sábado, 24 de janeiro de 2009

Cap. 5


Ficou quase um minuto a olhar para aquele relógio em contagem decrescente, a ver os segundos passar, até voltar a olhar para o monitor da consola principal. Analisa o que lá está escrito em busca de como poderá facilitar a entrada a quem está a tentar o acesso do exterior. À partida, quem está a fazer aqueles “ataques” está a tentar tirá-lo dali. Senta-se e começa a tentar entender a forma de interagir com aquele sistema, não tem teclado nem rato…


- … e a Miss Anderson estava onde quando isto aconteceu?
- Na sala de controlo juntamente com a Miss Pedington, o Philip e o Tom, o rapaz que ficou lá dentro.
- E o senhor Mr. Smith, onde estava?
- Estava na sala de lazer com o resto do grupo.
- E o que me pode dizer sobre o incidente que provocou o accionar do botão de emergência de fecho?
- Distraí-me por uns segundos e foi o suficiente, o Mike é sempre a mesma coisa, adora provocar e o John não tem paciência… não sei o que dizer mais…


Em cada uma das salas apurava-se as versões dos acontecimentos aos olhos de cada um…


- Meu tenente e se entrássemos por aqui, por esta conduta de ventilação?
- E como se propõe neutralizar os feixes de laser e…
- Se cortássemos a energia aqui e ali…
- Ficava se luz na conduta mas os feixes continuariam activos pois a energia que os alimenta vem de dentro da instalação.

O Tenente McNeelly estava reunido com a sua equipa de operações especiais à procura de opções para entrar no bunker. Não era tarefa fácil pois esta instalação tinha sido concebida de raiz para ser impenetrável…
Em paralelo continuavam as tentativas de intrusão no sistema de controlo do bunker mas sem sucesso. Todo o sistema fora também concebido para ser impenetrável do exterior pois admitiu-se que, uma vez fechado, do exterior só viriam ameaças.

- O meu tenente não tem o telefone do MacGyver? Esse gajo dava jeito aqui…
- Muito engraçado sargento, faça você de MacGyver e encontre-me uma forma de entrar no bunker!
- Se fosse o Rambo rebentava com a porta!
- Pois e levava com a porta de emergência em cima, para além do que temos as nossas ordens de causar o mínimo de estragos na instalação, como sabe. Deixem-se de fantasias e arranjem-me uma solução!
- Sim meu tenente, vamos arranjar.


Dentro do bunker o Tom lamentava o facto de a Miss Anderson não ter chegado a explicar nada sobre a sala de controlo. Como é que se interagia com a máquina afinal? Pousou o cotovelo no tampo do que para ele era uma mesa mas de repente tudo se ilumina e ouve-se uma voz:

- Welcome to the mountain refuge.
- Hum… what the… who are you?
- I’m the Artificial Intelligence Control Assistant for this facility. You can call me AICA. You do not mach any of the user profiles in memory, should I open a new one for you?
- Aaa… where… aaa… yes, yes…
- Name?
- Tom Dunner.
- Rank?
- Aaa I don’t have one.
- Civilian then.
- I need you palm and retinal scans to complete your profile, please go to the booth at the back of the room.
- Ok …
- Place your right hand on the black rectangle open your eyes and do not move.
- …
- Ok, scans complete. How should I address you Mr. Dunner?
- Please call me Tom.
- Ok, how can I help you Tom?
- Can you open the door?
- Which one?
- The door to the outside?
- Not without proper clearance.
- Proper clearance?
- Yes, in order to override a lockdown you have to have clearance to issue that order. Your profile was created by me and I can only grant level 1 clearance.
- Level 1, what good is that for?
- You have access to this control room and the rest of the facility and that is it.
- Which level clearance would I need to open the door to the outside?
- Level 5.
- So I’m really trapped here for a week?...
- No, the counter states 6 days 20 hours 37 minutes e 57 seconds.

