quinta-feira, 10 de julho de 2008

Gaja

O que é uma "gaja"?

Isto é uma daquelas coisas que também me custa a compreender. Porque é que, actualmente, tantas mulheres se referem a si próprias como sendo "gajas"?

Quando comecei a falar português (por volta de um ano de idade) e durante toda a época de formação (que, felizmente, ainda não acabou), sempre fui cimentando a ideia de que a palavra "gaja" seria depreciativa. Ouvia coisas do tipo: "Aquela gaja que anda metida com o Manel da mercearia", "Esta gaja é uma aldrabona" ou "A gaja que a corporação de bombeiros engatou". Ou seja, ser "gaja" não era bom.

Actualmente, o que vejo são frases deste tipo "Eu sou uma gaja fixe", "Sou uma gaja honesta" ou " Sou uma gaja que sabe o que quer".

Em que é que ficamos afinal?

O conceito de "gaja" mudou ou o que mudou foi o conceito do bom/mau e, afinal, é bom ser mau? É que também oiço coisas no género "Ele não me telefonou ontem mas eu furei-lhe dois pneus e passei a chave de fendas pelas portas do carro! Eu sou uma gaja justa e com quem não se brinca!" ou "Eu já dormi com metade do bairro: sou a melhor gaja com quem tu já andaste!"
...
Onde é que a palavra "gaja" passou a ser elogiosa para uma mulher?
Desde quando é que "Eu sou uma gaja muita maluka" é dito como quem realizou um grande feito?
?
Não quero criticar quem o faz.
Em muitos casos deve ter-se tornado num habito e é uma palavra tão vulgar como qualquer outra mas, a mim, ainda não me conseguiram convencer.
-
Recuso-me a chamar "gaja" a quem não quero depreciar e, a menos que a ideia seja depreciar-me... gaja, não!

36 comentários:

  1. Pax , concordo contigo "Irmã" :D
    Nunca seremos gajas , vamos deixar as gajas serem gajas , e as mulheres serem Mulheres !
    E se as Gajas orgulha-se de serem gajas , pois bem , hehe.
    Orgulho-me de ser uma mulher que não é gaja, e louvo quem ama ser mulher e não precisa de ser gaja para marcar a diferença.
    O que leva a uma interessante questão , n estaram essas mulheres as Gajas , a quererem ser iguais aos homens ou Gajos ? Porque há Homens e também há os gajos...

    Bjos

    ResponderEliminar
  2. Ufa! Ainda bem que não sou a única! Já me estava a sentir uma ave rara! Lol.

    Com os homens é identico mas não me soa tão mal. Também não me refiro a um homem como "gajo" (a menos que queira compara-lo a algum arruaceiro :), ainda assim, parece-me menos ofensivo que utilizado numa mulher.

    "n estaram essas mulheres as Gajas , a quererem ser iguais aos homens ou Gajos?"

    Duvido. Gajas ou não, continuam a gostar da diferença ;), mas que dá um ar mais masculino... pensando bem, até que dá!
    (Ehehe, estou curiosa para ver o que é que os homens acharão disso).
    :)
    Beijos.

    ResponderEliminar
  3. Cara companheira (não gaja),

    Quando noutro dia, num comentário, disseste que não gostavas da palavra “gaja” palpitou-me que, mais cedo ou mais tarde, haverias de fazer o que fizeste – escrever sobre o assunto.

    Bem, como também disse na altura, não gosto do termo e, tal como tu, uso normalmente os termos “gaja” e “gajo” num sentido, senão pejorativo, perto disso. Nunca chamo “gaja” ou “gajo” a uma amiga ou a um amigo, a não ser na brincadeira!
    Concordo no entanto que em termos de conceito social o “gajo” acaba por ser menos depreciativo que o “gaja”, é verdade… não será como no caso do “puta” e “puto” mas esse é, para mim, o extremo de como duas palavras que deveriam ser similares adquirem conotações tão diferentes (um dia ainda me dedico a investigar as causas desta diferença).

