terça-feira, 10 de junho de 2008

Diálogo surreal num país que para lá caminha

Sexta-feira passada, na recepção de uma clínica médica:

- Bom dia. Queria marcar este electrocardiograma...
- Segunda-feira às 11h50. Pode ser? (Sem "bom dia" e com ar de poucos amigos, enquanto escrevia o meu nome na agenda).
- Sim. Dê-me o número de telefone daqui, por favor, para avisar caso não possa vir.

Ontem, 11h50, mesmo local, outra recepcionista.

- Bom dia. Tenho marcação para este exame.
- Ah, pois, mas o senhor doutor já saiu. Saiu às 11h30.
- Saiu? Mas tenho-o marcado para esta hora...
- Pois, mas ele teve este intervalo sem marcações e só por uma pessoa não esteve para estar à espera. (Exactamente com estas palavras e com o mesmo ar de poucos amigos da outra).
Quer marcar para a próxima semana?
- ??????????


Agora pergunto eu:

Quem não é suficientemente profissional para esperar 20 minutos e atender uma marcação que eles próprios fizeram, terá competência e profissionalismo para me fazer um electrocardiograma?!
... ?...
Ainda bem que não esperou!

Fui à clínica do piso de baixo e fiz lá nova marcação.

Sei que há muitos profissionais, seja em que ramo for, que sabem o que significa honrar um compromisso.
Sei que há profissionais que sabem fazer um atendimento com um mínimo de educação e eficiência.
Considero que, nestas classes e neste tipo de serviços, a obrigação deveria ser ainda maior.

Portanto, sou eu que já não estou a ver bem as coisas ou estas situações não deveriam acontecer?

13 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Cara Pax,

    Primeiro espero que o electrocardiograma seja apenas rotina…

    Depois dizer que este país esta cada vez mais real… cada vez se assiste a que cumprir é só para alguns (é só ver as recentes manifestações).

    Da minha experiencia, é raro encontrar uma recepcionista como um sorriso, penso mesmo que deve ver requisito na entrevista de trabalho saber fazer cara fechada e ser mal educada… e os srs drs, normalmente quando é para nos fazer esperar está tudo bem mas ao contrário…

    Gostava de poder dizer que acho incrível o teu relato. Que acho impressionante como coisas dessas acontecem mas não acho, infelizmente também vivo neste país e a minha sorte, até agora, é não ter tido que ir ao médico muitas vezes…

    Não estás a ver mal (e ainda bem, senão tinhas de ir ao oftalmologista que também são poucos e caros!) o que relatas não devia acontecer mas é um facto que acontece. É triste… mais triste é sabermos que vai continuara acontecer porque até há falta de médicos, pelo que eles não têm de fazer qualquer esforço, se tu não queres outro quererá ou precisará … mas está um lindo dia de sol, a selecção ganhou à Turquia, o resto são pormenores!

    FATifer

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  3. FATifer,

    É apenas rotina, sim :)
    (Incluida na geral que pedi ao médico :)

    Quando a recepcionista me disse que o médico tinha saído eu até pensei que tinha era ouvido mal!

    Quando me faltam 20 minutos para um compromisso, no máximo vou tomar um café, não embora!

    Felizmente também se passam anos sem que tenha de lidar com médicos... porque, se isto é uma amostra, parece-me bem que cada vez estamos pior servidos.

    Ainda comentei com a recepcionista que me tinha lá deslocado propositadamente.
    Ainda me lembrei que, se fosse algum idoso que tivesse ido de longe, lhe teriam feito o mesmo.
    É incrivel a total falta de respeito por uma marcação. Ainda por cima quando implica a saúde.

    Acredito que este tipo de mentalidade seja uma das razões porque este país nada tem evoluido. Enquanto não houver responsabilização por este tipo de atitudes, não poderemos esperar igualar-nos aos ditos "civilizados".
    Temos mesmo muito que mudar se quisermos ir a algum lado.

    :) ... e amanhã ganhará de novo!

    Beijo.

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  4. Não acredito, mas é assim para tudo e em todo o lado! E depois existem os pobres que são mal pagos e passam a vida nas enfermarias a contactar os "doutores"... Filhos da puta!

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  5. Yargogirl,

    A mim também custou a acreditar, acho que ainda estou a "mastigar" a questão.

    Tens razão, infelizmente é assim em todo o lado.
    Esta mentalidade de tudo poder e da falta de responsabilização nunca nos deixará evoluir.

    Mostramos (ainda que mal representados) o espelho da sociedade em que vivemos.

    Beijos :)

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  6. Pax, é de louvar a tua calma perante esta situação. Eu teria pedido o livro de reclamações e dado uma "descasca" na recepcionista, eheheh...

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  7. Olá Sandra,

    A ideia do livro de reclamações passou-me pela ideia, sim.
    O problema é que fazer uma reclamação no livro acaba por nos trazer mais chatices, trabalho, despesa e tempo perdido do que aquilo que eu posso ou quero.
    (Mais tarde temos de nos deslocar para esclarecer, uma vez mais e noutra sede).
    Foi mais uma questão de comodismo que de calma e contra mim falo.
    Admito que o deveria fazer, apesar do incomodo que me fosse causar.

