domingo, 25 de outubro de 2009

Perder tempo…


Quantos de nós nunca acharam que estavam a “perder tempo”? Se no nosso mundo até as crianças já falam assim, acho que nenhum de vós me poderá dizer que não, que nunca teve essa sensação…
Mas como se pode perder tempo? Não, não vou entrar aqui no debate se o tempo é ou não algo inventado pelo homem mas há uma componente altamente subjectiva nesta questão de “perder tempo”, ou não? O que para mim pode ser perder tempo para outra pessoa pode ser aproveitar bem o tempo e vice-versa.

Porquê esta obsessão? Porquê esta necessidade de “aproveitar o tempo”? Se por um lado parece que temos de viver como se o tempo fosse infinito e fossemos portanto imortais (se assim não fosse haveria coisas que nunca faríamos!) por outro parece que cada vez mais temos a noção que o tempo de que dispomos é finito e que, portanto, devemos aproveitar para fazer o que achamos que devemos e queremos… esta dualidade, que quase todos exibimos, é um dos paradoxos que mais me fascina e intriga.

O que cada um escolhe fazer na vida, nem que seja não fazer nada, é fruto de uma miríade de factores mas, na minha opinião, sempre condicionado pelo balanço entre a noção de imortalidade e finitude de cada um. Só assim me parece poder-se explicar que haja aqueles que dedicam a vida inteira a uma causa ou a criar algo e outros que fazem de tudo um pouco como se quisessem experimentar tudo antes que acabe. Sempre que me pergunto como sou à luz destes dois extremos concluo que estou no meio (como a maioria de nós) pois, não tendo vocação para me entregar a uma causa ou a um projecto que me ocupe o resto da vida, tão pouco tenho o espírito aventureiro que me leve a querer experimentar tudo o que há neste mundo. Como já disse por aqui mais que uma vez, tento aproveitar o que a vida me proporciona, embora por vezes não consiga afastar a sensação que não faço suficiente para ajudar que a vida me proporcione mais…


Gostava de ter uma conclusão brilhante para rematar este texto mas como ele não passa de um conjunto de constatações que recorrentemente retiro sempre que me ponho a “pensar na vida”, não há conclusão… apenas divagações…


Votos de boa semana para todos,
FATifer

14 comentários:

  1. Se o Homem nascesse ensinado, nunca perderia tempo. Como não é o caso, a perda de tempo é uma aprendizagem que se vai adquirindo ao longo dos anos, entre sucessos e fracassos, mudanças de percurso, seguir em frente ou voltar para trás. (este retorno é muito relativo, como é óbvio!)

    Fazer o quê? Quando muito, pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão importante e, mesmo assim, não existem garantias nenhumas... :)

    Beijocas!

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  2. Eu costumo usar muito a expressão "gastar tempo", passo a explicar, com o passar dos anos e penso que com o apurar realmente do que é ou não importante na nossa vida, dei por mim algumas vezes a ouvir determinadas expressões relativas à minha pessoa, que nunca tinha ouvido.
    Que estou a ficar antipática, que não era nada assim, que por vezes até sou inconveniente... o que se passa é que "não estou para fretes" e muito menos para fingir o que quer que seja, e, quando me deparam com situações em que tenho que optar, simplesmente digo-o logo e na cara o que na verdade penso e me apetece.
    Dou como exemplo esta situação, uma amiga minha, que por diversas razões nos fomos afastando e a relação se foi diluindo (da parte dela penso que continua a achar que continua tudo como antes) convidou-nos para a festa de aniversário do filho, meio da semana, à noite, a mais de 30 km´s de minha casa.
    Podia ter inventado mil e uma desculpas para não ir, mas não o fiz, simplesmente lhe telefonei a dizer que não íamos porque já passamos tão pouco tempo em família que não ia deixar de passar um serão em família para ir lá passar uma hora e "queimar" assim o tempo.
    Claro que fui acusada de tudo e mais alguma coisa... apenas por ter escolhido o que fazer da minha vida!

    Bjs e desculpa ter-me alongado tanto mas é também um tema que me toca bastante.

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  3. Teté,

    Concordo com o que dizes, mesmo aqueles que conseguem tirar as lições que devem da vida poucos (para não dizer nenhuns) poderão dizer que aprendem à primeira, não erram, não mudam de opinião ou corrigem o caminho… claro que tudo nisto é subjectivo como a vida, talvez…

    Como dizes, não há garantias, apenas podemos e devemos fazer o melhor possível de acordo com o nosso conceito ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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  4. Acho que tudo se pode resumir a objectivos. Como disseste, há quem tenha um na vida /dedicar a vida a uma causa) e há quem tenha muitos (viver o máximo de experiências possível). O problema é que muitas vezes ambos estão tão concentrados no seu ou seus objectivos que não vivem as 'pequenas' experiências do dia-a-dia. Acabam por ser pessoas incapazes de experienciar conceitos como o Wabi-sabi, por exemplo.

