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Tinha eu dezoito aninhos quando, num momento de incompreensível impulso, fui a um parque desportivo para fazer o que se lá faz... desporto.
Estando eu, de fatinho de treino, a pensar «Ok, e agora por que ponta é que se começará a fazer o tal do "desporto"?», chega um rapazote ao pé de mim e mete conversa. Lembro-me que tinha um fato de treino que parecia já ter pertencido ao avô e uma t-shirt com as letras do patrocinador, obviamente conseguida numa oferta. Mas simpático e, conversa puxa conversa (o que até me dava jeito, afinal, guardar a febre desportiva para outro dia visto a razão parecer estar, lentamente, a querer regressar ao meu corpo), já lhe tinha dito que no dia seguinte não teria aulas à tarde e ele tinha mesmo de ir a Lisboa, pelo que sugeriu... porque não irmos tomar um geladinho?
Na altura ainda não existiam os Colombos nem os Vascos da Gama. O fashion era o Amoreiras. Disse-me que lá poderíamos ir ou então veríamos na hora.
Lá regressei a casa toda contente com o fracasso dos meus intuitos pois, apesar de ainda não ter carro na altura, o meu record de passadas deveria andar nos 300 metros (que as paragens dos autocarro nunca ficavam a mais de 300 metros dos locais que frequentava).
Como ele teria de tratar de um assunto junto da Portugália da Almirante Reis. foi aí que marcámos e às 15 horas lá descia eu do autocarro e lá me esperava ele, encostado à parede do restaurante combinado.
Desta vez vinha com umas calças de ganga meio esfarrapadas e uma t-shirt de cores fortes que, apesar de não ter sido patrocinada, parecia ter ido acidentalmente à lixivia. Perguntou-me se sempre queria ir ao Amoreiras, eu achei boa ideia e disse-me «e preferes ir a pé ou de táxi?». Naquele segundo que a resposta demorou eu pensei «O quê?! A pé?!» e continuei a pensar «se perguntas é porque não deves ter dinheiro para táxis e se pagar eu vai-te fazer sentir mal e...» respondi com um sorriso «A pé! Boa ideia!»
Era uma tarde de Verão, deveriam estar uns 35 graus e lá fomos nós. Quem conhece Lisboa sabe o que isto significa: Subimos toda a Pascoal de Melo até à Estefânia, daí até Picoas, à Fontes Pereira de Melo que descemos toda até ao Marquês para subir a Joaquim António de Aguiar até ao dito cujo... escusado será dizer que estava com os pés em brasa e de língua de fora quando chegamos mas sem nunca dar parte de fraca, que o rapaz até poderia ser um pelintra mas era giro, educado, bem disposto e parecia estar a gostar do passeio.
Ainda demos uma volta pelas lojas (em grande sofrimento) e comemos o tal do (fi*** da pu** que pa*** o) gelado e já eram horas de regressar pelo que me perguntou «e agora, estás cansada ou queres ir a pé até ao autocarro?» Pensei «ele é tão simpático e, se calhar, até gastou nos gelados dinheiro que lhe pode fazer falta»... ao que respondi sempre com um sorriso «faço-te companhia a pé até ao teu autocarro» e insisti perante a hesitação dele... respondeu-me «ok... o meu sai de Entre-Campos... se preferes vamos então a pé...». Pensei «Entre #%& Campos?!?!» Nesta altura vi a minha vida mal parada mas achei que dar parte de fraca faria doer mais do que só os pés e... lá descemos toda a Joaquim António de Aguiar, Marquês, subimos toda a Fontes Pereira de Melo, Saldanha, toda a Av. da Republica, Campo Pequeno e Entre-Campos!
