- AICA o que me podes dizer dos ataques que estão registados na consola.
- Estão a tentar penetrar no sistema através do exterior mas não conseguirão passar as defesas.
- E tu podes comunicar com o exterior?
- Sim, se devidamente autorizada.
- Deixa-me adivinhar, nível 5.
- Não, nível 3.
- Bolas!
- Tens alguma ideia do que aconteceu, de porque é que eu estou aqui?
- Sim eu monitorizo constantemente esta instalação, sei tudo o que se passa.
- Então sabes que não devia estar aqui!...
- Sim.
- Então podes abrir a porta…
- Não sem estar devidamente autorizada.
- Aaarrrr… para que estou eu aqui a argumentar com uma máquina!
Tom levanta-se da cadeira que voltara a ocupar depois de ter ido à cabina de scan. Coloca a mão no rectângulo e abre a porta que dá directamente para as camaratas. Dirige-se à cozinha, apetece-lhe comer qualquer coisa.
- Posso sugerir uma pizza do mar, é o especial do dia.
- … mas que raio… AICA?
- Sim Tom.
- Pensei que só estavas na sala de controlo.
- Eu estou em todo lado nesta instalação.
- Pizza do mar com que então…
- Sim.
- Ok venha ela.
- Estará pronta em 5 minutos. Para beber?
- Coke.
Tom olhava a cozinha, o forno que estava a trabalhar e a sua coca cola que surgira a um canto da mesa. Tudo tinha sido pensado mesmo.
- AICA…
- Sim Tom.
- É uma pena não poderes fazer-me companhia…
- Sim desejares posso.
- Como assim?
De repente surge projectada no meio da cozinha, ao lado do balcão, uma imagem de uma esbelta mulher com um fato de cozinheira.
- Mas que raio?
- É a minha projecção holográfica.
- Hum… e não podes mudar esse fato?
- Com certeza.
- Assim está melhor… não está perfeito mas melhor.
A imagem de AICA mudou para um fato que se assemelhava a uma farda tirada de um filme de ficção científica.
Ouve-se um sinal sonoro.
- A sua Pizza está pronta Tom. Não se esqueça de usar as luvas para manusear o tabuleiro.
- Sim mamã.
- Não sou sua progenitora Tom.
- Progenitora! AICA temos de te arranjar uma linguagem mais descontraída! Aproveita para ver o significado de “ironia”, que foi o que usei quando te chamei “mamã”.
- “Ironia”… entendido…
- Vou comer aqui mesmo… AICA que tal uma música ambiente?...
- O que deseja ouvir?
- Sei lá… escolhe tu.
- Tenho 1 milhão de músicas em arquivo, escolha aleatória activada.
- Ok, deixemos à sorte…
Começa-se a ouvir “Anything but ordinary” de Avril Lavine, Tom sorri e dá uma dentada na sua pizza, enquanto olha para aquela imagem holográfica que parece observá-lo.
- Estou? Lisa?
- Philip?
- Sim… então como está esse tornozelo?
- Está melhor…
- Já vi o teu mail, depois do jantar estarei online…
- Ok… o que estará o Tom a fazer?
- Está a jantar como nós estaremos em breve.
- Achas?
- Não tenho dúvidas, se há coisa que o Tom não dispensa é comer e de certeza que já assaltou aquela cozinha.
- Sim… ele sabe desenrascar-se, lá isso é verdade… lembras-te daquela vez que se perdeu naquela visita de estudo e o foram encontrar a comer cogumelos?
- Lembras-te disso?
- Sim, como poderia esquecer a forma como conseguiu explicar ao professor de biologia que sabia que não eram venenosos!
- Ah, sim… o Tom decora coisas que não lembram a mais ninguém…
- Pois é … bem, tenho de ir jantar, até mais logo, online.
- Sim até mais logo…
Na base militar o Tenente McNeelly apresenta a Miss Anderson as hipóteses de intrusão no bunker que a sua equipa está a ponderar. Todas envolvem condutas de ar mas nenhuma agrada por completo pois as hipóteses de sucesso não são grandes.
- Continuam a trabalhar a pensar que o Tom não conseguiu entrar na sala de controlo?
- Sim, não me parece que o tenha conseguido.
- Pois eu acho que sim e que devíamos tentar comunicar com ele através das câmaras…
- Podemos… e o que dizemos? E como ele vai responder?
- Pois… não sei…
- Vamos comer qualquer coisa?
- Vamos…
Em casa do Tom há um sentimento de vazio materializado no seu lugar à mesa desocupado. O seu pai e a sua mãe comem em silêncio ainda a tentar digerir o que lhes fora contado por Miss Anderson. Não ligaram a televisão por não quererem ver algum suposto especialista a opinar sobre as soluções que o filho terá e o que poderão fazer para o tirar de lá. Sabiam que tudo não passaria de especulações que não estavam para aturar. As imagens e entrevistas feitas aos colegas de Tom são mostradas até à exaustão.
(continua)
FATifer
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Cap. 6
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
O dia em que participei no rali de Casablanca e... perdi!
.
domingo, 25 de janeiro de 2009
O dia em que participei na meia maratona de Lisboa e... ganhei!
.
Tinha eu dezoito aninhos quando, num momento de incompreensível impulso, fui a um parque desportivo para fazer o que se lá faz... desporto.
Estando eu, de fatinho de treino, a pensar «Ok, e agora por que ponta é que se começará a fazer o tal do "desporto"?», chega um rapazote ao pé de mim e mete conversa. Lembro-me que tinha um fato de treino que parecia já ter pertencido ao avô e uma t-shirt com as letras do patrocinador, obviamente conseguida numa oferta. Mas simpático e, conversa puxa conversa (o que até me dava jeito, afinal, guardar a febre desportiva para outro dia visto a razão parecer estar, lentamente, a querer regressar ao meu corpo), já lhe tinha dito que no dia seguinte não teria aulas à tarde e ele tinha mesmo de ir a Lisboa, pelo que sugeriu... porque não irmos tomar um geladinho?