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  5. Princesa,

    “…desculpa ter-me alongado tanto mas é também um tema que me toca bastante”

    Não desculpo, agradeço! Não há nenhuma regra que os comentários neste espaço tenham de ser curtos, pelo contrário, eu pelo menos, gosto que escrevam o que quiserem, que digam o que os textos os motivam a dizer. E registo com agrado que os temas que abordo sejam de interesse para quem lê. :)

    Acredita que te compreendo muito bem. Eu também tento só fazer os fretes que não posso evitar (normalmente os profissionais são os mais difíceis de evitar, julgo eu ).

    Obrigado pela partilha.

    Beijinhos,
    FATifer

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  6. Rice Man,

    “Acho que tudo se pode resumir a objectivos.”

    Bem formulado, sim senhor. A tua observação é pertinente (como sempre).

    (confesso que me apeteceu ficar pelo “Wabi-quantos?” mas como é mais forte do que eu, lá fui ver a que é que te referias e agradeço-te teres-me assim “forçado” a instruir-me)

    Teria de pesquisar mais para poder aqui dissertar sobre “Wabi-sabi” mas compreendo o que queres dizer, é do tipo de conceito que quem tem um propósito definido de vida considera uma perda de tempo (a menos que o propósito seja definir “wabi-sabi” :P). Retirar lições das pequenas coisas do dia-a-dia não estará, na verdade, ao alcance de todos (quer por incapacidade ou por auto-limitação).

    Como dizes é uma questão de objectivos…

    Abraço,
    FATifer

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  7. Eu sempre achei que nunca se pode perder tempo na vida. É impossivel perder-se tempo. Mesmo o tempo que ocupamos a fazer algo aparentemente inutil ou ao lado de alguém que mais tarde nos parece não ter merecido, nunca é tempo perdido! São sempre momentos de aprendizagem para o conhecimento posterior de como melhor saber usar o nosso tempo! É sempre um benificio, nunca uma perda!

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  8. Cara deusa Pax,

    Só mesmo uma deusa para ter uma visão tão optimista mas sem dúvida que, se mais de nós partilhássemos a tua opinião, este mundo seria um local bem melhor (pelo menos com muito menos pessoas stressadas!).

    Acho que o que escreveste poderia bem ser a conclusão brilhante que me lamentei de não ter ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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  9. Fizeste-me lembrar quando o meu primito mais novo (que agora tem 14 anos, snif snif) era um bébézolas e se voltou para a mãe, quando esta ameaçou dar-lhe um piparote no rabiosque (por mau comportamento), e lhe atirou: olha, se vais bater, bate já porque eu tenho mais que fazer. LOOOOL!

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  10. Vani,

    Interessante o que o meu texto te suscitou mas o que relatas só vem confirmar que até as crianças “sentem” o que falo…

    Beijinhos,
    FATifer

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  11. Eu acho que o tempo não se gasta... até porque também não se ganha.

    O Tempo vive-se e investe-se... os frutos que colhemos desse investimento poderão ser bons ou maus... depende da nossa visão de investimento :)

    Acho que este tipo de expressão "ganhar tempo" ou "perder tempo" nasceram da nossa (humana) ambição de querer dominar tudo... mas o tempo não se domina. Ele passa, queiramos ou não. A nossa percepção dele é que muda... passará devagar se estamos aborrecidos... passará depressa se estamos felizes e divertidos... e enquanto fazemos este tipo de análise, o Tempo ri-se de nós e continua a passar, inabalável... :)

    Só o próprio tempo dá a resposta que queremos... estaremos a desperdiçar tempo em algo que não importa? Poderíamos estar a investir o nosso tempo noutra coisa mais proveitosa? Só o Tempo o dirá... seja como for, mesmo que o investimento seja mau, aprendemos sempre com ele. E isso faz com que, em última análise, o Tempo nunca seja gasto nem desperdiçado, mas investido e vivido.

    Neste momento, invisto o meu Tempo num muito saboroso dolce fare niente :)

    Kisses

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  12. ianita,

    Eu sabia que eras do clube da Pax nesta questão. Explicaste muito bem o teu ponto de vista e sou obrigado a concordar. Acaba por ser como dizes, é uma valoração nossa. Concordo também que devemos ter a capacidade de aprender com tudo em que “investimos” (como dizes) o nosso tempo.

    Tal como disse à Pax, acho que o que escreveste poderia ser a conclusão brilhante que lamentei não ter encontrado para este texto. (obrigado por a achares também).

    Beijinhos,
    FATifer

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  13. Se os antigos diziam que : 'atrás de tempo, tempo vem', façamos nós o que fizermos, nunca estaremos a perder tempo. Consegues agarrar o tempo? Segurá-lo entre as mãos? Tudo tem o seu tempo, o teu tempo neste momento e ter todo o tempo do mundo!!!

    "Tudo o que acontece de ruim na nossa vida, é para a melhorar" :))

    Beijocas e bom fim de semana.

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    Respostas
    1. Pois não se consegue agarrar e a ilusão neste momento é “ter todo o tempo do mundo”, como afirmas.

      A afirmação que citas no final só será verdade se fizermos por isso ;)

      Beijinhos e bom fim de semana,
      FATifer

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