    Ave rara tu? Felizmente não mas é verdade que parece haver por aí cada vez mais gajas e, o que me espanta (em parte), orgulham-se disso… acho que a “naturezas” tem razão, aquelas que se assumem como gajas estarão a explorar a tal questão da vontade de igualdade com os homens mas, infelizmente, em campos que, por mais que ninguém lhes negue esse “direito”, se calhar não deviam pois estão a querer ser “iguais” aos gajos!

    “O conceito de "gaja" mudou ou o que mudou foi o conceito do bom/mau e, afinal, é bom ser mau?”

    Aqui resumiste muito bem ou, como diriam outros, esta sim é a questão essencial! Tentando responder-te acho que acontece um pouco das duas coisas. Haverá aquelas “joves” para quem o conceito de “gaja” não é exactamente o nosso, daí permitirem-se dizer frases como as que exemplificaste delas próprias (ou isso ou têm mesmo muito má opinião de si mesmas!). Por outro lado a questão do ser “cool” ser mau é algo que já vem de longe. O materializar desse “espírito de rebeldia”, por assim dizer, é variável com as épocas, as modas, etc. … será que, nesta altura no tempo, querem fazer passar a ideia que uma mulher ao se auto apelidar de “gaja” está a demonstrar a sua emancipação? Ou será que há por aí muita gente com muitas confusões dentro da cabecinha? …
    Alguns dirão que estou a parecer um velhote conservador mas a esses, respondo que tentem usar os rótulos que quiserem pois, as ideias são minhas os rótulos são de quem se achar no direito de os aplicar…

    Bem já chega para dar a minha opinião sobre este assunto…

    Beijinhos,
    FATifer

    ResponderEliminar
  4. FATifer, há mesmo muitas conversas nossas que me dão ideias para escrever aqui :)

    Também me parece que há cada vez mais mulheres que se orgulham de coisas que, não há muito tempo, não seriam motivo para orgulho.
    Por um lado até acho bem, é sinal que tabus e barreiras estão a ser derrubadas mas, por outro lado, parece-me que nem sempre têm noção do que é emancipação ou igualdade de direitos. É que existe uma linha muito ténue de equilibrio entre liberdade e libertinagem, entre igualdade e ultrapassagem...
    enfim, talvez eu esteja a exagerar e a palavra "gaja" nem seja um indicador destas situações mas, que não acho uma palavra simpática, isso não acho mesmo.
    Talvez eu ainda seja (também) um pouco conservadora em certas coisas... mas, se for, gosto de ser assim :)

    Beijos.

    ResponderEliminar
  5. Ora aí está uma questão que põe um gajo a pensar... rs...

    Beijinho, PAX, queria pedir-te desculpa por não te visitar mais vezes. Mas quando se trabalha 12 a 16 horas por dia não é fácil... Com pena minha, que gosto do teu sentido de humor

    ResponderEliminar
  6. Jorge,

    Será que um gajo acha graça a que uma mulher se auto intitule "gaja"? E faz diferença se for apenas uma conhecida ou a namorada ou mulher?

    Não tens de pedir desculpa, acontece-me o mesmo: nem todos os dias consigo vir aqui.
    (Pois eu gosto muiiiito do teu sentido de humor :)

    Beijos.

    ResponderEliminar
  7. Por acaso até gostava de ter respostas masculinas a esta pergunta também:

    - Será que um homem acha graça a que uma mulher se auto intitule "gaja" ou é absolutamente indiferente? E faz diferença se for apenas uma conhecida ou a namorada ou mulher?

    :)

    ResponderEliminar
  8. Pax,

    Na linha do que já disse, não ficarei com muito boa impressão de alguém que se auto intitule “gaja”. Como também disse, por brincadeira tudo bem mas esporadicamente … assim podes perceber que se for uma conhecida e isso esteja dentro do perfil… não vou aqui dizer que não conheço gajas, eu conheço tanta gente! (pessoas é que conheço poucas mas isso é outra conversa, ou será que é?)… mas como dizia conhecidas que se intitulem “gaja” é como o outro, tolero, agora namorada ou mulher? O amor é cego mas eu uso óculos!! ;)

    Beijinho,
    FATifer

    ResponderEliminar
  9. A tua opinião é bem capaz de estar de acordo com a maioria (pelo menos é a impressão que tenho). Por muito liberal que um homem seja, da namorada ou mulher espera sempre um tipo de atitude (ou linguagem) que não o choca noutras, não é?

