sábado, 18 de fevereiro de 2012

“Um Encontro Perfeito” – desafio (parte II)

Ouve-se um som e sente um pequeno tremer no bolso. Lentamente retira o telemóvel do bolso e lê a sms que acabara de receber:


“…acorda… não duvides porque sabes que é verdade o que estás a pensar, decidi pagar a minha dívida. Beijo”

Instintivamente olha em volta como que a confirmar que não está a ser observado. Embora neste caso mais parecesse que estavam a ler-lhe o pensamento. Volta a olhar o cartão, sim é a letra dela, não há dúvida!
Baixa a cabeça e fecha os olhos. Inspira profundamente e sente o ar passar entre os dentes semicerrados enquanto expira. Não há como resistir, e porquê tentar se esperava por este dia há anos?!
Pousa o telemóvel e o cartão em cima da cama e despe-se. Liga o sistema de som com o i-pod em shufle e dirige-se para o duche. A voz de Dianna Krall enche o espaço “I’ve got you under my skin…”
De olhos fechados deixa a água cair-lhe nos ombros e sente o corpo relaxar. Tenta não pensar em nada e apenas sentir a água quente.
Sai do duche e reentra no quarto, voz de Ana Moura inicia o “fado da procura”…
Dirige-se ao roupeiro tira umas calças de ganga e uma camisa branca. Vai-se vestindo enquanto recorda o caminho que tem de para percorrer. Desce até à cozinha, “let go” dos Frou Frou ouve-se no sistema de colunas pela casa toda. Abre um croissant que recheia com queijo fresco e salmão fumado, sumo de lichia para acompanhar. Agora ouve-se a voz de Dolores O’Riordan “stay with me”. Acabada a refeição leve dirige-se à garagem, pelo caminho desliga o sitema de som, pega na carteira, telemóvel, blusão, capacete e luvas. Entra na garagem e fica a olhar, qual levar? Decide-se pela Ducati SC1000. O som “desmo” enche o espaço e a alma. Calça as luvas e coloca o capacete enquanto a porta da garagem abre, monta e arranca, destino Sintra.
Percorre as ruas de Lisboa em direcção à marginal, sim por esse caminho vai demorar mais mas tem tempo. Pelo caminho recorda o que se passara anos atrás. Está de novo sentado num banco na Praça do Império, em Belém, vê uma mulher alta, com longos cabelos ruivos, pele branca, olhos verdes dirigir-se para ele. Ainda está a apreciar o seu vestido prático mas elegante e as formas que cobre quando ela lhe pergunta, num tom jocoso, onde são os Pasteis de Belém. Sorriem e beijaram-se.

- …que olhar era aquele que me estavas a fazer?
- …olhar? Qual olhar?... este?
- Sim esse… este vestido é assim tão transparente?
- Não, fica-te muito bem…
- Pois mas já estavas a ver-me sem ele.
- … calma lá chegaremos…
(afirmara com um sorriso e um olhar confiante)
- … querias… mas quem te disse que vais ter?
(riposta ela com um sorriso maroto)
- …vamos lanchar… tudo a seu tempo darling.

Puxou-a pela mão e dirigiram-se aos pastéis de Belém.

Um carro fez uma travagem brusca à sua frente que o obrigou a desviar-se, por momentos voltou ao presente mas depressa está de novo naquele fim de tarde…

Depois dos pastéis e do café dirigiram-se ao carro dela.

- Já te disse que adoro este teu carro?
- Sim, todas as vezes que andas nele…
- É um clássico…
- Sim até compreendo que não se veja muitos DB5 neste país…
- Entre este Aston Martin e o Jaguar E type não sei qual gosto mais…
- Ok, da próxima trago o jag…

Ele solta uma gargalhada enquanto entram no carro. Arrancam.

- Onde vamos?
- Darling… que tal irmos ver o por do sol ao guincho?
- Parece-me muito bem.
- Ainda bem…

Entram na marginal e desfrutam da paisagem, o céu quase está limpo, apenas se avistam umas nuvens altas mas a visibilidade é estupenda e a vista deslumbrante. Abrem as janelas e sentem a aragem fresca e o cheiro a mar.
Chegados ao Guicho estacionam e saem em direcção ao areal. O vento fresco deixa-a arrepiada. Ele retira o casaco e cobre-a. Sentam-se olhando o mar, ouvindo o som das ondas, sentindo o cheiro a maresia e  uma gota ou outra trazidas pelo vento a bater nas suas faces. Ele está por trás dela e abraça-a, ela vira a cabeça… olham-se… apesar de nada dizerem, conversam com o olhar. Por fim trocam um beijo, doce, quente, prolongado.

- Adoro não conseguires evitar corar quando te beijo.
- …meu querido, há coisas que não se controlam…

O reflexo do pôr do sol nas nuvens fazia-las mudar de cor de laranja fogo a carmim ou seria salmão? Não fosse uns laivos de cinza aqui e ali pareceriam farrapos de algodão doce tingido de rosa…

- …por mais que aconteça todos os dias não me canso de assistir a este espectáculo…
- Sim foi uma óptima ideia vir aqui, embora esteja a ficar gelada.

O sol mergulha de vez nas águas e a luminosidade começa a diminuir.

- E agora onde vamos?


Continua…


FATifer

2 comentários:

  1. Estou a adorar.
    Espero que tenhas inspiração para escrever muitos episódios pois já tens "cliente" para todos eles.
    Os momentos em retrospectiva estão muito bem conseguidos.

    Beijos em diferido :)

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  2. Cara Orquídea,

    Ainda bem que estás a gostar… a inspiração não tem faltado. Podes ler a próxima parte ;)

    Beijinhos,
    FATifer

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