Na altura ainda não existiam os Colombos nem os Vascos da Gama. O fashion era o Amoreiras. Disse-me que lá poderíamos ir ou então veríamos na hora.
Lá regressei a casa toda contente com o fracasso dos meus intuitos pois, apesar de ainda não ter carro na altura, o meu record de passadas deveria andar nos 300 metros (que as paragens dos autocarro nunca ficavam a mais de 300 metros dos locais que frequentava).
Como ele teria de tratar de um assunto junto da Portugália da Almirante Reis. foi aí que marcámos e às 15 horas lá descia eu do autocarro e lá me esperava ele, encostado à parede do restaurante combinado.
Desta vez vinha com umas calças de ganga meio esfarrapadas e uma t-shirt de cores fortes que, apesar de não ter sido patrocinada, parecia ter ido acidentalmente à lixivia. Perguntou-me se sempre queria ir ao Amoreiras, eu achei boa ideia e disse-me «e preferes ir a pé ou de táxi?». Naquele segundo que a resposta demorou eu pensei «O quê?! A pé?!» e continuei a pensar «se perguntas é porque não deves ter dinheiro para táxis e se pagar eu vai-te fazer sentir mal e...» respondi com um sorriso «A pé! Boa ideia!»
Era uma tarde de Verão, deveriam estar uns 35 graus e lá fomos nós. Quem conhece Lisboa sabe o que isto significa: Subimos toda a Pascoal de Melo até à Estefânia, daí até Picoas, à Fontes Pereira de Melo que descemos toda até ao Marquês para subir a Joaquim António de Aguiar até ao dito cujo... escusado será dizer que estava com os pés em brasa e de língua de fora quando chegamos mas sem nunca dar parte de fraca, que o rapaz até poderia ser um pelintra mas era giro, educado, bem disposto e parecia estar a gostar do passeio.
Ainda demos uma volta pelas lojas (em grande sofrimento) e comemos o tal do (fi*** da pu** que pa*** o) gelado e já eram horas de regressar pelo que me perguntou «e agora, estás cansada ou queres ir a pé até ao autocarro?» Pensei «ele é tão simpático e, se calhar, até gastou nos gelados dinheiro que lhe pode fazer falta»... ao que respondi sempre com um sorriso «faço-te companhia a pé até ao teu autocarro» e insisti perante a hesitação dele... respondeu-me «ok... o meu sai de Entre-Campos... se preferes vamos então a pé...». Pensei «Entre #%& Campos?!?!» Nesta altura vi a minha vida mal parada mas achei que dar parte de fraca faria doer mais do que só os pés e... lá descemos toda a Joaquim António de Aguiar, Marquês, subimos toda a Fontes Pereira de Melo, Saldanha, toda a Av. da Republica, Campo Pequeno e Entre-Campos!
FIM
Nota da autora : (Ena, esta soou-me bem:)
Eu ainda não sabia nesse dia, mas viríamos a namorar mais tarde e durante bastante tempo. Ele tinha 5 anos mais do que eu mas era já um empresário muito bem sucedido. Nesse dia tinha ido deixar o carro para um revisão, carro esse que lhe tinha custado (na altura) 12.000 contos. Mais tarde, ainda nos rimos muitas vezes por causa dessa tarde: por me ter encontrado no parque desportivo ele achava que eu adorava andar mas nenhum dos dois queria ter andado tanto e foi um sacrificio para ambos. Achavamos estar a ser, assim, simpáticos um com o outro enquanto ele só pensava «raio de azar, logo tinha de convidar uma miúda maníaca por caminhadas»... e eu que lhe estava a poupar o dinheiro dos táxis...
É o que dá julgar saber muito por primeiras impressões, pela forma como alguém se apresenta, se veste ou o local onde está no momento.
:):):):):)
sábado, 24 de janeiro de 2009
Cap. 5
Ficou quase um minuto a olhar para aquele relógio em contagem decrescente, a ver os segundos passar, até voltar a olhar para o monitor da consola principal. Analisa o que lá está escrito em busca de como poderá facilitar a entrada a quem está a tentar o acesso do exterior. À partida, quem está a fazer aqueles “ataques” está a tentar tirá-lo dali. Senta-se e começa a tentar entender a forma de interagir com aquele sistema, não tem teclado nem rato…
- … e a Miss Anderson estava onde quando isto aconteceu?
- Na sala de controlo juntamente com a Miss Pedington, o Philip e o Tom, o rapaz que ficou lá dentro.
- E o senhor Mr. Smith, onde estava?
- Estava na sala de lazer com o resto do grupo.
- E o que me pode dizer sobre o incidente que provocou o accionar do botão de emergência de fecho?
- Distraí-me por uns segundos e foi o suficiente, o Mike é sempre a mesma coisa, adora provocar e o John não tem paciência… não sei o que dizer mais…
Em cada uma das salas apurava-se as versões dos acontecimentos aos olhos de cada um…
- Meu tenente e se entrássemos por aqui, por esta conduta de ventilação?
- E como se propõe neutralizar os feixes de laser e…
- Se cortássemos a energia aqui e ali…
- Ficava se luz na conduta mas os feixes continuariam activos pois a energia que os alimenta vem de dentro da instalação.
O Tenente McNeelly estava reunido com a sua equipa de operações especiais à procura de opções para entrar no bunker. Não era tarefa fácil pois esta instalação tinha sido concebida de raiz para ser impenetrável…
Em paralelo continuavam as tentativas de intrusão no sistema de controlo do bunker mas sem sucesso. Todo o sistema fora também concebido para ser impenetrável do exterior pois admitiu-se que, uma vez fechado, do exterior só viriam ameaças.
- O meu tenente não tem o telefone do MacGyver? Esse gajo dava jeito aqui…
- Muito engraçado sargento, faça você de MacGyver e encontre-me uma forma de entrar no bunker!
- Se fosse o Rambo rebentava com a porta!