    "agora namorada ou mulher? O amor é cego mas eu uso óculos!!"

    Lol, está boa. Resta saber se consegues graduação suficiente para casos de amor graaaaandes ;)

    ResponderEliminar
  10. Hum…
    “Por muito liberal que um homem seja, da namorada ou mulher espera sempre um tipo de atitude (ou linguagem) que não o choca noutras, não é?”

    Falando em termos gerais vejo-me obrigado a concordar (a maioria dos gajos é assim :P) mas digo-te que se leres o que disse (para este caso particular mas aplica-se a outros) eu disse que tolerava não quer dizer que concorde… muito menos que goste! (sim eu sou muito esquisito, é verdade)

    Quanto à insinuação que fazes sobre casos de amor, no dia que te contar aquela história que te prometi um dia destes, verás que sei bem do que falas e que sei que tens razão! Mas fica bem parecer que sou muito racional ;)

    Beijinho,
    FATifer

    ResponderEliminar
  11. FATifer,

    Não acho nada que sejas "esquisito".
    Pode-se tolerar e respeitar a individualidade de cada um e, no entanto, não concordar, não gostar ou não fazer igual.
    Pode-se e deve-se.
    Faz parte do respeito que temos pelos outros.

    Eu nunca conheci ninguém que conseguisse ser muito racional quando toca a assuntos do coração... ainda que o queiram parecer...
    Tu não serias, certamente, o primeiro.
    Há quem consiga um pouco melhor por a lógica e a razão a comandar mas há sempre momentos de distração.
    (Fico à espera que contes:)

    Beijos.

    ResponderEliminar
  12. Pessoalmente creio que é uma evolução da palavra, dentro de um grupo restrito de pessoas.

    Aconteceu o mesmo, por exemplo, com a palavra "nigger" nos EUA que de ofensiva passou a poder ser usada como "cumprimento", mas apenas num determinado grupo de pessoas. Era aceite um preto chamar "nigger" a outro, mas um branco não o poderia fazer.

    Mais tarde esta palavra tornou-se de uma cada vez mais comum até ao ponto de ser banal a sua utilização.

    A palavra "gaja" deverá (penso) seguir o mesmo caminho.

    Se tentares fazer o paralelismo outras palavras verás que se passou o mesmo ou parecido.

    ResponderEliminar
  13. Requiem,

    Olá:)
    É possivel que isso venha mesmo a acontecer. Ainda tem uma conotação algo negativa mas talvez se torne vulgar com o uso...
    Talvez até quem se refere a si própria como "gaja" não goste que outra se refira assim a si...
    Já me tentei colocar, em relação a esta palavra, em vários contextos e... nããã, ainda não gosto.

    Bom fim de semana:)

    ResponderEliminar
  14. Eu, como faço parto do povo, prefiro a palavra cona. Para além de uma fonética mais agradável, até mais masculina, permite uma melhor identificação da relação dialéctica entre significado e significante. E só mesmo a cona para tornar a semiótica interessante.

    E, acrescentado um pouco ao que já foi dito, não é correcto afirmar que a palavra "nigger" é hoje aceite na língua inglesa. Convém relembrar as palavras do senhor Chomsky: Removing the word "fag" from the english language is not going to atone for the atrocities carried out against the "gay" population in the past. Did making the word "nigger" a horrible thing to say atone for the atrocities carried out against the African tribes ripped away from their families?

    Graças a Deus, "cona" não ajuda a apagar a memória - pelo contrário.

    Para o caro Fatifer, a explicação é simples: Puta, deriva do Latim, e significa literalmente Poda (Puta, era também uma deusa romana, mas de fraca importância, não constando na maioria dos dicionários mitológicos). Passou a usar-se como insulto devido ao rito de prostituição verificado em algumas bacanais, celebradas em honra ao deus do Vinho.