FIM
Nota da autora : (Ena, esta soou-me bem:)
Eu ainda não sabia nesse dia, mas viríamos a namorar mais tarde e durante bastante tempo. Ele tinha 5 anos mais do que eu mas era já um empresário muito bem sucedido. Nesse dia tinha ido deixar o carro para um revisão, carro esse que lhe tinha custado (na altura) 12.000 contos. Mais tarde, ainda nos rimos muitas vezes por causa dessa tarde: por me ter encontrado no parque desportivo ele achava que eu adorava andar mas nenhum dos dois queria ter andado tanto e foi um sacrificio para ambos. Achavamos estar a ser, assim, simpáticos um com o outro enquanto ele só pensava «raio de azar, logo tinha de convidar uma miúda maníaca por caminhadas»... e eu que lhe estava a poupar o dinheiro dos táxis...
É o que dá julgar saber muito por primeiras impressões, pela forma como alguém se apresenta, se veste ou o local onde está no momento.
:):):):):)
domingo, 25 de janeiro de 2009
O dia em que participei na meia maratona de Lisboa e... ganhei!
31 comentários:
Este local serve para largar comentários, daqueles, dos inteligentes e com sentido...todos os outros, que consideremos que não cumprem esses critérios, serão eliminados prontamente. Mais...anónimos amigos por favor identifiquem-se, já basta não conhecermos a cara...pelo menos o nome/nick.
Desde já o nosso agradecimento, voltem sempre!
Ah! E a pedido da nossa estimada leitora Van, passamos a avisar que a leitura deste blogue engorda!
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Nunca ouviste dizer que não se deve aceitar um caramelo de um desconhecido? Quanto mais um gelado, quanto mais nas Amoreiras...
ResponderEliminarBruno,
ResponderEliminarLoool :)
Tens toda a razão mas naquela altura ainda não tinhamos chegado ao estado evolutivo a que já chegamos e não se usava ir logo para moteis no primeiro encontro ;) era mais para sitios publicos mesmo. (Se bem que teria sido bem preferivel :):):)
Pax,que história deliciosa!! Demais!!! fartei-me de rir!!!! :DDDDD
ResponderEliminarVan,
ResponderEliminarFixe que gostaste!
E o melhor de tudo: ao contrário de toda e qualquer expectativa, sobrevivi para a contar!
:):):):):)
Bolas miúda, tu tavas doida?!?!?! Tomaste speeds?!?! É que só pode...eu nem pelo Bradezinho andava metade disso tudo.
ResponderEliminarBeijinhos
Simpática tu! Altruísta?! Se tivesse confiança contigo diria doida...ihihihihi
ResponderEliminarMas obrigada, porque ainda me ri a valer ihihihiihi
beijinho
Patricia,
ResponderEliminarEle era parecido com o Lorenzo Lamas, o que herói da época :), mas quando me lembro desta história, também só consigo acreditar porque sou eu própria a contar-ma, lol.
Beijos :)
Xi, ca ganda caminhada! E às 3 da tarde, com 35º deve ter sido mesmo de arrebentar... :)))
ResponderEliminarSe já existissem GPSs na altura, até podias saber quantos quilómetros terias andado, que isso parece-me mais que meia maratona!!! :D
Beijocas!
Who Am I,
ResponderEliminarNa altura eu até que era boa pessoa, lol.
Eheheh, foi doidice mesmo, estás à vontade :), faço poucas mas algumas boooaaasss)
Beijos :)
Teté,
ResponderEliminarUm dia destes vou lá de carro contablizar os Kms :)
O ano passado fiz (acho que) ainda mais numa cidade de Espanha, à procura de um vestido para um casamento que seria dali por uns dias e ainda o não tinha. Acabei por não encontrar nada de que gostasse e quando cheguei, fui à Baixa, adorei um da primeira loja onde entrei e quando o paguei a senhora disse-me "é de alta costura espanhola!" Ia-me dando um fanico. Queres pior ironia?! Looooooool.
Beijos :)
looooooooool
ResponderEliminarOh querida pax, nem que fosse o meu richard.;P
Detesto andar a pé, eu conheço bem o trajecto, moro perto, e ou ele realmente era muito giro, ou tu muito timida, eu pagava o taxi, o autocarro e até o gelado, a pé é que nunca.;)
Beijo linda
Vita,
ResponderEliminarAcho que era tudo isso que disseste: ele era giro, querido, simpático e eu timida e com consideração pelos (supostos) sentimentos alheios :):):)
Para que não tenhas duvidas vou dar-te um exemplo de como sou: quando vou ao ginásio (raro), recuso-me a fazer step e até já expliquei ao almost-personal trainer o motivo: -se nos prédios apanho sempre o elevador também não vou subir pra isso!