- Pois e levava com a porta de emergência em cima, para além do que temos as nossas ordens de causar o mínimo de estragos na instalação, como sabe. Deixem-se de fantasias e arranjem-me uma solução!
- Sim meu tenente, vamos arranjar.
Dentro do bunker o Tom lamentava o facto de a Miss Anderson não ter chegado a explicar nada sobre a sala de controlo. Como é que se interagia com a máquina afinal? Pousou o cotovelo no tampo do que para ele era uma mesa mas de repente tudo se ilumina e ouve-se uma voz:
- Welcome to the mountain refuge.
- Hum… what the… who are you?
- I’m the Artificial Intelligence Control Assistant for this facility. You can call me AICA. You do not mach any of the user profiles in memory, should I open a new one for you?
- Aaa… where… aaa… yes, yes…
- Name?
- Tom Dunner.
- Rank?
- Aaa I don’t have one.
- Civilian then.
- I need you palm and retinal scans to complete your profile, please go to the booth at the back of the room.
- Ok …
- Place your right hand on the black rectangle open your eyes and do not move.
- …
- Ok, scans complete. How should I address you Mr. Dunner?
- Please call me Tom.
- Ok, how can I help you Tom?
- Can you open the door?
- Which one?
- The door to the outside?
- Not without proper clearance.
- Proper clearance?
- Yes, in order to override a lockdown you have to have clearance to issue that order. Your profile was created by me and I can only grant level 1 clearance.
- Level 1, what good is that for?
- You have access to this control room and the rest of the facility and that is it.
- Which level clearance would I need to open the door to the outside?
- Level 5.
- So I’m really trapped here for a week?...
- No, the counter states 6 days 20 hours 37 minutes e 57 seconds.
(nota de autor: as próximas conversas entre o Tom e a AICA serão escritas em português, imaginem-nas em inglês como esta)
Na base militar os interrogatórios tinham terminado finalmente. Os alunos estavam a ser encaminhados de volta ao auto-carro excepto o Mike que ficaria retido por um dia, a ver se aprendia a lição. O Philip amparava a Lisa que ainda coxeava ligeiramente, embora o tornozelo já não estivesse tão inchado.
- Miss Anderson, como é que eu vou explicar esta situação aos pais do Tom? Ainda vão processar a escola!
- Calma Miss Pedington, eu já coloquei os pais do Tom ao corrente da situação e vou convosco para falar com eles pessoalmente.
- Miss Pedington, os pais do Tom são boas pessoas, eles não a vão culpar…
- Sim Philip mas…
- Calma que tudo se resolve.
…
- Philip, oTom está fechado lá dentro por minha causa…
- Não digas isso Lisa, foi…
- Foi por minha causa! Se não tivesse torcido o tornozelo e … olhado nos olhos dele…
- Tu gostas dele, não gostas?
-…
- Lisa estás corada…
- Philip és um insensível!
- Eu? O que é que eu fiz?
- Não sabes que isso não se diz?!
- Aaa … pronto desculpa…
- Sim eu gosto do Tom e depois? Não posso?
- Ah! Eu sabia! Claro que podes e deves!
- Ai é? Devo?
- Sim, já que não gostas de mim o Tom será a única outra pessoa que te merece naquela escola.
- Convencido!
- Factos, minha cara, factos.
- Oh Philip tu as vezes…
- O que foi agora…
- Nada…
- Onde está a piscina?
Lisa sorriu mesmo já conhecendo esta resposta que Phillip sempre usava, por detestar que lhe respondessem: “nada”.
Fizeram a viagem de volta a casa no autocarro sentados ao lado um do outro a conversar. Já eram colegas desde a primária mas nunca tinha falado tanto tempo seguido. O Philip estava contente por confirmar, uma vez mais, que Lisa não era só uma rapariga bonita, aquela cabeça não servia só para segurar os longos cabelos dourados… sempre tinha tido um fraquinho por ela mas também sempre tinha visto que ela preferia o Tom, é a vida. Lisa diz-lhe como sempre admirou a amizade dele com Tom, a forma como parecem irmãos. Ele responde com um sorriso.
A viagem de volta foi bastante mais calma, o único grande sobressalto terá sido à saída da base militar onde estava já o circo mediático montado mas a escolta militar ajudou a furar o “bloqueio”.
Ao chegarem à porta da escola havia um mar de gente entre jornalista e pais. Muitos estudantes não se importaram e até gostaram de ser entrevistados. O John era o mais pretendido à falta do Mike. A Miss Anderson seguiu num Hummer preto da escolta com a Miss Pedington e o Mr. Smith para casa dos Dunner. O Philip ajudou a Lisa a evitar os repórteres e a encontrar a mãe que, por acaso, estava ao pé do seu Pai.
- Ligas-me…
- Ligo ou então falamos na net…
- Não sabes o meu contacto…
- Tens o meu mail, envia para lá que eu adiciono-te…
- Ok.
- Até logo Lisa e as melhoras.
- Obrigado por tudo Philip, até logo.
O beijo na face que recebeu de Lisa deixou Philip corado, a sua sorte foi que Lisa não chegou a reparar.
“Oh amigo fico-te a dever esta…”
Pensou ao mesmo tempo que tentava imaginar o amigo sozinho, fechado naquele bunker…
(continua)
FATifer
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
EU é que penso bem !
.
Depois de ontem ter tido uma conversa sobe este assunto no msn, decidi partilhar a teoria:
.
Eu penso sempre de forma correcta.
.
E, antes que me seja de novo atribuída a imodéstia, passo a explicar a lógica do raciocínio (embora possa ser acusada do mesmo mais tarde):
.
Quando emito uma opinião, baseada no que penso sobre um assunto, é a que acho que o meu pensamento certo me levou a concluir. Ou seja: estou certa.
.
Quando (ou se) descubro novos dados, ou por mim, ou através da argumentação de outra pessoa que me faz ver que existe uma outra forma mais correcta (diferente do meu suposto pensamento certo) de ver esse determinado assunto e me faz perceber que, afinal, eu teria tido uma opinião baseada em factos incompletos ou incorrectos e o reconheço, modifico a minha opinião de acordo com esses novos dados (ainda assim, que a não obriga a ser igual à de outro) e passo a achar que essa minha nova forma de pensar é que é a correcta. Ou seja: estou certa de novo.
