Enquadramento:
Este texto nasce do desafio da Orquídea
Selvagem. Por mais que reafirme que não é meu hábito responder a desafios,
desta vez abro uma excepção porque me apetece (e porque ela merece). Ora, como
penso que todos concordarão, o conceito de “perfeito” é altamente subjectivo,
tal como os conceitos de “lamechas” e “romântico” e outros que tais. Assim façam
os juízos que entenderem que eu escrevo o que quero, porque me apetece!
Como diria o outro, qualquer semelhança com a realidade é
pura ficção…
Era um fim de tarde como tantos outros, voltava para casa
mergulhado nos pensamentos do que tinha deixado por fazer. Caminhando pelas
ruas em passo estugado estava quase alheio ao que o rodeava, como que em modo
automático, tudo era apenas interpretado como sendo ou não um potencial
obstáculo à sua passagem, nada mais. Por mais que tivesse olhado não viu o canteiro
de flores multicolores, o rapaz que passeava o cão, a mulher que levava o gato
ao colo, o mendigo que olhava o copo com umas moedas no fundo, o desenho da calçada
onde faltava uma pedra, os raios de sol a passar por entre as copas das árvores.
Tudo parecia a preto e banco ou nem isso. Caminhava decidido mas na sua mente
ainda estava à frente do computador, a analisar a melhor forma de colocar aquele
gráfico ou qual a ordem mais conveniente dos slides. Decididamente o percurso a
pé que se obrigara para desligar do trabalho não estava a dar resultado mas já
está perto de casa.
De repente um aroma suave e floral desperta-lhe os
sentidos. Olha para trás mas já só consegue distinguir o som de saltos altos na
calçada ao dobrar da esquina. Pára e fica a fitar a esquina ao fundo da rua
estreita que estava a subir.
“Não pode ser” pensa, “este perfume, só ela o fazia!...”.
Parte dele quer voltar-se para cima e continuar a pensar
nos slides mas continua estático a olhar o fundo da rua, onde o som dos saltos
deixou de ser perceptível. Corre e dobra a esquina, nada vê. Teria sonhado?
Volta a dobrar a esquina e sobe a rua, agora mais
desperto ao que o rodeia, por mais que intrigado com a forma como havia “despertado”.
Olha o candeeiro antigo e a vidraça partida daquela janela onde em tempos estava
uma velhota a ver quem passava. Sente a calçada irregular debaixo dos pés e a
brisa na cara. Pára à porta de casa, tira a chaves do bolso, abre a porta e
entra. Coloca o casaco no cabide que pendura no bengaleiro à entrada e sobe a
escada para o quarto. Ao entrar no quarto vê um pequeno envelope em cima da
cama. Dentro do envelope, sem nada escrito por fora, encontra um cartão onde se
pode ler:
“22h no nosso lugar… beijo”
O envelope cai a seus pés e fica imóvel a olhar para o
cartão na sua mão.
Continua…
FATifer
Vês porque é que eu tinha saudades de te ler? Está magnífico.
ResponderEliminarObrigada por me dares este presente que chegou um dia adiantado.
Beijinhos na expectativa da continuação.
Cara Orquídea,
ResponderEliminarFico contente que te tenha agradado até agora :)
… já escrevi mais alguma coisa mas, na minha opinião, não o suficiente para publicar. Vais ter de ficar na expectativa mais um pouco…
Beijinhos,
FATifer
Eu sei esperar... take your time.
ResponderEliminarPacient kisses :)
:)
ResponderEliminarAinda bem… mas também não tenciono demorar muito, só não garanto que seja já amanhã…
Beijinhos,
FATifer