Parou a moto à frente do que fora outrora o alpendre,
diante si os restos da cabana em escombros. Nunca mais tinha tido coragem
voltar a este lugar. Perguntava-se porque o teria feito? Sim o bilhete, era
real, a sms… também… mas… porque estava ali? O que esperava encontrar?
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
“Um Encontro Perfeito” – desafio (parte IV)
Não queria pensar no que tinha acontecido naquela noite
mas estando ali, era difícil evitar. Até hoje tinha-se sempre focado na parte
boa, aquela visão de Catherine deitada no chão em frente à lareira era como a
queria recordar. Desligou a moto, retirou o capacete. “Agiste sem pensar”,
pensou para consigo. “O que estás aqui a fazer?”, “Quem estará por detrás
disto?” perguntava-se olhando em volta. Por fim cede e recorda os eventos
daquela noite. O grupo de homens que entrou na cabana. A forma com a levaram
para um carro. O prazer com que lhe haviam batido e deixado por morto. Recorda
depois a forma como matou um a um todos eles, ainda consegue ver as suas caras
suplicando pela vida. Mas todos disseram que ela estava morta e por isso deixou
de procurar… Apetece-lhe gritar e até podia mas para quê? Há anos que a sua
vida era só trabalho para não ter de se lembrar dela e agora estava aqui, de
volta a este local, qual marioneta no jogo de alguém, mas quem? Quem poderia
ainda conhecer aquela sua história?
O som de um carro ao longe fá-lo voltar ao presente. Fixa
o olhar no caminho. À medida que o som se torna mais próximo, um sorriso nasce
no seu rosto. Reconhece o som, é um Jaguar E type. Alguém tem um sentido de
humor perverso mas está decido a pagar para ver quem.
O carro aparece por entre as árvores e pára a uma
distância que não lhe permite identificar quem está atrás do volante. A porta
abre-se, a luz da lua cheia ilumina o vestido branco…
- Catherine?...
- …
- … é impossível! Tu estás morta!
- Não Ricardo… tinha de pagar a minha dívida, disse que
traria o jag da próxima vez…
- …mas…
- Não me peças para explicar. Sei tudo o que fizeste.
Como me procuraste. Mas eu não podia deixar que me encontrasses. Acredita em
mim e perdoa-me.
- Catherine…
Estavam frente a frente, olhos nos olhos. Ele estende a
mão e toca-lhe no rosto, ainda na dúvida se o sentiria. Limpa a lágrima que
escorria já face abaixo e abraça-a. As bocas encontram-se sedentas uma da
outra. Os corpos colam-se. As mãos passeiam-se e os corpos acusam o seu toque. Ouve-se
um tiro e no mesmo instante os dois amantes jazem inanimados ao luar.
- Acaba assim? Não gosto!
- …não?
- Não!
- … mas sou eu que estou a escrever…
- Sim mas pediste a minha opinião.
- É verdade…
-… já sabes que gosto de finais felizes e este é muito
triste! Acho que levaste a tua mania de surpreender o leitor longe demais.
- Aceito o teu ponto de vista mas vais ficar assim. Agora
tenho de desligar, obrigado pela opinião. Beijo.
- E …
João desligou, tinha de acabar de formatar a história
para enviar para o editor. “Falta aqui um ponto e um espaço, isto tem de ser em
itálico, pronto terminei, agora é só enviar. Já está.” Pensava alto à frente do
pc. Levanta-se e dirige-se à casa de banho. Despe-se e entra no duche. Deixa a
água quente escorrer pelo corpo. Agora que tinha acabado não queria mais pensar
em nada, concentra-se apenas na água, o som que faz ao cair na sua pele.
A custo fecha a torneira. Estendo a mão pega no toalhão
para se enxugar. De volta ao quarto abre o armário de escolhe umas calças e uma
camisa, olha para baixo para escolher os sapatos e lá se decide. Coloca as
roupas em cima da cama e os sapatos no chão e volta à casa de banho para se
perfumar. De volta ao quarto veste-se em frente ao espelho pensando no que tem planeado
para essa noite.
Continua…
FATifer
2 comentários:
Este local serve para largar comentários, daqueles, dos inteligentes e com sentido...todos os outros, que consideremos que não cumprem esses critérios, serão eliminados prontamente. Mais...anónimos amigos por favor identifiquem-se, já basta não conhecermos a cara...pelo menos o nome/nick.
Desde já o nosso agradecimento, voltem sempre!
Ah! E a pedido da nossa estimada leitora Van, passamos a avisar que a leitura deste blogue engorda!
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Bem... estou sem palavras...
ResponderEliminarPor duas vezes me deixei surpreender pela história! Gosto de reviravoltas, de ser "enganada" pelo desenrolar da narrativa... de me surpreender. E tu conseguiste isso.
Bom, se esta é a penúltima parte... que venha a última para festejarmos com champanhe e pastéis de Belém!! (hehehe)
Um Beijo :)
Cara Orquídea,
ResponderEliminarAinda bem que gostaste, estava com algum receio que tivesse inventado demais mesmo para o teu gosto.
Está quase escrito o “encontro perfeito”… com que vou acabar.
Beijinhos e obrigado por leres,
FATifer