.
Isto que referi da minha constante convicção de pensar correctamente não invalida que saiba reconhecer a subjectividade que há na certeza do pensamento e de que nunca há uma só forma correcta: as formas correctas de pensar serão tantas quantas as pessoas que pensam (com maiores ou menores variações).
O que é certo para mim, pode não ser certo para outras pessoas (e não o será, muitas vezes) mas cada um tem como certa a sua própria forma de pensar, use mais ou menos luta no modo como tenta impor ou transmitir essa sua "forma correcta".
É exactamente por causa deste meu tipo de raciocínio que não vejo mal algum em mudar de ideias ou forma de pensar. Pelo contrário: vejo nisso uma forma de evolução que, já que nos gabamos de ter inteligência, que façamos algum bom proveito dela.
Mal seria se, ao notarmos estarmos errados na forma como pensamos sobre determinado assunto, persistíssemos nesse erro apenas por orgulho ou teimosia em nunca se assumir uma mudança de pensamento. Como se já nascêssemos com todas as certezas e, ao longo da vida, apenas tivéssemos de lutar pela sua imposição.
Quem não admite a mudança no seu pensamento é, para mim, o único que o tem errado. Ainda assim, nenhum pensamento errado (para outros) trará algum tipo de mal ao mundo, a menos que dê origem a acções nele baseadas.
(Aqui excluo exemplos de pessoas que parecem mudar de ideias ao sabor dos ventos ou da conjuntura politica pois essas não são mudanças de opinião sinceras mas sim formas de atingirem os seus interesses, nada tendo que ver com o modo como pensam mas sim com o modo como acham que a transmissão de pensamentos melhor as beneficia).
.
Ou seja, falando num tempo presente: eu estou sempre certa.
Ainda que no passado possa ter tido outro pensamento que possa ter levado a uma opinião diferente, foi no passado. No presente, e para mim, eu é que penso bem!
:)
domingo, 18 de janeiro de 2009
Cap. 4
Olhou para o telemóvel, por descargo de consciência, sabia que não tinha rede.
Por mais que bater na porta fosse um método que considerava primitivo está na dúvida se o tentariam do outro lado, o que o leva a fazer um compasso de espera antes de se dirigir à sala de controlo. O raciocínio era simples, a haver algum local onde se poderia comunicar com o exterior o mais lógico seria que fosse lá, onde toda a informação chega!
À espera, a olhar para aquela porta enorme à sua frente, dá consigo pensando nos olhos da Lisa, na forma como o tinham hipnotizado... o Philip tinha razão, ela gostava dele... vendo bem, ela até era engraçadinha...
- Sim…
- Miss Anderson? General Patterson, US Army.
- Diga general…
- Dê-me um ponto de situação.
- O bunker está fechado e ficou um civil lá dentro.
- E os restantes?
- Os restantes estão bem, há apenas uma rapariga com o tornozelo torcido.
- Todos terão de ser interrogados!
- Sim general, eu sei o protocolo.
- Eu sei que sabe mas… bem, vou enviar o Tenente McNeelly para aí.
- Como queira General.
Miss Anderson desliga o telemóvel e pede licença à Miss Pedington e ao Mr Smith, que continuavam com cara de quem não acreditava no que estava a acontecer, e dirige-se aos homens que continuavam em sentido à espera de orientações:
- Meus senhores conhecem o protocolo, todos seremos interrogados… comecem a organizar as pessoas em grupos de 5. Vem aí o Tenente McNeelly e não quero ter de o aturar!
- Sim Miss Anderson (responderam em uníssono)
Os quatro homens começaram a organizar os grupos como lhes tinha sido indicado e Miss Anderson voltou ao pé de Miss Pedington e ao Mr Smith que estavam perto da Lisa e do Philip.
- Bem vamos lá sair daqui, temos que ir para a base para o interrogatório.
- E o Tom?
- Sim e o Tom?
- Calma, calma, já vamos resolver esse problema... tudo a seu tempo...
- Interrogatório?
- Sim Mr Smith é parte do protocolo, dado o que aconteceu. Não se preocupe apenas tem de ficar registado o que todos se lembram do acontecido.
- E o Tom?
- Miss Pedington, como já disse, já vamos tratar desse problema também. Por enquanto não há nada a fazer a porta está fechada e assim vai ficar uma semana.
- Mas…
- Vamos lá, acompanhem-me por favor…
Dentro do bunker, Tom começou a encaminhar-se para a sala de controlo enquanto relembrava cada passo da visita…passou pela sala de lazer em direcção às camaratas. Chegado às camaratas confirma o que já suspeitava e o preocupava, as portas para as salas de controlo estavam fechadas. À esquerda só se via o rectângulo preto que estaria ao lado da porta da sala de controlo actual e à direita estava a porta para a sala de controlo antiga, com o seu teclado numérico. Parecia não haver maneira de entrar em nenhuma das duas…
Cá fora os grupos de alunos foram encaminhados para as instalações da antiga base militar no sopé da montanha. À porta esperava-os o Tenente McNeelly com uma escolta de 4 homens.
- Miss Anderson.
- Tenente McNeelly.
- As salas estão preparadas.
- Os grupos estão feitos.
- Muito bem distribuam os grupos pelas salas e comece-se os interrogatórios.
- Vocês os 4 vão para a sala A e a Miss Anderson…
- Eu faço parte deste grupo.
- Como queira mas… preciso que me acompanhe primeiro, por favor.
- …
- Então Patricia, como foi acontecer isto?
- Gordon, já sabes que não gosto que me trates pelo meu nome aqui.
- Adoro quando finges não me tolerar…
- E eu detesto quando foges ao que combinámos!
