terça-feira, 13 de maio de 2008

O que é um saloio?

Ainda que muitos usem o "saloio" para depreciarem alguém menos culto ou sem maneiras, o saloio é o habitante da zona norte de Lisboa, das férteis zonas agrícolas, por exemplo: Oeiras, Caneças, Loures, Sintra, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, etc.

Quando D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos árabes em 1147, eram eles quem, naturalmente, abasteciam a cidade de produtos hortícolas. Se os expulsasse dessas regiões, os cristãos em Lisboa morreriam à fome. Portanto, permitiu que aí continuassem a viver e trabalhar (esperto...) mas tinham de pagar um imposto (tipo portagem) para irem vender à cidade e que se chamava salai. Ou seja, os que pagavam o salai passaram a ser os saloios. Acabaram por se cristianizar com as sucessivas gerações e homogeneizar-se através dos casamentos, mas continuaram por muitos séculos (e continuam ainda nalgumas zonas) a estarem relacionados com o trabalho rural.

Saloio é alguém que, honradamente, tira da terra o seu sustento, ainda que não frequente salões de baile nem faça fotos para a Caras.

Saloio é quem ía a pé ou de burrico para a escola mais próxima nos intervalos da lavoura e desde que se conhece por gente, trabalha ao sol ou à chuva e, portanto, sabe melhor que ninguém, o que custa a vida.

10 comentários:

  1. Ora muito obrigado pela explicacao. Nao sabia que saloio derivava de salai. Já agora, eles pagavam como? É o dinheiro nao é muito e essas zonas nao sao ricas em sal.

    Pelo menos posso dizer que hoje aprendi qualquer coisa :P

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  2. Andas muito esquecido!
    A ti devem-te pagar em queijos!
    :)
    Reaprendes-te, que eu já te tinha contado esta história.

    Não sei como pagavam, mas deveria ser em couves e batatas!
    Devia ser assim:
    -Ou nos deixam entrar ou levam com a abóbora na testa!

    Também já aprendi alguma coisa contigo (o que ainda não decidi se é necessáriamente bom)
    ;)
    Beijos.

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  3. Epa e eu que pensava que saloios eram aqueles homens e mulheres vermelhitos na zona do nariz...e que utilizam bandeiras de Portugal nos carros a decorar várias zonas do mesmo...ou que têm aquele cãozinho que abana a cabeça, na parte de trás do carro...ou que usam a unhaca do dedo mindinho para sacar a cerazita...ou que arrotam e peidam-se à grande...etc e tal...

    Estava enganada então...bem, chamar-lhes-ei então, PIROSOS :).

    Abreijinhos e obrigado pela explicação

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  4. Afrodite,

    Nããã menina, estavas mesmo muito enganada!
    :)
    Os que não sabem fazer contas, dizem coisas tipo "porreiro pá", apresentam cursos antes de os terem, etc; apesar do nariz vermelho, dos cãezinhos a abanarem a cauda atrás e de se peidarem à vontade, não fazem a minima ideia do que custa a vida, só usam a bandeira espetada na frente do carro e tem acessores de imagem que os lembram de cortar as unhas!
    :)
    Beijos para ti!

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  5. Cara companheira de blog (pax),

    (tinha uma prof. que não havia aula em que não dissesse que “a conversa é como as cerejas” e este post nasceu desse, facto não foi?)

    Obrigado pela lição de História mas como da própria lição que dás podes retirar as raízes do porquê do “saloio” ser usado de forma depreciativa… é a tal questão do uso que damos à nossa língua, muitas explicações haverá para muitas palavras que ganharam as acepções que têm - um caso que penso ser paradigmático é o das palavras “puto” e “puta”…

    Beijinhos,
    FATifer

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  6. FATifer,

    Pois é, já é o segundo que escrevo por causa de uma conversa contigo!
    :)
    Também acho que a conversa é como as cerejas. Principalmente para quem, como eu, gosta de conversar.

    Para muitas pessoas, quem tem valor é quem aparece nas reuniões do jet set.
    Como, para mim, o valor de cada um não está no botox mas em muitas outras coisas bem mais importantes, não acho que "saloio" deva ser usado depreciativamente em relação a alguém.
    É uma discussão que daria "pano para mangas".

    Em relação aos cachopos, lá terá de ser o "puto" e a "menina da mesma idade".

    Beijos.

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  7. Pax:

    Por acaso adoro queijos, podem faltar todos os tipos de alimentos em casa, mas há sempre uma meia duzia de queijos diferentes :P

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  8. Crest,

    Estamos na mesma.
    Rijos, moles, mal-cheirosos, esburacados, bolorentos...
    Uma das minhas sobremesas preferidas é requejão com doce de abóbora. Pouco queijo e muiiiito doce!
    :)

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  9. Pax...agora estou aqui que nem posso com a saliva na boca...quero requeijão e doce de abóbora...uiii caaaaa bommmmm! Partilho do vosso gosto de queijinhos, há alguns que o cheiro é impossível mas nem isso me demove de os comer.Há tanta coisa que também não cheira bem por ai além e que também não desistimos eheheheheh. ;)

    Abreijinhos

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  10. É mesmo!
    E o queijo ainda tem a vantagem de se poder trincar e levar para casa!
    E provar um diferente todos os dias sem ter de repetir nenhum durante um ano inteiririnho!
    (O que nem sempre acontece com outras coisas).
    ;)

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