    ResponderEliminar
  15. Pedro,

    Também faço parte do povo mas devo ser de outra tribo, porque não vi onde estava, exactamente, a palavra "cona" relacionada com "gaja" nem contextos onde uma possa substituir a outra... mas isso sou eu.

    Claro que remover ou promover palavras não implica apagar o que, no passado, foi feito em nome delas. Nem me pareceu que isso aqui estivesse em causa. O que foi mensionado é que as palavras vão modificando o seu sentido e poderão deixar de ser ofensivas ou depreciativas com o passar do tempo ou com a repetição do termo.

    Obrigado pela explicação sobre "puta". Eu também não sabia. O que o FATifer gostaria, certamente, de saber (e eu também) é o motivo porque no feminino é ofensivo e no masculino designa apenas uma criança.
    Poderás ajudar nisto?

    :)

    ResponderEliminar
  16. Pedro,

    Como já sabia que o faria, a Pax já sublinhou o que mais me confundiu no teu comentário (já agora, bem-vindo a este nosso espaço), não vejo como podes considerar “gaja” e “cona” sinónimos mas cada um tem os seus conceitos. Acredito é que não sejas muito bem interpretado em certas conversas em que usas “cona” no sentido de "gaja", a menos que só fales com quem já te conhece…

    Não tenho que “defender” o Requiem mas acho que devias ler melhor o que ele escreveu…

    Quanto ao “puta” a Pax já disse tudo. Agradeço-te também a lição etimológica mas a minha questão é mais (como disse a Pax) o porquê da diferença entre o masculino e o feminino…
    Se quiseres ajudar será bem vinda a tua contribuição senão, como eu disse, um dia investigarei…

    Cumprimentos,
    FATifer

    ResponderEliminar
  17. Eh cambada. Calma lá. Então ó rapaziada, as palavras existem por si? Aí nessa vossa discussão li de relance, se um homem acharia a uma mulher que se acha "gaja". Logicamente, se for um grelo de qualidade, ela pode achar-se o que quiser. Eu cá não as designo por "gaja", preferindo a outra palavra. Depois, o que eu citei sobre a palavra nigger não era para mais nada que não fosse relembrar que as palavras têm um certo contexto histórico, uma origem e essas coisas. É como dizer "ship him"- uma expressão também associada à escravatura. Bom, e a palavra puto, segundo me lembro. era usada para os "socialmente pequenos" que eram presos e julgados.

    ResponderEliminar
  18. Esqueci-me dos beijinhos e dos abraços. Boa tarde

    ResponderEliminar
  19. Pedro,

    As palavras, existam ou não por si, não deixam de ter peso seja em que contexto for. Ainda que, aqui, só pesem no prato até ao momento que as queiramos deixar na balança...
    Se lesses melhor do que "de relance" verias que não costumamos usar palavras do tipo "cambada". Deve ser uma das tais que com o tempo representarão o tal exemplo das que deixam de ser depreciativas. Por enquanto acho que ainda não deixou.

    Se o teu conceito se define ou baseia de acordo com "grelo de qualidade" ou não... já não é assunto que (felizmente) me diga respeito. É uma opinião. Definirá o modo de pensar de alguém (teu) e, portanto, vou dar-lhe o peso relativo do respeito que para mim terá.

    Em relação à palavra "puto" e "puta", acho que ainda não compreendeste...
    O que se pretende não é saber as suas definições ou origens (embora possam ajudar) mas sim o "porquê do masculino ter um sentido tão diferente do feminino?"
    Achas que, agora, consegues dar uma resposta a esta pergunta directa ou ainda não?

    Boa tarde para ti também.

    ResponderEliminar
  20. Sorry Pax, não quís ofender... desculpa (em). Peço desculpa por não ter sido claro. Ora, as moças que se prostituíam não eram as filhas dos generais: eram mulheres de uma classe baixa, tal como quem era preso, em 99% dos casos, eram os pobres. O termo puta passou a ser ofensivo a partir do momento em que o Cristianismo passou a ser religião de Roma e os cultos pagãos foram interditados. Fazer o sacrifício do corpo, naqueles moldes, passou a ser pecado: daí puta ser um termo ofensivo e puto não, porque, se antes designava um extracto baixo da sociedade ainda o hoje o faz (tendo a idade como critério). Mais uma vez, peço desculpa - não sabia que estavam a falar a "sério". Não volta a acontecer.

