segunda-feira, 8 de março de 2010

Mais um que conto - parte 5

- Sim Joana lembro-me desse dia como se fosse hoje… tantos anos depois o pôr do sol continua lindo...
- Pois continua…
-… a que horas é o jantar surpresa?
- Qual jantar surpresa?
- Aquele tu e o resto da família andam a organizar e pensam que eu não sei.
- Miguel, tu faz de conta que não sabes, não desapontes os nossos netos…
- O nossos netos já devia saber o avô que têm…
- …raio do homem não lhe escapa nada!


Miguel sorriu, o tempo podia ter passado mas havia coisas que não mudavam e uma era aquela expressão que continuava a adorar provocar na cara Joana.
O sol mergulhara nas águas uma vez mais… arrancaram de volta a casa.
Ao entrar Miguel fingiu surpresa ao ver filhos, netos e alguns amigos todos juntos a recebê-lo.

- O meu coração já não tem idade para estas coisas!
- Meu pai não diga isso…
- Pedro meu filho, só porque és cardiologista não penses que sabes mais que o teu pai sobre este meu coração.
- Pois pode não saber mais que o pai do seu coração mas sabe muito bem ver quando o pai está a fingir.
- Mas que é isto? Desde quando os meus filhos me tratam por você, para começar? E quem é que está a fingir?
- Desculpa paizinho estava a brincar com o tom que usaste com Pedro… mas não negues que já sabias!
- Eu sei Isabel, minha filha… eu tentei mas não fui convincente não foi?
- Não avô, não foste mas quando é que soubeste?
- Um detective nunca explica os seus truques meu neto!
- Não será um mágico?
- Olha a minha neta armada em esperta!
- Tenho a quem sair não é avó?
- Engraçadinha… só te perdoo porque me fazes mesmo lembrar tua avó.
- Sim, não foi só a mãe que saiu linda, não é meu marido?
- Pois não minha excelentíssima esposa.


Miguel cumprimentou os amigos com um sorriso nos lábios, cada um acabava por simbolizar algo que tinha feito na vida, além de conquistar o amigo em si. Uns eram colegas de profissão que respeitava e admirava, outros companheiros dos vários hobbies que alimentava e outros companheiros dos vários hobbies que alimentava e outros ainda, pessoas que conhecera por caprichos da vida que soubera tirar proveito, tendo sempre em mente a frase da canção: “…é que hoje fiz um amigo e coisa mais preciosa no mundo não há!”.

A um canto da sala uma enorme mesa de buffet brilhava com todo o tipo de manjares dos mais simples aos mais elaborados. Ao lado uma mesa com bebidas para todos os gostos. Os netos sabiam que o avô gostava assim e tinham-se esmerado.

As pessoas iam petiscando e conversando em pequenos grupos. Ter a casa cheia de vida era algo que agradava a Miguel. Ao ver a família toda junta ficava com um brilho no olhar que, não sendo o que tinha quando olhava para Joana, era igualmente especial.

A noite corria bem, todos se divertiam… a dada altura Joana olha em volta e não vê Miguel. Vai até à porta do terraço e lá está ele com o seu copo de wiskey na mão, sentado na espreguiçadeira contemplando a lua cheia. Joana aproxima-se e senta-se na espreguiçadeira a seu lado, ele olha-a e tocam sorrisos. Miguel passa a mão pelos cabelos de Joana agora brancos como o luar e ela afaga-lhe a barba também grisalha.



- Voltando aquele dia, não posso deixar de perguntar se já encontraste resposta para a pergunta certa?
- …ainda não totalmente… por mais que já tenha sido e continue a ser muita coisa: teu marido, pai dos nossos filhos, avô dos nossos netos, etc… continuo a querer ser mais coisas, continuo a querer tudo o que esta vida me possa oferecer ainda!



Fim

FATifer

9 comentários:

  1. Reafirmo que esta será talvez a história menos bem conseguida das que já publiquei aqui mas aquele início que já tinha escrito há meses pedia para que escrevesse e tentei… espero que pelo menos não tenham dado como desperdiçado o tempo que gastaram a ler…

    FATifer

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  2. Ehhehhe pah que raio de comentário é esse? Apanhas pah!

