sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lua-de-mel no parque infantil

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É curioso como mudam os tempos e as vontades... mas a caca cheira sempre da mesma maneira.

Em 2002, as autoridades iranianas, pressionadas e ferozmente criticadas por organizações de direitos humanos, viram-se obrigadas a aprovar uma lei que aumenta a idade para casar sem consentimento dos pais. As raparigas podem agora casar aos 13 anos e já não aos 9, e os rapazes podem fazê-lo aos 15 e não aos 14.
Contudo, o clero, para promover o casamento e assim combater a imoralidade (?!), incentiva o matrimónio e os menores de 13 e 15 anos poderão casar com o consentimento dos pais.

Isto fez-me lembrar o casamento do nosso mui estimado D. Afonso V que, numa cerimónia presidida pelo Arcebispo de Braga e na presença das principais individualidades do país e da própria Família Real, celebrou, em 1441, na igreja de Sta. Maria de Óbidos, o contrato de promessa matrimonial, com 10 anos de idade com D. Isabel, de 8 anos.

Embora com diferentes objectivos, quem é o mais imoral?
Crianças a quem roubam a infância e que terão de partilhar uma vida com o companheiro da cabra-cega ou quem casa crianças como forma de combate à imoralidade, interesses políticos ou outros?

Não percebi...
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23 comentários:

  1. Culturas que pararam... ainda não abriram os olhos, aos direitos da criança...e ao seu "dever" de brincar e viver a infância o mais possível!

    Alguma vez mudará?? Pelo menos alterar a idade já é um bom sinal...mas é difícil!!

    Beijinhos
    P@pinh@

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  2. Papinha,

    É pena que ideais culturais, religiosos ou outros não tenham apenas uma pequenissima coisa: bom senso. Nem seria preciso mais nada.

    Esperemos que mude. Nós também contribuimos (ou poderemos contribuir) para isso.

    Beijos :)

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  3. Marco,

    Ainda agora (por coincidencia) vi a tua actuação! Votei na pontuação máxima!
    (Pronto, não deveria escrever isso aqui, mas sim lá:)

    Pois, é como dizes, enfim...

    Beijo de boas vindas :)

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  4. Questão muito profunda! Há com cada mente neste mundo. Ai, ai, juízo precisa-se...

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  5. Carloressu,

    Parece que o tempo nem se nota que passou em certas culturas e certos modos de pensar.
    Bastava um pouco mais de juizo, sim.

    Beijos :)

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  6. Mete-me imensa confusão essas leis, esses casamentos arranjados, essas infâncias roubadas, não consigo compreender.

    Enfim...

    Beijo linda

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  7. Vita,

    É mais um dos muitos exemplos de intolerância, moralismo estupido, cinismo e falta de senso comum que o Homem ainda hoje demonstra.
    As vitimas são sempre os mais indefesos, seja no que for.

    Beijos :)

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  8. Entendo perfeitamente o que queres dizer, aos olhos dos dias de hoje e numa "moral" ocidental.

    Mas suponho que a história não pode ser analisada dessa forma: só no último século os direitos das crianças começaram a ser entendidos pelo Ocidente, o mesmo não acontecendo no Oriente.

    Desde o tempo das cavernas, depois dos 2 ou 3 primeiros anos de vida, as crianças eram ensinadas a fazer o mesmo que os seus pais. E procriar era uma delas, assim que tivessem idade para tanto (acho que aí nem mudou muito, lá para os 12/13/14 atinge-se a puberdade).

    Posteriormente, brincar era só coisa para menin@s ric@s (leia-se filhos de nobres e de alguns burgueses), todos os outros trabalhavam desde cedo. Mas se os pais contratavam casamentos de conveniência, tinham de aceder. Quais amores, quais carapuça!

    E claro que concordo com a evolução do estatuto da criança (e da mulher), acontece que não foi igualitário em todo o mundo - ainda não é no ocidente, mas essa já é outra conversa -, mas como podes impor a outros países que mudem a mentalidade das suas gentes, envolvendo também uma religiosidade e costumes (agora) tão diferentes dos nossos?

    Não podes, né?

    Beijocas!

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  9. O problema é que a paz e o equilíbrio mundial dependem da nossa capacidade de tentar entender fenómenos destes, mesmo que discordemos deles profundamente. Principalmente se forem fenómenos ou práticas religiosos. Faz tanto sentido como os bombistas suicidas. Há fenómenos e maneira de pensar que temos de equacionar bem. Sem julgamentos exigentes que apenas contribuem para o acicatar de animos. Mas sem a indulgência que se confunda com medo, desinteresse ou hipocrisia da nossa parte.

    Beijinhos

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  10. Teté,

    A mim choca-me esta falta de evolução que há (ou não há) em certas culturas.
    Como a essas certas culturas chocará a evolução da nossa ou de outras.
    Coisas que eu achava fazerem parte de um passado tão distante, afinal, noutro local, ainda existem.
    E choca-me também que sejam, precisamente, os membros de um clero (na minha opinião sempre desajustados da realidade da evolução natural de uma sociedade) a fazerem a primeira pressão para que este tipo de coisas ainda aconteçam.
    Pressão para casar crianças como forma de prevenir imoralidades, não. Por muita diferença cultural ou religiosa que exista nesses países, uma criança é uma criança, em qualquer ponto do planeta e tem o direito de viver a sua infância e escolher um companheiro numa fase de maturidade e não por imposição.
    Por muita tolerância que tente ter para com estas diferenças culturais, jamais compreenderei o que eles não compreendem nisto.