    ResponderEliminar
  21. Pedro,

    Gostei da explicação. Nunca me tinha lembrado que essa diferença poderia, realmente, ter essa origem e é uma teoria que faz sentido, sim.
    (Embora a prostituição em Roma fosse encarada e praticada de um modo completamente diferente da actualidade mas, lá está, o cristianismo ainda não tinha enraizado os seus mandamentos).

    Pedro, quando não sabemos com que intenção escreve quem está do outro lado... também nem sempre interpretamos de acordo com ela.
    :)
    Benvindo e obrigado pela explicação. Certamente o FATifer também ta comentará.

    ResponderEliminar
  22. Pedro,

    Agradeço-te a explicação… tem lógica e suspeitava que fosse algo dentro dessa onda.

    Quanto ao teu pedido de desculpas, da minha parte também, está aceite.

    Acho que ficou claro que aqui fala-se a sério mesmo quando se brinca.

    Como sou (ou tento ser) sempre sincero e frontal digo-te que não gostei do teu estilo inicial mas acho que de pois de alguma ajuda da Pax entraste no espírito deste espaço. Volto a agradecer as tuas contribuições e convido-te a continuar a comentar sempre que o queiras, estado ciente que, por aqui, se algo não for do nosso agrado nós comunicamos-te.

    Cumprimentos,
    FATifer

    ResponderEliminar
  23. Mas voltando ao tema, e, pronto, a sério, ainda se tenta compreender o que significa essa banalidade do discurso, se é um sintoma ou a doença da sociedade actual. Porque gaja, é de facto, um insulto, tal como puta, vaca ou cabra. Para espanto meu, é cada vez mais usual ver grupos de mulheres, não adolescentes, tratarem-se por "cabra", "putinha", etc. A meu ver isto não se explica apenas com o empobrecimento do discurso, mas sim com uma indiferença pura, a dessacralização das palavras e do Outro. Comunicar é, hoje, seduzir - sobre isto, podem encontrar num tal de Lipovetsky um melhor entendimento. E sobre a linguagem, e o uso de insultos como forma de comunicação têm um ensaio, não sei se está traduzido, do Sloterdijk: Zur Welt kommen - Zur Sprache kommen. Sempre é melhor do que levarem com a minha poluição aqui =)

    ResponderEliminar
  24. Pedro,

    De forma alguma a tua participação seria uma forma de poluição. Pelo contrário, é com muito gosto que vemos aqui quem comenta e apresenta ideias/teorias sobre o que escrevemos, ainda que contrárias às nossas. É, aliás, o objectivo: confrontar novas ideias. Faz parte da evolução de qualquer mentalidade e é saudável.

    Concordo quando dizes que cada vez mais se assiste a esse fenómeno do "insulto", por isso acredito que quem o utiliza nem seja com essa intenção. Deverá ser (como aqui já foi dito), um sintoma de que a palavra "gaja" ganhou uma conotação mais "soft" do que a que tinha antes; até porque muitas mulheres a utilizam para se referirem a elas próprias. Daí eu ter colocado o post com este tema: porque é algo que, a mim, também ainda faz uma certa confusão.

    "Comunicar é, hoje, seduzir"

    Completamente. E pela linguagem que cada um emprega, queiramos ou não, assim julgamos, imaginamos ou idealizamos a pessoa que está por trás. A linguagem é sempre uma referencia de personalidade.

    Obrigado, verei as tuas sugestões assim que possivel :)

    ResponderEliminar
  25. Olhe que isso não é bem assim. Mas nã o quero maçar com teoria linguística - não é o adequado para uma, embora formal, orgia.

    ResponderEliminar
  26. Pedro,

    Podes acreditar que nenhuma teoria (incluindo a linguística) poderá incomodar a, ainda que formal, orgia.
    Venha lá a teoria.
    :)

    ResponderEliminar
  27. "Completamente. E pela linguagem que cada um emprega, queiramos ou não, assim julgamos, imaginamos ou idealizamos a pessoa que está por trás."