    Bem vinda:)

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  8. Bolas, por momentos ainda pensei que fosses aceitar nova marcaçao...:S Pois olha, ainda ontem fui fazer um rx, atendida por uma recepcionista que ficou muito desagrada por lhe ter interrompido a leitura de uma revista de decoraçao. A sorte dela e' que fui logo atendida pelo medico!

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  9. Bonito, sabes o que é? É dizeres que és enfermeira... IHHH, tratam-te logo diferente! Havias de ver!!!

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  10. Foi bom,

    Ali tive opção de escolha. Há outra clínica no mesmo edificio, mas se não conhecesse outra alternativa (como, por vezes acontece), lá teria de me sujeitar às vontades deles.

    Pois é, ler uma revista em lugar de fazer o seu serviço, deve ser bem mais agradável :)
    Pena é que há quem goste de trabalhar e esteja desempregado...

    Beijos.

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  11. Yargogirl,

    :)E quando tiver um desentendimento digo que sou advogada ou pugilista, eheheh.
    Na próxima vez tento isso ;)

    Beijos.

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  12. Olha dia 19 lá vou eu fazer isso também e uma prova de esforço em tapete. Marquei na clinica do coração, parece-me boazita. A ver vamos...eu, agora ando munida de caneta, em caso de mau tratamento tau - LIVRO AMARELO :).

    Antes de ontem lá levei a avózinha mais uma vez ao hospital, estava sem comer há alguns dias porque tudo o que põe à boca vai-se por cima e por baixo. Achei que a deviam internar para a tratarem que infelizmente não sou profissional da saúde ou trataria eu dos meus doentes. Pois lá cheguei, levou com a pulseira amarela e esperamos, esperamos e desesperamos...mais ela do que eu. Pensou que estava fechada num elevador (delirou), gritava, gemia...e eu fui ter com o Xôr Doutor que por acaso é africano e que não entendi um cú do que disse. Pedi-lhe que a tratasse porque a vemos a morrer cada dia que passa e sem sabermos que mais fazer, tentamos que coma aquilo que mais gosta mas não aguenta nada, bem tenta mas não consegue. Pois falei-lhe de soro ou coisa assim, já que apresentava sinais de desidratação (antes tinha ligado para a saúde 24)...pois o senhor perguntou-me com uma grande lata "quer que dê soro à sua avó?"...fiquei de boca aberta e respondi "eu não sou médica, o senhor deve saber melhor do que eu se ela precisa ou não"...ao que ele respondeu "mas quer que lhe dê soro?". Respondi SIM...pensei, mal não deve fazer e não vou passar aqui a noite a tentar entender quem é o médico...
    Lá a enfermeira administrou o soro e a minha avózita a querer ir embora, a desesperar. O soro acabou e após nova visita do doutor, entendi que lhe deu alta, a enfermeira poderia tirar agulhas e afins e a avózita regressar a casa. Pedi à enfermeira que lhe tirasse as coisitas do braço para a levar para casa. Pois foi comer, pois andou na brincadeira com o segurança, pois olhava para mim e ria...pois por pouco a mandei para o caralho e lhe dei um selo na tromba. A paciência tem limites...aquele parecia o hospital do horror :(. Quando lhe apeteceu, já tinha a velhota sangue no tubinho do soro...lá resolveu tirar aquilo tudo com cara de enfado. PQP a gaja...se fosse a avó dela gostava de saber se actuaria assim.
    Felizmente hoje a avózita foi bem tratada quando fez a endoscopia...diagnosticaram-lhe mais coisas ainda...não basta o cancro :(.
    Esta Senhora, não tem sossego mesmo, para além das dores ainda se sujeita a tratamentos menos próprios. Garanto que qualquer dia faço asneira, o cansaço e tristeza da situação já me tolda os olhos e o juizo.

    Pax só para dizer que te compreendo a 100%...a ASAE devia fechar algumas enfermeiras e médicos do nosso país...ah e tal não são minimamente humanos...saco preto com eles.

    Abreijinhos e espero que a tua bombinha esteja boa :)

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  13. Afrodite,

    Tenho andado com a tensão muito baixa e com as consequências desagradáveis que daí resultam... por isso me mandaram fazer o electo, mas em repouso (ainda bem, que cansada ando eu!) lol.

    Lamento muito pelo estado da tua avó :(

    Sei como é nos hospitais.
    Já tive por várias vezes (infelizmente) essas visões surreais.
    Há histórias que só vistas, contadas parecem ficção.
    Custa muito, principalmente quando é alguém querido que está em sofrimento.
    Acho que o curso de medicina deveria valorizar mais a parte humana.
    Concordo que sejam necessárias médias elevadas para o curso, mas deveria haver cuidado também com vocações. Génios insensiveis: Fora com eles! Ou para trabalharem em investigação, não para lidarem com um sofrimento que nada lhes diz ou afecta.

    Para ajudares a tua avó também tens de ter calma e paciência...

    Beijos e desejo de melhoras.

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