- Pronto, ok… mas diz-me lá o que achas do rapaz que ficou lá dentro. Como será a melhor forma de o contactarmos? Se ao menos ele estivesse na sala de controlo…
- Se queres que te diga acho que ele vai conseguir lá entrar…
- Como?
- Eu mostrei-lhe…
- Ah é um dos que levaste lá dentro?
- Sim, é o que motivou o meu pedido de mostrar a sala de controlo e parece saber bastante da instalação para um civil.
- Pois mas mesmo assim não sei se conseguirá entrar na sala, não te esqueças que há a questão da leitura da palma...
- Às vezes desiludes-me, nem parece que chefias a equipe que chefias…
- Não posso considerar que este civil tenha as aptidões e conhecimentos dos membros da minha equipe.
- Pois sim mas olha que ele vai surpreender-te…
- Vamos ver… sabes o que é irónico?
- O quê?
- É que na próxima semana íamos desactivar aqueles botões…
- Já não era sem tempo, nunca percebi o porquê da sua existência e muito menos a sua manutenção… isso e a questão do fecho por uma semana… coitado do rapaz…
- Se ele gosta e conhece a instalação, como dizes, até vai achar piada…
- Sim, durante umas horas ou até um dia ou dois mas uma semana!
- Calma estamos a tratar disso… se não se conseguir curto circuitar o controlo tentaremos uma entrada na instalação, já estamos a estudar as alternativas possíveis.
- Por acaso gostava de ver quais as hipóteses que estão a colocar…
- Verás, até porque quero a tua opinião mas agora vai para sala F para junto do grupo que escolheste.
- Até já Tenente McNeelly.
- Até já Patricia … ok Miss Anderson, não faças essa cara!
Tom olhava para a parede e ponderava as suas opções… preferia entrar directamente na sala moderna mas tal poderia revelar-se mais difícil. Em todo o caso decidiu testar a ideia de filme que lhe veio à cabeça. Dirigiu-se às casas de banho existentes a um canto das camaratas à procura de pó de talco, que encontrou. Depois foi à cozinha buscar um pouco de filme do que a mãe usava para embrulhar sandes. Uma vez de posse dos dois encaminha-se para o rectângulo do lado esquerdo da parede do fundo das camaratas. Pega no pó de talco, espalha sobre o rectângulo e sopra. Como esperava, ao soprar ficou limpo, não havia impressões recentes, para seu azar. Não desanima pois, graças à sua memória fotográfica, tinha decorado o código de 7 dígitos necessário para entrar na sala de controlo antiga. Digita-o no teclado numérico e a porta abre-se. Tal como há pouco quando entrara nesta sala, acompanhado da Miss Anderson, da Miss Pedington e do Philip, repara de novo que só as luzes se acendem todos os mostradores estão inactivos. Dirige-se ao rectângulo preto na parede que a Miss Anderson usara para abrir a porta da sala de controlo actual e repete a operação com o pó de talco. Agora sim tem uma impressão visível depois de soprar. Observa a impressão e constata que a sua mão deve ter umas dimensões aproximadas. Coloca o filme sobre o rectângulo e encosta a mão no rectângulo. Ouve-se de novo:
“Access Granted, Welcome Miss Anderson”.
A porta dissimulada abre-se e os seus olhos brilham agora por outro motivo. Entra pela porta e dirige-se à consola principal onde verifica que estão registadas várias tentativas de entrada no sistema por parte do exterior mas nenhuma bem sucedida. Noutro monitor vê um relógio em contagem decrescente, está marcado 6 dias 22 horas 7 minutos e 27 segundos quando olha…
- Estou aqui fechado por uma semana?!
Diz alto para ninguém pois afinal está sozinho…
(continua)
FATifer
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Brincando com a máquina nova…
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Porquê FATifer?
Eu que, por feitio, não respondo a desafios, dou comigo a responder a dois de seguida. Ontem foi a nossa deusa que queria uma carta de amor e hoje é a digníssima Pax que reafirma o pedido que explique o meu nick. Pois então, aqui fica a explicação, que é breve…
O que significa?
No dicionário de Latim:
fatifer: fera, ferum [fatum+fero] adj, Que traz a morte, mortífero.
(fatum: destino, fatalidade, desgraça, morte, destruição.)
Em inglês encontra-se a tradução: fate bringing, deadly.
(manias que tenho do ingralês)
Porque o escolhi?
Não me considero mortífero, pelo menos no sentido literal… (embora por vezes tenha a tendência de ser mais contundente do que devia).
Procurava uma palavra com as minhas iniciais FAT. Esta foi a palavra que encontrei que melhor me soou… e adoptei-a (por isso escrevo FATifer).
Talvez depois disto esteja mais claro o porquê de usar a imagem que uso:
(imagem que encontrei na net:
http://poetry.wordpress.com/2005/10/24/emily-dickinson-because-i-could-not-stop-for-death/)
E é tudo o que tenho a dizer sobre o meu nick, espero ter esclarecido…
FATifer
domingo, 11 de janeiro de 2009
Bom Ano 2015 !!!!!
.
Antes que me comecem a dizer que estou atrasada porque os votos de Bom Ano já foram há duas semanas ou adiantada porque o 15 é 6 depois do 9... recuando um pouco (muiiito) no tempo, passo a explicar:
.
(Eheheh, eu adoro explicar estas coisas)
Até 1422, Portugal nem contabilizava os anos tendo como base o nascimento de Cristo. Portugal foi mesmo um dos últimos países ocidentais a adoptar este método (durante o reinado de D.João I) pois, até então, os anos eram contabilizados tendo como base o ano da fundação de Roma por Rómulo e Remo e, portanto, tendo em consideração a diferença (753 anos), passou-se do ano 2175 para o ano 1422.
.
(Terá sido confuso?! Nãããã...)
Até 1422 orientávamos-nos pelo calendário juliano, instituído pelo Imperador Júlio César em 46 a.c.
Acontece que esta mudança vem já do ano 525 quando, a pedido do Papa João 1º, Dionysius Exiguus (um monge de Roma) faz os cálculos da data exacta em que terá nascido Cristo.