(nota de autor: as próximas conversas entre o Tom e a AICA serão escritas em português, imaginem-nas em inglês como esta)


Na base militar os interrogatórios tinham terminado finalmente. Os alunos estavam a ser encaminhados de volta ao auto-carro excepto o Mike que ficaria retido por um dia, a ver se aprendia a lição. O Philip amparava a Lisa que ainda coxeava ligeiramente, embora o tornozelo já não estivesse tão inchado.

- Miss Anderson, como é que eu vou explicar esta situação aos pais do Tom? Ainda vão processar a escola!
- Calma Miss Pedington, eu já coloquei os pais do Tom ao corrente da situação e vou convosco para falar com eles pessoalmente.
- Miss Pedington, os pais do Tom são boas pessoas, eles não a vão culpar…
- Sim Philip mas…
- Calma que tudo se resolve.

- Philip, oTom está fechado lá dentro por minha causa…
- Não digas isso Lisa, foi…
- Foi por minha causa! Se não tivesse torcido o tornozelo e … olhado nos olhos dele…
- Tu gostas dele, não gostas?
-…
- Lisa estás corada…
- Philip és um insensível!
- Eu? O que é que eu fiz?
- Não sabes que isso não se diz?!
- Aaa … pronto desculpa…
- Sim eu gosto do Tom e depois? Não posso?
- Ah! Eu sabia! Claro que podes e deves!
- Ai é? Devo?
- Sim, já que não gostas de mim o Tom será a única outra pessoa que te merece naquela escola.
- Convencido!
- Factos, minha cara, factos.
- Oh Philip tu as vezes…
- O que foi agora…
- Nada…
- Onde está a piscina?

Lisa sorriu mesmo já conhecendo esta resposta que Phillip sempre usava, por detestar que lhe respondessem: “nada”.
Fizeram a viagem de volta a casa no autocarro sentados ao lado um do outro a conversar. Já eram colegas desde a primária mas nunca tinha falado tanto tempo seguido. O Philip estava contente por confirmar, uma vez mais, que Lisa não era só uma rapariga bonita, aquela cabeça não servia só para segurar os longos cabelos dourados… sempre tinha tido um fraquinho por ela mas também sempre tinha visto que ela preferia o Tom, é a vida. Lisa diz-lhe como sempre admirou a amizade dele com Tom, a forma como parecem irmãos. Ele responde com um sorriso.
A viagem de volta foi bastante mais calma, o único grande sobressalto terá sido à saída da base militar onde estava já o circo mediático montado mas a escolta militar ajudou a furar o “bloqueio”.
Ao chegarem à porta da escola havia um mar de gente entre jornalista e pais. Muitos estudantes não se importaram e até gostaram de ser entrevistados. O John era o mais pretendido à falta do Mike. A Miss Anderson seguiu num Hummer preto da escolta com a Miss Pedington e o Mr. Smith para casa dos Dunner. O Philip ajudou a Lisa a evitar os repórteres e a encontrar a mãe que, por acaso, estava ao pé do seu Pai.

- Ligas-me…
- Ligo ou então falamos na net…
- Não sabes o meu contacto…
- Tens o meu mail, envia para lá que eu adiciono-te…
- Ok.
- Até logo Lisa e as melhoras.
- Obrigado por tudo Philip, até logo.

O beijo na face que recebeu de Lisa deixou Philip corado, a sua sorte foi que Lisa não chegou a reparar.

“Oh amigo fico-te a dever esta…”

Pensou ao mesmo tempo que tentava imaginar o amigo sozinho, fechado naquele bunker…



(continua)

FATifer

16 comentários:

  1. Olá :) Por momentos pensei, queres ver que agora vai escrever tudo em inglês?? ihihihi

    Cá continuo...

    beijinho

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  2. Who Am I,

    Comecei a escrever o diálogo em inglês sem dar conta. Como não me apeteceu apagar ou estar a traduzir escrevi a nota, uma vez que pode haver quem não se sinta tão à vontade com o Inglês como eu. Também por coerência (se fosse para ser teriam de ser todos os diálogos) por isso, prometo não repetir… só uma palavrinha ou frase de quando em vez, pode ser?