    Beijos :)

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  11. Jorge,

    O problema é que a paz e o equilibrio mundial dependem da nossa capacidade de tentar entender fenómenos que nós criamos errados, desumanos, crueis e hipocritas!
    O problema é que ainda hoje a nossa sociedade é dominada por pessoas que impoem uma moral castigadora a que nem as crianças escapam.
    Compreendo que sejam séculos de tradição e não é uma outra cultura que vai chegar e achar que ela é que está certa e mudar as leis.
    Acho que deveriam ser os próprios representantes dessa cultura a terem o bom senso suficiente para o fazerem eles próprios. Visto isso não acontecer, é mesmo com a nossa revolta e falta de tolerância para com estas práticas (bárbaras na minha opinião), que se vão conseguindo mudar as leis. Como aconteceu. Foi pouco, mas foi melhor que nada.

    A tolerância não tem porque ser só nossa em relação a tradições ancestrais ou práticas religiosas. Tem de ser também deles em vista de factos: as crianças têm também de ter direitos!

    Concordo que este equilibrio é muito frágil... e compreendo completamente o que queres dizer mas estas coisas também me fazem confusão, que queres?

    Beijos :)

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  12. ...existe uma componente genetica na historia dos reinados que evidencia graves deformacoes psiquicas e fisicas inclusive... por estas escolhas antes efectuadas por gente perversa e sem formacao...
    ...ao povo iraniano e nao so,a religiao e o estado vegetativo mental do povo e faz com que estejam atrasados uns seculos no socializar entre povos e tradicoes,pena que em relacao as armas nucleares e a destruicao nao sejam tao ignorantes como outrora...

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  13. Bono poetry,

    Completamente. Estes casamentos eram muitas vezes entre primos e até sobrinhos com tios. Não se sabia na altura exactamente como, mas estas uniões davam origem a problemas graves nos descendentes.

    Eu respeito muito as diferenças culturais. Acho até muito importante que os povos lutem pela preservação dessas mesmas diferenças (religiosas, politicas, sociais, etc) mas nunca quando essa luta implica uma violação de direitos que deveriam ser considerados inerentes ao ser humano.
    Para mim, estas situações são uma violação. Sempre foram. Quando assim é, há que nos darmos o direito a, nós também de, mais não possamos fazer, ser contra.
    Foram muitos "contras" que conseguiram, através de organizações de direitos humanos, modificar algo; ainda que não o tenham conseguido dentro das cabeças, que aí demorará um pouco mais.

    É pena sim que a prioridade vá para formas de destruição e não para a melhoria de vida de quem faz parte de uma nação.

    Bem vindo :)

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  14. mto obrigado pelo coment :) axo q a tua votação não ficou gegistada..tens q te certificar que o numero d votos sobe mais um...mais uma vez obrigada, hum..é uma nota puxadinha demais pra minha postura q nao axo tenha sdo a melhor..mas ainda bem q gostaste :)
    gostos são gostos

    bj

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  15. Marco,

    "gostos são gostos"

    Ehehe, eu sou muito suspeita nessas coisas porque adoro rir.
    Para mim o sentido de humor é uma das caracteristicas mais importantes num ser humano.

    Eu já tinha votado lá antes de ver o teu comentário aqui mas vou lá espreitar de novo e se aquilo aceitar, voto de novo. Faz de conta que não sabes que fiz batota ;)

    A única coisa que achei menos boa na tua postura tem a ver com o facto de ser a primeira vez. Nas próximas vais ver que o à vontade te dá outra.
    Por favor, continua.

    Beijos :)

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  16. desde quando é que ideiais religiosos são sinónimos de bom senso?...enfim.

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  17. *ideais (acho que parti uma unha de gel... =DDDDDDDD )

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  18. Van,

    Exactamente!

    Acho até que ideais religiosos são, muitas vezes, antónimos de bom senso.

    :)

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  19. Van,

    Eheheh, se partiste a unha guarda-a bem que ainda alguém a vai querer enfiar naquele sitio que nós sabemos que gosta de enfiar coisas.
    ;)

    Beijos :)

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  20. Isto de chegar por fim tem o problema de muito do que havia a dizer já ter sido dito. Estas questões de choques de culturas, padrões, valores… são complicadas.

    Não posso deixar de concordar que crianças, são crianças e deviam ter direito à sua infância.

    A tentação de controlar, condicionar a vida alheia sempre existiu. A situação que falas neste texto acaba por ser, do meu ponto de vista, um exemplo extremo desse facto. Digo só isto para não entrar em considerações de outra ordem como o facto de os pais querem lucrar com os filhos, etc…

    Quanto a esta tua pergunta:
    “Embora com diferentes objectivos, quem é o mais imoral?”

    É sempre complicado (e alguns dirão errado) comparar situações distanciadas no tempo e que ocorrem em culturas diferentes, com valores e padrões diferentes…

    Seria tão bom se todos pretendessem melhorar mas…

    Beijinhos e obrigado por este excelente texto.
    FATifer
    PS – desculpa o comentário curto mas este tema dava pano para mangas…

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  21. "É sempre complicado (e alguns dirão errado) comparar situações distanciadas no tempo e que ocorrem em culturas diferentes, com valores e padrões diferentes…"

    Pois é, mas repara que a distancia no tempo e a diferença cultural nada de diferente trazem no resultado! Casarem crianças!
    Muitas das vezes nem elas ainda têm idade para terem consciência de que é um compromisso e nem o conceito de compromisso faz parte do que já assimilaram. Muitos adultos nem nunca o chegam a assimilar, quanto mais as crianças.
    O casamento deveria ser SEMPRE uma escolha consciênte e SÓ entre pessoas que, de livre vontade, têm idade suficiente para terem noção da responsabilidade que implica.
    Ou seja, casar crianças, para mim, é crime.

    Tens razão, este tema daria para mangas e ainda sobraria tecido para muito mais :)

    Beijos :)

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