Beijos ;)
Miúda, eu te entendo.
ResponderEliminarCá com este ar de durona, pelo gajo que me pusesse o coração aos pulos, eu andava até ao Porto.
Mas isto não sou eu que disse, foi um virus que se meteu em meu pc e só escreve coisas parvas!
PS: lindo! mesmo...
Cris,
ResponderEliminarSe eu te contasse até onde já fui por causa de um "gajo que me pussesse o coração aos pulos"... (dava para ir à tua terra duas vezes) lol, só não fui a pé :):):)
"Mas isto não sou eu que disse, foi um virus que se meteu em meu pc e só escreve coisas parvas!"
Como eu te entendo também! :):):):):):):):)
"PS: lindo! mesmo..."
Como tu :)
Fogo...
ResponderEliminarDeu-me vontade de chorar, miúda...
Beijo grande!
Cris,
ResponderEliminar"Deu-me vontade de chorar, miúda..."
Só se for por pensares que aqueles por quem já fomos mais longe foram, muitas vezes, os que mais mereciam ter ido sozinhos e de patins! Lololol.
Beijo :)
As aparências iludem, mas admiro a vossa caminhada.
ResponderEliminarA história está deliciosa.
Pois eu sempre adorei andar a pé! :P
ResponderEliminarTu que sabes (mais ou menos) onde moro, digo-te que já cheguei a vir a pé da torre de Belém para casa.
Tenho outro hábito, quando saio à noite (seja bairro, docas, santos, etc) volto a pé para casa (claro que de quando em vez há uma alma caridosa que me convence e me dá uma boleia).
Bem agora que já deixei escandalizadas quase todas as comentadoras anteriores (mesmo não sabendo onde moro, algumas) direi que, pelo que conheço de ti, isso era mesmo amor! :P
Fizeste-me lembrar uma amiga (A Filipa – ver post “Saudades de uma amiga”), terá sido a mulher que conheci que gostava de andar tanto ou mais do que eu…
Excelente texto. Adorei.
Beijinhos e bons passeios… de carro! :P
FATifer
Carloressu,
ResponderEliminarObrigada :)
... iludem e de que maneira! Principalmente quando achamos que num só olhar podemos conhecer quem o possui.
Beijos :)
fATifer,
ResponderEliminarEu não me escandalizo com quem gosta de andar. Aliás, desde que não prejudique ninguém, (quase) nada do que cada um gosta me consegue escandalizar :):):)
"quando saio à noite (seja bairro, docas, santos, etc) volto a pé para casa (claro que de quando em vez há uma alma caridosa que me convence e me dá uma boleia)."
Nem percebi porque é que do Barreiro não quiseste voltar a pé... não mesmo ;)
"direi que, pelo que conheço de ti, isso era mesmo amor!"
Lol, na altura nem seria; foi mesmo o facto de ter achado que ele não teria dinheiro e que ficaria constrangido se pagasse eu :)
"Excelente texto. Adorei."
Merci :)
"Beijinhos e bons passeios… de carro!"
... e tenho um popozito tãããão girooooo!
Beijos :)
“Nem percebi porque é que do Barreiro não quiseste voltar a pé... não mesmo ;)”
ResponderEliminarPois essa foi uma das vezes que tive uma alma caridosa que me convenceu a dar-me uma boleia… lol :)
“... e tenho um popozito tãããão girooooo!”
Ouvi dizer que sim…
Não te escandalizas tu mas as comentadoras (algumas pelo menos) talvez, quando lerem…
Beijinhos,
FATifer
FATifer,
ResponderEliminar"Pois essa foi uma das vezes que tive uma alma caridosa que me convenceu a dar-me uma boleia…"
... que imagino estiveste tentado a recusar... afinal o Barreiro pouco mais longe será que a Torre de Belém, lolololol.