    “Cá continuo...”

    E continuas muito bem, é um prazer saber que passas por cá e lês.

    Beijinho e bom fds,
    FATifer

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  3. A questão é que o meu inglês é assim do género daquele de praia ihhhi Mas safo-me porque as palavras que não sei, tiro pelo sentido...menos mal...digo eu :P

    Hoje em dia quem não souber inglês bem se pode sentar a ver passar navios ihihih

    Repete as vezes que te apetecer, o máximo que pode acontecer é eu pedir a alguém que me traduza :)) ou até mesmo a ti ihihi

    Abusadora,não sou? :))

    beijinho e bom fim de semana também para ti

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  4. Pois então, as minhas desculpas, aqui fica a tradução do diálogo:
    (não abusas nada, se escrevo quero que me entendam! ;) )

    (nota: a sigla da AICA só funciona em inglês)


    - Bem-vindo ao refúgio da montanha.
    - Hum… o quê… quem és tu?
    - Eu sou a Artificial Intelligence Control Assistant (Assistente de Controlo de Inteligência Artificial) para esta instalação. Pode chamar-me AICA. Não condiz com nenhum dos perfis de utilizador em memória, quer que crie um novo para si?
    - Aaa… onde… aaa… sim, sim…
    - Nome?
    - Tom Dunner.
    - Categoria?
    - Aaa não tenho nenhuma.
    - Civil então.
    - Necessito do scan da sua palma e retina para completar o seu perfil, dirija-se à cabine no fundo sala, por favor.
    - Ok …
    - Coloque a sua mão direita sobre o rectângulo preto, abra os olhos e não se mexa.
    - …
    - Ok, scans completos. Como o devo tratar Sr. Dunner?
    - Chame-me Tom, por favor.
    - Ok, como posso ajudá-lo Tom?
    - Consegue abrir a porta?
    - Qual delas?
    - A porta para o exterior?
    - Sem o nível de autorização devido, não.
    - Nível de autorização?
    - Sim, para dar a ordem para anular o fecho da instalação é necessário ter o nível de autorização adequado. O seu perfil foi criado por mim e eu só posso conceder autorização de nível 1.
    - Nível 1, o que me permite isso?
    - Só tem acesso a esta sala de controlo e ao resto da instalação.
    - Que nível de autorização é necessário para abrir a porta para o exterior?
    - Nível 5.
    - Então estou mesmo preso aqui por uma semana?...
    - Não, o cronometro marca 6 dias 20 horas 37 minutos e 57 segundos.”


    Alguma outra palavra que tenhas dúvida podes e deves perguntar-me. Tenho um pouco a mania de usar o inglês, sorry! :)


    Beijinhos,
    FATifer

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  5. Ainda bem que não vais seguir com o discurso em inglês (que percebo sem dificuldade)!

    Mas para quê? Claro que no caso da sigla é quase intraduzível, mas bastava manter essa. A língua portuguesa é suficientemente rica, não precisa de "muletas" de outras... (contra mim falo, que para finalizar um texto rematava com "last, but not least" vezes demais!)

    Já reparaste que tens um sr. Mr. "não sei das quantas" num interrogatório? ;)

    Vá, mas vamos esperar o próximo capítulo, que a história parece estar a ganhar fôlego... :)))

    Beijocas e bom Domingo para ti!

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  6. FATifer,

    agradecida :))

    PS: Estou vermelha que nem um pimento :P

    PS1: vá, que o meu inglês de praia não tinha fugido ao real significado :)

    PS2: és um querido :))

    beijinho

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  7. Teté,

    “Ainda bem que não vais seguir com o discurso em inglês (que percebo sem dificuldade)!