    É possível, mas repara: Consegues indicar-me onde é que existe um "A" na natureza? Não existe, não é? E, no entanto, julgas uma pessoa por aquilo que ela diz, quer dizer, por aquilo que não existe naturalmente. Isto é um facto. Qual é a relação dos factos, da realidade, com a linguagem? Para ser o mais breve possível, é muito difícil, mas, quando alguém diz que é uma gaja, o que é que ela diz exactamente, o que é que ela é na verdade - se não dissesse que "é" uma gaja seria uma gaja? Esta palavra faz-me rir, e acho que a intenção do teu post não era filosófica mas mais psicosocial. Sorry...

    ResponderEliminar
  28. O que é mais estranho é as pessoas dizerem que falam a mesma língua dizerem que têm problemas de comunicação. Esta é a parte mais fascinante da linguagem, porque essas mulheres que se dizem "gajas", se as tratasses como gajas, mal, diriam: eu não sou uma gaja. Bom, vou calar-me, porque isto provoca o sono a quem lê =)

    ResponderEliminar
  29. Pedro,

    O que escreves não provoca sono, pelo contrário, estava a gostar… podes explanar as tuas ideias, não precisas de ser breve.

    Cumprimentos,
    FATifer

    PS – quanto à intenção da Pax neste post, filosófica ou psicosocial, ela te dirá mas eu penso que era deixar a interrogação. Uma pergunta pode ser respondida em vários planos, o que não quer dizer que um seja mais válido que outro…

    ResponderEliminar
  30. Procurem coisas do Sassure, Benveniste, Russell, Meillet, Moore, Dumment, Frege. Eu não domino a linguística de modo a poder-lhes dar uma visão abragente do tema. O Dante reparou que o primeiro acto discursivo no Génesis não é entre os humanos, mas entre Eva e a Serpente. Tal como gaja, palavras como Estado e Sacrifício sofreram alterações. Mas, como disse, é um assunto do qual percebo pouco e como Petrónio disse: plus poetice quam humane locutus es =)

    ResponderEliminar
  31. Pedro,

    A intenção do meu post era esta:
    Ler opiniões sobre o porquê de uma palavra (ainda que ligeiramente) pejorativa ser, por muitos(as), usada como dignificante.
    Era saber opiniões sobre se foi a palavra que atenuou o seu significado ou se foram as (algumas) mulheres que passaram a gostar de serem vistas com essa associação pejorativa.
    Aqui as respostas poderão ter várias vertentes: etimológica, psicosocial, filosófica, cultural, etc.
    Talvez até exista um pouco de todas as vertentes nesta questão e (como disse o FATifer) cada uma terá o seu valor.

    E qual é o primeiro indicador para "julgares" alguém? O que os teus sentidos te transmitem. Ou seja, o que a pessoa diz e tu ouves, o que a pessoa escreve e tu lês são alguns deles.
    Claro que o contexto faz variar essa ideia. A palavra "gaja" (ou outra) dita num tom de brincadeira ou num grupo de amigos não significa o mesmo que numa conversa mais agressiva ou entre desconhecidos.

    "(...)essas mulheres que se dizem "gajas", se as tratasses como gajas, mal, diriam: eu não sou uma gaja."

    Pois é. Eu também tenho essa ideia. Só é elogioso quando auto referido. Como, quando parte de outra pessoa, pode ter a tal conotação muito depreciativa (pelo sim, pelo não), não gostam.

    Pedro, esta nossa conversa levou a outras e a encontrar uma palavra que será, em breve, tema de outro post. É a tal história das cerejas :)
    São alguns dos objectivo da comunicação (pelo menos para mim), exercitar o cérebro e aprender.
    :)

    ResponderEliminar
  32. hummmmm eu até uso o termo, e não com objectivos depreciativos...

    as vezes tem a ver com a entoação ou a frase em si...