O objectivo deste pedido seria fazer uma reforma com o (também) objectivo de acabar com a falta de sincronia entre as igrejas para o cálculo da Páscoa. O cálculo para a Páscoa mais conhecido até então havia sido criado pelo bispo da Alexandria, mas várias igrejas seguiam diferentes, confusos e considerados imprecisos sistemas.
.
Já na época, os cálculos apresentados causam grande polémica e discordância mas acabam por ser aceites. Ou seja: situa-se o nascimento de Cristo no ano 754 desde a fundação de Roma (erradamente o ano 1, pois na numeração utilizada -a romana- o número "0" nem existia, existindo só mais tarde na posteriormente adoptada numeração árabe) e os anos começam a ser contabilizados a partir desse importante nascimento (d.C.) ou antes (a.C.).
Segundo cálculos mais precisos, por relação com factos históricos e fenómenos astronómicos verificados na época, Cristo terá nascido ou 5 ou 6 anos antes do que foi instituido, ou seja, para quem teve medo de que o mundo acabasse na viragem do milénio só perdeu tempo, porque o milénio já tinha virado há muito e ainda estava vivo!
Claro que para nós (para mim, pelo menos) nos dá igual que Cristo tenha nascido no Verão ou no Inverno, e que o Tempo tenha sido marcado a partir do primeiro choro, do primeiro chupa-chupa ou do primeiro dia de aulas mas, já viram que até nisso fomos enganados ?!
.
(Peço desculpa mas estive em Fátima, portanto, vim ainda mais católica do que de costume...)
:)
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Cap.3
-Onde está o Ross? Eu disse-lhes para terem atenção aos botões!
-Ross! Ross!
-Sim Miss Anderson.
-Deixe de contar histórias às meninas e pára-me aqueles dois no canto noroeste que ainda batem no botão de emergência!
-Sim Miss Anderson!
Mas era tarde demais o John tinha perdido a paciência com as brincadeiras do Mike e dando-lhe um valente empurrão fê-lo embater directamente no botão de emergência!
De repente começou a ouvir-se uma sirene!...
- O que é isto?
- É sirene de alarme!
Ouve-se uma voz robótica:
“Emergency sequence activated! Begin lockdown!”
A grande e pesada porta da entrada, com aquele ar impenetrável, começa a mover-se...
- Aquilo é suposto acontecer?
O Philip estava a observar, num dos monitores, a porta de entrada a fechar-se!
- Sim! Faz parte do protocolo de segurança Philip… mexam-se! Rápido! Temos que sair daqui!
A Miss Anderson dirige-se ao canto direito da sala encosta a palma da mão noutro rectângulo preto e abre-se uma porta para as camaratas.
Entretanto na sala de lazer o pânico instalara-se e todos se atropelam em direcção à saída. Os guardas nada podem fazer senão sair também, tentar controlar aquele grupo de pessoas em pânico era inútil, para além do que também não estavam com grande vontade de ficar ali dentro fechados.
Quando o Tom, o Philip, a Miss Pedington e a Miss Anderson chegaram à sala de lazer só ouviram os gritos que vinham da porta que conduzia ao hall... entraram no hall.
- Tom!
- Lisa o que é que estás aí a fazer?
- Não consigo andar…
A Lisa está num canto do hall agarrada ao tornozelo, aparentemente ter-se-ia magoado na confusão.
- É tudo a fingir pá!
- Cala-te Philip, agora não!
A porta continuava a fechar-se num movimento lento mas contínuo, como se uma porta de uma caixa forte se tratasse... Tom corre em direcção a Lisa pega-lhe ao colo, ela coloca os braços à volta do seu pescoço e, nesse instante, olham-se olhos nos olhos e ficam os dois parados...
- Tom! Tooommm!! Mexe-te pá!!
O Philip estava à porta a gritar mas o Tom continua parado naquele canto do hall, olhando nos olhos de Lisa como que hipnotizado...
- Hum?!... Lisa!?...
- Tom...
- A porta!
Tom começa a correr como pode, a porta estava quase a fechar, vendo que não chegará a tempo e que o espaço era demasiado pequeno para passarem os dois, Tom mergulha de modo a empurrar com este movimento a Lisa pela pequena abertura por onde se ouvia os gritos dos colegas, em particular do Philip. O espaço era já demasiado pequeno para ele passar... ficou no chão a olhar para a porta vendo os pés da Lisa desaparecer enquanto a puxavam do outro lado. Um instante depois a porta acabou por se fechar com um estrondo que ecoou no hall. Ouviu depois os barulhos metálicos dos fechos a atingir a posição final. Do outro lado, no corredor, todos estes sons foram abafados pelo barulho da confusão, que é grande, gritos e choros, choros e gritos... a mais inconformada parecia ser a Lisa que gritava:
- O TOM FICOU LÁ DENTRO!
E não parava de o repetir com os olhos lavados em lágrimas. Philip também não se conforma, está imóvel com o olhar fixo na porta a ouvir a Lisa ainda sem acreditar que é verdade. O seu melhor amigo está do outro lado de uma porta enorme de aço reforçado... o resto do grupo estava espalhado pelo corredor de acesso encostados às paredes tentavam recuperar o fôlego, muitas raparigas choravam abraçadas. A Miss Anderson olhava fixamente os quatro homens que estavam em fila e em sentido, à espera de uma reprimenda que não vinha. A Miss Pedington e o Mr Smith olham-se incrédulos enquanto, também eles, recuperam o fôlego.
- Bem vamos lá a acalmar ... vocês os quatro fiquem aí que já falo convosco!
Dirigindo-se depois à Miss Pedington e ao Mr Smith a Miss Anderson desabafa:
- Esta não estava no programa... mas tudo estaria bem se não fosse o facto de o Tom ter ficado lá dentro...
- Pois... e agora?
- Agora?... agora o nosso amigo Tom... está preso, porque segundo o protocolo de segurança, esta porta só poderá ser aberta daqui a uma semana. Eu bem disse para mudarem isso da última vez que mexeram nisso...