    Sabes...resolvi este ano que passou fazer uma festa surpresa ao meu pai e ele...desconfiou :) mas nunca pensou que fosse uma coisa tãoooo bem organizada. A filhota trabalha bem. Abriu a porta da quinta de uma amiga minha e eis que lhe aparecem amigos de longe e de há anos...quase chorou. Depois fiz-lhe uma homenagem com um filme, cheio de fotos desde pequenino e dizeres até à parte em que lhe agradeci tudo o que tem feito por mim. Depois levei lá os meninos que ele ensina a tocar, para lhe cantarem os parabéns. No fim dancei para ele com o meu grupo arabesco ehehehhe. FOi lindo...tirando o irmão dele que movido por uma força estupida qualquer tentou lixar a festa...mas o balanço final foi muito positivo, acabou a chorar ehehhehe...o durão! E sabes...senti-me tãoooo bem :)!

    Abreijinhos...tinha de partilhar a experiência :)

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  3. Pois eu adorei o fim da história. É muito idealista, mas ao mesmo tempo dá esperança pensar que se pode chegar a velho com um amor assim:)

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  4. Cara deusa Afrodite,

    Sabes que sou sempre o meu maior crítico… e tu que leste os outros concordarás que já escrevi coisas melhores por aqui. Agora se não achasse digno de figurar neste nosso espaço, claro que não publicava!

    Não duvido que te tenha sabido bem fazer o teu pai feliz, não há nada melhor que agradar àqueles de quem mais gostamos. Obrigado por partilhares :)

    Abreijinho meu,
    FATifer

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  5. Brandie,

    “Idealista” será a palavra certa, na verdade… adoro alimentar este tipo de esperança (diria memo ilusão) que o “amor perfeito” existe! Cada um acredita no que quer acreditar…

    Ainda bem que gostaste :)

    Beijinho,
    FATifer

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  6. Também gostei muito!
    Eu também acredito no Amor eterno, na relação perfeita... (se agora escrevesse que acredito mas nunca vi nenhuma parecia mal, não era? Então não escrevo, lol).
    É um final feliz e gosto de finais felizes, como são as vidas dos que aqui retrataste.
    Gostei especialmente da falta de rendição perante a aproximação do final da vida. Há sempre, mas mesmo sempre algo mais para fazer! Gosto desse espírito!

    Obrigada e beijos :)

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  7. Cara deusa Pax,

    Sei que partilhamos algumas “crenças”... acreditar é mesmo isso, alimentar a ilusão mesmo (ou especialmente) sem provas. ;)

    Tal como tu prefiro finais felizes… sabia que este te agradaria. A postura perante a vida que retratei é a que espero conseguir manter, estar cá até ao último fôlego…

    Beijinhos,
    FATifer

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  8. Eheheh vocês andam lamechas andam andam...temos de sair para eu vos acordar para a vida outra vez...quais finais felizes? Quais contos de fadas??? Aiiii...o que existe é isto, pessoas más que querem fazer mal a outras tantas...e os crentes ou se juntam aos maus, ou continuam a sonhar ou então deixam de crer e videm o melhor que podem e sabem. Mas não há contos de fadas nem finais felizes...nunca vi um verdadeiro final feliz...há sempre um mas!

    Abreijinhos e desculpem lá os meus dois companheiros de blogue mas....é a pura verdade ;)...ahh ainda não me juntei aos maus mas já não sou uma crente ;)!

    Bom Fim de Semaninha

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  9. Caríssima deusa Afrodite,

    O seu comentário nem parece digno do seu nick! (esta tinha de ser :P)

    “temos de sair para eu vos acordar para a vida outra vez...”

    Da última vez que algo foi combinado foi a excelentíssima deusa que nos trocou pelo dentista! :P

    Claro que só tenho coragem de mandar estas bocas porque ainda não te juntaste aos “maus”, com o teu passado desportivo, não me atreveria se assim não fosse! :)

    Reafirmo o que disse à deusa Pax: ” acreditar é mesmo isso, alimentar a ilusão mesmo (ou especialmente) sem provas. ;)”. Assim desde que queiramos nunca nos farás “acordar para a vida”. Claro que no meu caso (e no da deusa Pax também segundo julgo, basta ver o parêntesis que ela escreveu), uma coisa é gostarmos de acreditar em finais felizes outra é agirmos como se eles fossem uma realidade.

    Os “maus” são necessários nem que seja para que possamos julgar-nos “bons “ por comparação. :P

    Abreijo meu,
    FATifer

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