    ResponderEliminar
  33. Mtheman,

    Olá:)
    Pois é, tu "até usas" sem ser como depreciativa, mas acabamos por concluir que a sua interpretação depende muito do contexto, do tom com que é dita ou da forma como a ouve quem a interpreta. Ou seja, em caso de dúvida, continuo a não gostar dela :)

    Benvindo.

    ResponderEliminar
  34. a única coisa que vou aqui referir é que a forma como se interpreta a palvra gaja, depende de zona para zona... desde adolescente que entre amigas próximas sempre usámos essa expressão!

    nunca pareceu mal a ninguém, secalhar simplesmente desconheciamos o sentido que outros lhe davam!

    há quem se elogie de ser gaja... encarando gaja como uma mulher com coragem, forte e que consegue tudo o que quer!

    Não é aquela que já dormiu com mais homens, como por ai já li...
    É que ser gaja não tem nada a ver com o tipo de vida sexual de uma mulher!!!

    ResponderEliminar
  35. B@be,

    Obrigado pela tua opinião e bem-vinda ao nosso espaço.

    Devia esperar que a Pax (autora deste texto) te respondesse primeiro mas decidi antecipar-me – ela com certeza te deixará a sua opinião também.

    “Não é aquela que já dormiu com mais homens, como por ai já li...
    É que ser gaja não tem nada a ver com o tipo de vida sexual de uma mulher!!!”

    O que dizes aqui revela o que já foi sugerido, que esta palavra não é por todos encarada como depreciativa. Agora desculpa mas deves conceber que outros atribuam significados diferentes dos que tu atribuis…
    Fui a dicionário e até no de calão a definição é “qualquer mulher”. Ponto para ti, o meu conceito é que parece estar desajustado da norma actual.

    “há quem se elogie de ser gaja... encarando gaja como uma mulher com coragem, forte e que consegue tudo o que quer!”
    Como acho que ela explicou bem, foi a constatação desse facto que motivou este texto da Pax.

    Volto a agradecer o teu contributo mas digo-te que cada um é como é e eu, não me vejo a dizer (a não ser na brincadeira) “a minha gaja” como oiço dizer certos gajos, referindo-se às respectivas namoradas ou mulheres. Feitios e formas de estar o que queres, cada um tem os seus…


    Obrigado pela visita e volta quando quiseres,
    FATifer

    ResponderEliminar
  36. B@be,

    Concordo que o termo gaja tenha diferentes conotações dependendo da região e das pessoas que a empregam.
    Como referes, no teu grupo de amigas é uma palavra normal e não depreciativa. Eu também acho que deverá ser assim que a encara quem se auto nomeia gaja.
    Isso não impede que eu (e não só eu) a tenha desde sempre relacionado mais com desprestigio que com prestigio.
    Mesmo em relação à vida sexual de uma mulher, sim. Muitas vezes a ouvi relacionar com mulheres que variam bastante de parceiro. Não te esqueças que variar muito de parceiro era mais mal visto há uns anos atrás que o é actualmente.
    Não acho que seja um desprestigio para uma mulher variar de parceiro nem esse julgamento está aqui em causa. Se varia, óptimo para ela, é um proveito que tem mas, na realidade, até nesse aspecto a palavra gaja é mais empregue (pelo menos é essa a ideia que sempre tive).
    Como o FATifer te disse e já vimos por mais comentários, não é uma palavra muito bem vista quando aplicada a uma namorada ou mulher mas mais usada numa aventura de ocasião ou referindo-se a alguém com quem não se tem uma relação séria o que, certamente, tem a ver com o tal desprestigio que a palavra tem (ou já teve).
    Possivelmente um desprestigio que tem sido atenuado com o tempo e, talvez até, com a emancipação feminina.

    Obrigada pela tua opinião :)

    ResponderEliminar

Este local serve para largar comentários, daqueles, dos inteligentes e com sentido...todos os outros, que consideremos que não cumprem esses critérios, serão eliminados prontamente. Mais...anónimos amigos por favor identifiquem-se, já basta não conhecermos a cara...pelo menos o nome/nick.
Desde já o nosso agradecimento, voltem sempre!

Ah! E a pedido da nossa estimada leitora Van, passamos a avisar que a leitura deste blogue engorda!