- Uma semana!!
- Pois é, uma semana...
O Tom, do outro lado ainda a olhar para porta, começava a pensar o que devia fazer, será que havia alguma maneira de comunicar com o exterior? Podia bater na porta mas já sabiam que estava ali… teria de haver um melhor meio de comunicação com o exterior, será que essa hipótese teria sido considerada?
(continua)
FATifer
domingo, 4 de janeiro de 2009
Cap. 2
- Obrigado pai!
- Obrigado Sr. Tavin.
- Nada, divirtam-se!
Os alunos iam-se juntando à volta do autocarro e à porta estava a Miss Pedington e o Mr Smith, o professor de física, preparados para fazer a chamada.
- Estão todos? Vou começar a chamada!
- Anvlin, Martha
- Barlow, Lisa
…
E lá foram entrando e sentando-se…
No caminho, a confusão do costume num autocarro de cheio de jovens, canta-se, ouve-se música e até há quem jogue, gameboy, ds ou psp existem é para estas ocasiões… Chegados à base da montanha, passado o controlo no portão da antiga base militar, o autocarro parou e saíram.
À porta estavam uma mulher e quatro homens. Ela com um leve sorriso quase que artificial e aspecto militar, embora vestida à civil, saudou-os dizendo que seria a guia da visita. Eles fardados não disseram uma palavra mantendo-se imóveis dois de cada lado da porta de entrada. Depois de conferida a lista de participantes na visita e de uma nova chamada, a confirmar que estavam todos, lá foram entrando. Passada a porta de entrada, um imponente pedaço de aço com seis metros de altura e sei metros de largura e uma espessura considerável, e percorrido o longo corredor, com cerca de uns cem metros, chegaram à porta do bunker em si, esta com ar ainda mais sólido que a de entrada. Circular, com uns quatro metros de diâmetro e um metro e meio de espessura, feita em aço reforçado. Tom sabia estes números de cor mas uma coisa é o número outra é ver a sua materialização, estava maravilhado. Assim que entrou percorreu o espaço à procura de todos pormenores que tão bem sabia. Todos tinham entrado para um hall de entrada e a guia começou a sua explicação:
- Mais uma vez, muito bom dia, o meu nome é Miss Anderson e serei a vossa guia nesta visita. Peço-vos o favor de não mexerem em nada sem a minha autorização. Como podem ver, temos espaço para todos pois este bunker foi idealizado para albergar
- 40 pessoas!
- Exactamente. Em frente têm a sala de lazer, à esquerda a sala de refeições e a seguir a cozinha com a área de cultura hidropónica adjacente.
- Com capacidade para abastecer as quarenta pessoas por trinta anos!
- Muito bem, já vi que sabe muito sobre este bunker…
- Umas coisinhas.
- Umas coisinhas… então diga-me lá que mais “coisinhas” sabe sobre este local sr?
- Dunner, Thomas Dunner… sei que para a direita temos a biblioteca seguida da sala de exercício, à esquerda desta estão as camaratas. A sala de lazer está equipada com mesas, computadores e todo o tipo de jogos, a sala de exercício tem todo o tipo de equipamentos de treino, para assegurar que os potenciais ocupantes possam manter a forma física. A biblioteca tem numerosos volumes de diversas áreas do saber, sendo complementada com edições em formato digital englobando assim boa parte do conhecimento humano. Aaa..
- Muito bem, estou impressionada, quase que não precisava de ter vindo, ao que parece o vosso colega poderia ter conduzido a visita.
Disse a guia com um sorriso algo jocoso. O Tom retribuiu o sorriso e acrescentou:
- Ainda não falei da sala de monitorização, localizada a seguir às camaratas, está concebida para controlar todo o bunker, sistemas de climatização gastos de energia, etc e é também aqui que chegam as informações recolhidas por sensores de todo o tipo colocados no exterior que servem para monitorar parâmetros como: nível de radiação, temperatura, humidade, etc. Esta sala pode ser considerada o cérebro desta instalação.
- Estou realmente impressionada. Muito bem Sr. Dunner.
- Eu também Tom, não sabia que sabias tanto sobre este bunker.
Disse a Miss Pedington, o que deixou tom extremamente orgulhoso mas ao mesmo tempo algo embaraçado.
- Aaa… eu gostos destas coisas.
- Pois há meses que não se calava com esta visita.
Acrescentou o Philip, só mesmo para ver se o Tom ficava mais vermelho do que já estava
- Muito bem, se me seguirem por aqui poderemos começar a ver o que o Sr. Dunner tão bem descreveu. Por aqui, vamos por aqui…
- Chama-me Tom por favor
Pediu o Tom ao passar perto da guia que acenou a cabeça e sorriu.
Seguiram pela direita, foram entrando na biblioteca onde foram admirando a quantidade de livros todos arrumados em várias estantes, cada uma com o seu tema e por ordem alfabética, como não poderia deixar de ser. Na sala de exercício viram e puderam experimentar, com autorização da guia, alguns dos aparelhos. Ao longo do percurso a guia foi chamando a atenção para este ou aquele pormenor e o Tom foi continuado a brilhar mostrando que, na realidade, conhecia bem aquele espaço embora nunca o tivesse visitado antes. Passaram depois às camaratas, num dos cantos da sala vê-se a porta da sala de comando, Tom pergunta se não a vão visitar ao que Miss Anderson responde que não, não faz parte da visita. Tom não consegue esconder o seu desapontamento. A visita continua pela cozinha e zona de cultura hidropónica. Passaram pela sala de refeições a caminho da à sala de lazer onde todos se sentiram à vontade uns aproveitando para descansar nos sofás outros experimentando, também com a autorização da guia, as diferentes máquinas de jogos que iam desde flippers a mesas de snooker.
Miss Anderson pede aos guardas e ao Mr Smith para vigiar o resto do grupo e depois chama a Miss Pedington e o Tom.
