sexta-feira, 14 de novembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Uma vida
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Começara a chuva miudinha de inicio de manhã. Tentara acelerar o passo que as pernas já lhe recusavam.
Tinha atravessado a aldeia para trazer o saco com pão. Já pouco mais que isso costumava fazer...
Olhou para trás.
Era toda uma vida que ali tinha ficado.
Eram todos os seus passos naquele chão de granito.
Ao longe a casa dele...
Viu toda a sua história naqueles segundos.
Viu a única coisa de que se lembrava ter feito numa vida.
Viu como aceitara o amor daquele homem. Como o amara! Como o idolatrara como médico, como homem mais velho, como quem sabe tudo e sempre tudo o que faz! Como quem fica para sempre, como tantas vezes lhe disse que ficaria! Como só por Ele se deixou amar e nunca quisera ser de mais ninguém nem ninguém mais a quisera. Como passavam quase todas as tardes juntos mas nunca acordaram juntos uma única manhã. Como nunca lhe tinha pedido para ficar antes consigo pois sabia que nunca o faria. Sabia. Nunca.
Lembrou-se de como tinha sido miseravelmente feliz e como, sim, lhe tinha pertencido.
Como tinha desejado que não saísse... nem que fosse no último dia da sua vida.
Como Ele lhe tinha dado esta sua casa de sempre mas nunca um filho... como pudera ter sido tão cruelmente egoísta!
Lembrou-se de como ela toda a vida o soubera, em silêncio. Como todas as elas sabiam só lho dizendo com o desprezo. Como todos os eles sabiam só lho mostrando com os olhares. Tinha-se habituado.
Já se tinham ido. Quase todos. Ele também. Já nem lhe doía tanto. Só os olhares e o desprezo tinham ficado. Apenas o seu próprio olhar e o seu próprio desprezo por tudo o que fora seu sem nunca lhe ter pertencido. Pela sensação de que nunca tinha tido o que, a cada final de tarde, em dor diariamente renovada, novamente perdera. Décadas.
Com oitenta anos, olhava para trás. Só hoje, com o saco do pão na mão, viu toda a sua existência ao olhar para trás.
Já apoiada na chave da porta, vira toda a sua vida pela primeira vez naquele chão de calçada molhado.
Por cima do ombro tentou sorrir-lhe. Em vão. Ela, em breve, também a deixaria e Ele tinha-lhe mentido. Não tinha ficado nem viria à tarde e já não havia tempo onde lhes cobrar.
Viu-a numa manhã. Escura.
Só vivera uma vida. Quisera ter vivido tantas mais!
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segunda-feira, 10 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Lua-de-mel no parque infantil
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É curioso como mudam os tempos e as vontades... mas a caca cheira sempre da mesma maneira.
Em 2002, as autoridades iranianas, pressionadas e ferozmente criticadas por organizações de direitos humanos, viram-se obrigadas a aprovar uma lei que aumenta a idade para casar sem consentimento dos pais. As raparigas podem agora casar aos 13 anos e já não aos 9, e os rapazes podem fazê-lo aos 15 e não aos 14.
Contudo, o clero, para promover o casamento e assim combater a imoralidade (?!), incentiva o matrimónio e os menores de 13 e 15 anos poderão casar com o consentimento dos pais.
Isto fez-me lembrar o casamento do nosso mui estimado D. Afonso V que, numa cerimónia presidida pelo Arcebispo de Braga e na presença das principais individualidades do país e da própria Família Real, celebrou, em 1441, na igreja de Sta. Maria de Óbidos, o contrato de promessa matrimonial, com 10 anos de idade com D. Isabel, de 8 anos.
Embora com diferentes objectivos, quem é o mais imoral?
Crianças a quem roubam a infância e que terão de partilhar uma vida com o companheiro da cabra-cega ou quem casa crianças como forma de combate à imoralidade, interesses políticos ou outros?
Não percebi...
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sábado, 1 de novembro de 2008
Até ao meu regresso…
Gostaria apenas de comunicar que, nas próximas 2 semanas não posso garantir a minha presença neste espaço. Vou ausentar-me deste nosso rectângulo à beira-mar plantado e não sei se terei acesso à net e/ou tempo para aqui vir…
Sei que vão sentir sobremaneira a minha falta…
(Pax, espera mais um pouco antes de abrires a garrafa de champanhe, a Afrodite ainda não tem os copos a jeito! :P)
Até ao meu regresso,
FATifer
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Semana para esquecer…
A minha semana não começou bem, como facilmente se depreende do “Porque estou…”.
(volto a agradecer todos os carinhos que recebi!)
A boa disposição foi voltando… e hoje… fui ao chão, literalmente! :( … sim há uns tempos que não “provava” o asfalto mas hoje, molhadinho e com óleo à mistura, estava mesmo irresistível! Brinco mas não teve muita piada voltar a casa e trocar de mota… conduzir sem pedal das mudanças não dá lá muito jeito… foi assim o princípio do meu dia… orgulho de motociclista ferido (só acontece a quem anda)… mazelas?… poucas… uma dor aqui outra ali… a minha menina é que lá vai ter mais coisas a fazer na revisão – a dolorosa vai sê-lo ainda mais! :(
Será esta uma semana para esquecer? Uma coisa é certa, não vai deixar grandes saudades…
Amanhã já é sexta e depois … (depois esperem pelo meu próximo post para saberem o que me vai acontecer)
FATifer
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Porque estou...
O que fazer quando se está tão triste que nem chorar se consegue?
Este é um sentimento que não se deseja a ninguém mas que às vezes sentimos...
Pensar que só experimentando o mau se pode apreciar o bom, pode ser verdade mas não ajuda...
O que fazer?
…
Esperar que passe!
FATifer
PS – sim… já passa… senti, no entanto, necessidade de partilhar este texto que escrevi há muito… mas que podia ter escrito hoje…