempre levando as deles como querem.
    Digam-me o que disserem em relação às coisas não se poderem mudar de um dia para o outro, eu não acredito nisso.
    Para criarem novos impostos é sempre de um dia para o outro.
    Em vez de andarem sempre a inventarem maneiras para lixarem quem trabalha, deveriam era ter o minimo de respeito pelos cidadãos do país, mostrando que o dinheiro que lhes entregamos está a ser minimamente bem gerido.
    Olha, por exemplo: bandidos, assaltantes, desordeiros e usurpadores de subsidios indevidos iam para a cadeia. Iam mas não para ficarem lá de papo para o ar a comer, beber e f**** (que até isso já podem). Iam, mas trabalhando para pagar o que consumissem. Tipo limpezas florestais, melhoramento e limpeza de vias, etc. Diminuia-se o problema da delinquência na rua, aumentava a segurança, diminuiam-se os fogos florestais, desenvolvia-se o país e aumentava-se a qualidade de vida de todos nós. Mão de obra não faltaria.

    O nosso Governo já percebeu que esses grandes ajuntamentos (grandes bairros) são barris de pólvora. Percebeu porque viu o que aconteceu na França.
    Agora prefere mistura-los... pois, evita que lhes expluda em cima e cada um de nós que se entenda com eles. Vês como são bons e rápidos quando lhes convém a eles próprios?

    Eu acho que quando se vive num determinado país, vive-se de acordo com as leis aí vigentes. Quem não cumpre... pois teriamos forças policiais que as pudessem fazer cumprir, em lugar de terem de deixar a arma na esquadra para evitarem o risco que é acertar num bandido! Que é o que está a acontecer agora, não por culpa deles mas sim de quem assina leis!
    Haja estômago!

    Beijos :)

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  13. pois... nem vou fazer comentários...

    prémio frase do dia: "eu sei fazer peixeiradas, não sei é ser um parasita"

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  14. Mtheman,

    Aprovo completamente a frase do dia.
    E é o que não falta (mesmo neste nosso concelho): exemplos de parasitas.
    Nem acho que a maior culpa seja deles. É sim de quem lhes permite continuarem a alimentarem-se de quem tem de os carregar.

    :)

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  15. Ao realizar o meu trabalho um dia eu vi com meus olhos como uma família que exigia do estado todas a benesses possiveis porque se achavam uns coitados, resulta que em casa não só tinham uma tv de plasma que eu possivelmente não me posso permitir, como um conjunto de sofás de pele branca enormes.
    Mas eles ainda achavam que eram uns coitados.
    E são, mas por outros motivos que não me parece justo revelar.
    Mas em relação ao dinheiro, vivem melhor que eu.
    Os coitados!

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  16. Cris,

    É isso que é revoltante.
    Possivelmente estão a impedir que outras pessoas realmente carenciadas usufruam desses benefícios.
    Têm tudo de última tecnologia, muito mais que a maior parte de nós (que trabalhamos) jamais teremos possibilidade de comprar e alegam pobreza que, realmente, só se for de espirito.

    Se bem que pobreza de espirito maior deve ser a nossa neste país que (ou por burrice nossa ou por falta de opções), ainda não encontramos governantes dispostos a repararem e terem tomates para porem fim a estas coisas.

    Beijos :)

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  17. PAX, já tinha recebido um mail um tanto semelhante, fiquei na dúvida se era brincadeira. Pelos vistos não!

    Não sei porquê, os nossos governantes sempre se recusaram a ter em conta os sinais exteriores de riqueza, possivelmente por alguns terem o "rabo preso". Lembro-me até de um antigo dirigente futebolístico, que declarava um ordenado mínimo nacional no IRS, mas vivia numa mansão em Cascais, tinha os 3 filhos em bons colégios e ia de helicóptero para a praia (esta última até dá vontade de rir, que demonstra bem o espírito de "pato bravo" do homezinho). Resumindo: pouco ou nada pagava de impostos...

    Quanto a essa família, era ser investigada a sério, porque o rendimento não lhe vem certamente da segurança social, há certamente actos (muito) ilícitos que encobrem a proveniência dos ditos rendimentos.

    E sim, a mim também me tira do sério, que há muito velhote por aí que não tem dinheiro nem para medicamentos, depois de ter trabalhado uma vida inteira... :(

    Dava-lhes a casa no Alto de Lisboa dava... rssss

    Beijocas!

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  18. Teté,

    Este caso nem deve ser o mesmo que recebeste por mail. Este caso foi-me contado por uma das pessoas que estiveram envolvidas nestas reunioes com a dita "chefe de familia". Que viu por si o mercedes, que soube que todos os elementos daquela familia têm um (de diferentes modelos) e recebem, assim mesmo o subsidio, EXIGINDO casa nova com a desculpa de que nao se sentem seguros ali...
    Ou seja, devem existir muitos casos identicos a este, este é apenas um exemplo.
    Certamente nao vivem do subsidio, certamente terao actividades "paralelas" a serem investigadas mas, uma das questoes é que, certamente, estao a contribuir para que os nossos idosos cheguem a essa fase sem dinheiro para sobreviverem, nem medicamentos, como referes. Há idosos que pedem nas farmácias que o farmaceutico escolha os mais importantes... e deixe os outros, pois nao podem comprar todos os que lhes aliviam os problemas. É outra das tristezas da nossa realidade.
    Cada vez mais acho que isto é o máximo da falta de respeito por uma naçao e pelos cidadaos que constituem o nosso país. Trabalham, descontam e apoiam esse mesmo país para depois assistirem a estas injustiças.

    Para mim este texto também foi um desabafo :)

    Beijos :)

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