- Como disse à pouco a sala de controlo não faz parte da visita mas vi como o Tom ficou desapontado por isso, pelo que pedi autorização e fui autorizada a mostrar-vos mas só a vocês.
- Obrigado! O Philip também pode ir?
- Aaa, ok pode Tom.
- Obrigado Miss Anderson.
- O Tom merece, como prémio.
Seguem os quatro pelas camaratas e dirigem-se a umas das extremidades da sala e param à frente da porta. Miss Anderson insere o código de 7 dígitos no teclado numérico e a porta abre, passam pela porta e entram na sala de controlo.
O Tom tinha comentado com o Philip que tinha havido o cuidado de se ir actualizando tudo o que fazia parte desta instalação desde os livros aos computadores na sala de lazer (aqui tinham gostado de ver que algumas das máquinas de flippers ainda eram as que originalmente lá tinham sido colocadas) mas nesse sentido esta sala de controlo tinha um aspecto antigo. A sala de controlo parecia ter sido mantida tal e qual como era originalmente.
A guia sorriu perante a reacção dos dois amigos…
- Espantados?
- Sim… esperava…
- Algo mais moderno, não era?
- Pois…
- Esta é a sala de controlo original desta instalação.
- Sim é o que parece…
- Tom o que se passa?
- Nada Miss Pedington, estava à espera de algo mais moderno, só isso.
- Vá Tom, não me desiluda agora…
- Como assim Miss Anderson?
A guia sorri dirige-se à parede lateral do lado esquerdo da sala, encosta a palma da mão num rectângulo preto e ouve-se:
“Access Granted, Welcome Miss Anderson”.
Uma porta dissimulada abre-se para algum espanto de Miss Pedington. Os olhos de Tom brilham.
- Assim está melhor, olha pra isto Philip!
- Estou a ver… espectáculo!!
- Sabia que iam gostar… Como podem ver daqui pode-se saber tudo o que se passa lá fora e cá dentro, tem-se o controlo de toda a instalação.
Em contraste com os monitores CRT e mostradores analógicos da sala de controlo original, nesta tudo era digital e os TFT estão por todo o lado.
- Olha os nossos colegas...
- O que é que se passa ali?
- É o Mike está sempre a fazer asneiras...
- Pois mas...
(continua)
FATifer
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Cap. 1
- Tom!
- Oh Tom!
- Thomas Andrew Dunner o pequeno almoço está na mesa!
- Ok mama estou a descer, estou a descer…
- Bom dia mama.
- Bom dia Tom.
- Senta-te e come os teus cereais.
- Onde vais? Não acabaste!
- Sorry mama, estou atrasado! Até logo!
- Até logo filho e tem cuidado nessa bicicleta!
- Sim mãe…
O dia começara como qualquer outro dia na vida de um típico rapaz americano como o Tom. Ele adora fazer o percurso até ao liceu de bicicleta, o facto de estar atrasado é apenas mais uma boa desculpa para fazer os atalhos que tanto gosta de explorar. Passar pelo jardim do Sr. Watson e fugir ao pluto, o cão que detesta bicicletas, depois passar entre as duas vedações dos Redding e dos Greening um espaço tão apertado que mal cabe o guiador e finalmente descer a rampa nas traseiras do liceu que sempre achou digna de integrar uma prova de downhill. As aulas começam às nove mas com os atalhos ainda tem tempo para ir ao cacifo guardar a mochila, não vale a pena andar a carregar todos os livros…
Tom adora computadores mas a primeira aula de hoje é de história. A professora é tão bonita que tem dificuldade em concentrar-se no que diz…
“Trriiiinnngg”
- Ok meninos e meninas é tudo por hoje amanhã não se esqueçam de chegar a horas porque vamos à visita de estudo e o autocarro não espera por dorminhocos!
- Visita de estudo?
- Sim pá, amanhã vamos ao bunker, não me digas que te esqueceste?!
- Ah, ya…
- Ficas mesmo noutro planeta quando estás nesta aula.
- Quê? Tas tu praí a dizer?
O Philip sorri, conhece o amigo e, mesmo que não conhecesse, bastaria olhar para ele para ver que parecia hipnotizado naquela aula, ao ponto de não reagir quando a professora relembra a visita de estudo que mais anseia desde o princípio do ano. Sim, amanhã vão visitar um bunker especialmente construído, no tempo da guerra fria, no qual era suposto poder-se viver durante um eventual inverno nuclear.
- Acorda pá!
- Deixa-te de coisas…
Os dois amigos percorrem o corredor até aos respectivos cacifos ao lado um do outro, como não poderia deixar de ser, trocam os livros vão para a próxima aula, ciências naturais.
O resto do dia corre normalmente e à noite os dois amigos conversam pela net:
- Viste como a Lisa te olhava na aula de Filosofia hoje?
- Philip tas a ver coisas, a Lisa nem sabe que eu existo… e além disso é muito magra…
- Quê? Deves estar a gozar!! Quem me dera que ela me olhasse como olha pra ti!
- Ok pá, se tu dizes, por mim podes ficar com ela, é toda tua! :P
- Não tens emenda tu…
- Se tu dizes… passando a coisas mais interessantes, mal posso esperar pela visita de estudo de amanhã!
- Pois, pois, queres dizer mal podes espera pela oportunidade de impressionar a miss Pedington com todas as cenas que sabes daquele bunker!
- Quê? Tás parvo? Eu quero é ver o bunker!
- Pois, pois me engana que eu gosto…
- Philip nem tudo no mundo gira à volta de uma mulher sabias?!
- Ya meu, ok tu é que sabes…
- Olha vou mas é jogar que tu estás a irritar-me!
- Se vais jogar ainda te vou irritar mais, hoje ninguém me bate sou o rei dos heashots!
- Pois, pois, deixa-me entrar que eu mostro-te quem é o rei!
E ficaram mais uma hora matar-se virtualmente até que foram obrigados a deita-se pois, no dia seguinte, têm que chegar cedo ao liceu.
(Continua)
FATifer
Introdução…
“O bunker para o inverno nuclear”
FATifer