"Não te escandalizas tu mas as comentadoras (algumas pelo menos) talvez, quando lerem…"
Não acredito nisso. No máximo ficam a pensar que também não pagarias taxis a ninguém, eheheheh.
:)
Por acaso não gosto muito de andar de táxi :P
ResponderEliminarBeijinhos,
FATifer
Por um grande amor vou até ao fim da rua, vou até ao fim do mundo. Este slogan acho que é da TSF. Por um amor, vou até onde for preciso, ando os quilómetros que forem necessários (mas creio que neste caso não se tratava de Amor).
ResponderEliminarNão me custa andar. A vida é uma longa caminhada. Para atingirmos os momentos sublimes, temos de andar até eles. Há pessoas, momentos, sentimentos, que tudo compensam.
Não sou de me deixar embarcar na ideia de que tudo é fácil e de que tudo nos cai nas mãos sem um custo qualquer. Tudo é difícil, e quanto mais custoso melhor nos sabe.
Tenho a noção de que do outro lado pode existir apenas um precipíciozito, mas por aquilo em que acredito, e desde que não implique pisar ninguém, andarei até onde for preciso.
FATifer,
ResponderEliminarNão gostas...?
Eu queria ver se a Charlize Theron fosse taxista se dirias o mesmo...
Beijos ;)
Bruno,
ResponderEliminar"Por um grande amor vou até ao fim da rua, vou até ao fim do mundo."
Agora fora de brincadeira: eu também. Mas de carro, de comboio, de barco (a motor) ou de avião; que a pé, o mais certo era já o apanhar no asilo ;)
"(mas creio que neste caso não se tratava de Amor)."
Pois não, embora tenha sido o inicio de uma relação muito boa enquanto durou :)
"Para atingirmos os momentos sublimes, temos de andar até eles. Há pessoas, momentos, sentimentos, que tudo compensam."
Completamente de acordo, embora à medida que vou "crescendo" mas pareça mais que as pessoas "que tudo compensam" estão cada vez mais escondidas :(
"e quanto mais custoso melhor nos sabe."
Em tudo. Materiais, sentimentais, tudo.
"desde que não implique pisar ninguém, andarei até onde for preciso."
Pois acho que fazes muitissimo bem. É mesmo por encontrarmos uns "precipíciozitos" de vez em quando que depois damos mais valor às boas surpresas.
Beijos :)
Ahahahaha andas levada da breca tu :)!
ResponderEliminarHmmm isso nunca me aconteceu mas já me aconteceu sentar-me ao lado do gajo mais bonito da escola...no planetário e cheia de tosse, tentei não tossir quanto aguentei...mas foi ainda pior...tive um ataque de tosse que parecia que ia morrer com escarros entalados HAHAHAHAH. As cenas que se fazem só para não se dar parte fraca. Ahhh e mais...por esse rapaz até papel comi ahahahaha. Era tão parvinha...quer dizer, ainda sou mas mais atinadinha ehehehhe...ou não!
Abreijinhos linda
"Ahahahaha andas levada da breca tu :)!"
ResponderEliminarMas vou deixar-me de contar este tipo de histórias, que ainda estrago a minha boa imagem/reputação ou pior: ainda alguém pensa que, afinal, não sou nada um "ser inteligentemente superior", lololol.
Eheheh, foste mesmo parvinha, que tinhas aguentado até asfixiares, desmaiavas e ele reanimava-te num boca-a-boca! Thss, nunca mais aprendes!
Beijoooo ;)
Afrodite,
ResponderEliminarP.S.
Whatii ?!
Comeste papel ?!?!?!?!
“Eu queria ver se a Charlize Theron fosse taxista se dirias o mesmo...”
ResponderEliminarPois talvez assim já talvez… mas tinha de ser sempre o mesmo táxi :P
Beijinhos,
FATifer
FATifer,
ResponderEliminarAconteceria como em Marrocos... enquanto houvessem lugares ao colo... clientes não faltariam, lol.
;)