    Mas para quê? Claro que no caso da sigla é quase intraduzível, mas bastava manter essa. A língua portuguesa é suficientemente rica, não precisa de "muletas" de outras...”

    Ainda bem que para ti não era necessária a tradução. Concordo que a nossa língua é rica e direi muito mais rica que o inglês em certos casos. Para para mim não é uma questão de muleta mas de estilo, mesmo em discurso falado recorro muitas vezes a termos em inglês (a maior parte das vezes quando em inglês consigo dizer numa palavra o que em português necessito de duas ou mais – exemplo no texto – clearance, concordas com a tradução?).

    Por outro lado, como disse à Who Am I, o texto em inglês surgiu naturalmente e foi por preguiça que não alterei…


    “Já reparaste que tens um sr. Mr. "não sei das quantas" num interrogatório? ;)”

    Obrigado pelo chamada de atenção (por mais vezes que leia parece que nunca consigo eliminar todas das gralhas!!)

    Já corrigi para:

    “- E o senhor Mr. Smith, onde estava?”

    Já sei, parece que continua errado mas para mim, nesta história, o Mr. e os Miss fazem parte do nome – opções de autor derivadas de ter escolhido os EUA como cenário.

    O próximo capítulo já está a germinar… ;)

    Bom domingo para ti também, beijinhos,
    FATifer

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  8. Who Am I,

    De nada…

    Ainda bem que tinhas entendido (e foi merecido não devia ter sido preguiçoso…) ;)

    “és um querido :))”

    Para quem merece… ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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  9. E eu que imaginava o Tom muito esperto... mudei de opinião: não é!

    Quando a AICA lhe perguntou a categoria deveria ter respondido:
    - WUSAP
    - ?
    - White United States President AND THE ORDER IS TO OPEN ALL THE DOORS IMMEDIATELY!

    (O W era só para ela acreditar ;)

    Beijos :)

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  10. Pax,

    Pois podes ter mudado de opinião mas essa esperteza tuga que dizes que ele devia ter não valeria de nada pois, caso te tenhas esquecido eu lembro-te que, o perfil engloba leitura de palma da mão e scan da retina … existe uma base de dados e a AICA facilmente detectaria que o Tom estava a mentir! (e não tentes alegar leis da privacidade que a este nível isso não pega!) :P

    W era o outro e aí é que ela não devia mesmo abrir a porta :P

    :)

    Beijinhos,
    FATifer

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  11. Então que tal dizer-lhe a verdade?
    Tipo:
    - O meu amigo é que fez caca, a miuda gira ficou do outro lado da porta e eu estou DESESPERADO!!! MAMÃÃÃ!!!

    (Ok, ok, eu sei que imaginação também não me falta ;)

    Beijos :)

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  12. Pax,

    O diálogo que acabei de escrever tem algo parecido (agora até vai parecer que foste tu que sugeriste :P).

    Eu sei que é difícil mas tenta ter um pouco de calma… deixa-me ir contando a história à medida que a invento ou reinvento…

    Beijinhos e boa semana,
    FATifer

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  13. "Eu sei que é difícil mas tenta ter um pouco de calma… deixa-me ir contando a história à medida que a invento ou reinvento…"

    Lol, vou tentar :)

    Boa semana para ti também :)

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  14. Fat,

    tem sido um enorme prazer...estou deste lado a seguir cada bocadinho!!!
    ( com inglês ou sem inglês, por mim tanto faz!!)
    Excelente trabalho!

    beijinhos
    P@pinh@

    ResponderEliminar
  15. Pax,

    :)

    Obrigado por fazeres o esforço…

    Beijinhos,
    FATifer

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  16. Papinha,

    È bom saber que estou a agradar :)

    É também uma honra ter-te como leitora, obrigado por leres.

    Beijinhos,
    FATifer

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