sábado, 13 de dezembro de 2008

Parte IX


- Sim?...
- Guilherme Silveira?
- Sim…
- Fala do Hospital S. Francisco Xavier… o seu número está mencionado como contacto em caso de emergência da senhorita Helena Silveira…
- O que aconteceu à minha filha?
- Não sei pormenores do acidente, apenas posso dizer que deu entrada depois de um acidente de mota e está em observação…
- Vou já para aí!



- Pai? Sofia?
- Filha… então?...
- Não faças essa cara eu estou bem…
- Oh rapariga o que é que foste arranjar?
- Já disse que estou bem Sofia… não foi nada…
- Não foi nada mas a RSV não tem arranjo, segundo acabei de saber…
- Desculpe meu pai, eu sei o quanto gosta daquela Aprilia mas aquele palhaço mete-se à frente!
- A moto é o menos, o que importa é que estás bem…
- Sim, isso é o mais importante Helena, estávamos preocupados.
- Obrigado Sofia… meu pai, essas não são as mesmas roupas que tinha ontem?
- São e depois?
- Estão os dois um pouco despenteados… hum…
- Vês Sofia, até na cama do hospital ela é assim… apresento-te a tua maior aliada.
- Aliada? Que conversa é essa meu pai? Porque que é que a Sofia está com o sorriso malandro dela?
- Qual sorriso malandro Helena?
- Esse! Vocês… entenderam-se!….é isso?!
- O teu pai fez-me uma proposta…
- Como assim?
- Fui intimada a conquistar um lugar no coração dele…
- Fucking finally!!
- Helena então?
- Oh pai … já sabes que há muito que defendo essa ideia, como aliás acabaste de dizer. Até um cego via que vocês os dois deviam estar juntos!

Continuaram a conversar. A Helena contou como um carro, em que o condutor falava ao telemóvel, se atravessara no caminho dela e tinha sido projectada. Agradeceu ao pai o facto de ter sempre insistido para que usasse protector de coluna, voltando a pedir desculpa pela Aprilia RSV 1000 R Factory que não tinha concerto. Estava bem, apenas tinha sido internada por precaução pois perdera a consciência.
Decidiram deixá-la descansar.

- Ainda bem que foi só um susto mas não devias deixar a tua filha pegar nos teus brinquedos…
- Oh Sofia, a Helena sabe muito bem conduzir, o que lhe aconteceu acontecia-me a mim ou a qualquer um…
- Sim talvez…
- Podes ter a certeza.
- Leva-me a casa quero tomar um duche e trocar esta roupa.
- Um duche é uma boa ideia…
- …
- Que cara é essa?
- A cara de quem não está habituada a ouvir essas coisas vindas de ti…
- Pois estás a habituada é a seres tu a dizê-las, não é?
- Sim…
- Mas e então posso tomar duche contigo ou não?
- Tás muito malandro, estás!
- Isso é um sim ou um não?
- É um vamos ver…

A viagem durou o mínimo que tinha que durar. Entram em casa embrulhados um no outro, as bocas não descolam uma da outra e as roupas vão caindo no chão a caminho da casa de banho. A cabine de duche é grande, a água a cair sobre eles aumenta a excitação. Os corpos descobrem-se, os prazeres reprimidos libertam-se. Perdem a noção do tempo, entregues à busca de prazer mútuo. É como andar de bicicleta, quem sabe não esquece e ambos sabem dar e receber. Gemidos, gritos de prazer, ligeiramente abafados pelo som da água a correr, inundam aquele espaço, ecoando nas paredes de mármore.


- Guilherme…
- Sim Sofia?
- Com cogumelos por favor…
- Coming righ up!

Sofia ouve o sou de panelas enquanto se levanta preguiçosamente. Resiste ao instinto de vestir algo e encaminha-se para a cozinha…

- Onde está o Azeite?
- No sítio do costume!
- Nop… aí já vi…
- Deve ter acabado… procura no armário em baixo, porta da direita, deves ter uma garrafa por encetar…
- Ok!

Sofia chega à porta da cozinha e pára admirando-o a trabalhar… a velocidade com que corta os cogumelos que lhe pedira para pôr na omeleta, a destreza manual de que beneficiara horas antes mas noutras circunstâncias. Deleita-se, observando a forma minuciosa como doseia cada pitada de sal, cada pingo de azeite… a sua omeleta está pronta e os ingredientes para outra repousam no balcão…

- Não é a primeira vez que cozinhas para mim mas… será a primeira que o fazes só de avental…
- Safety first…

Guilherme respondera antes de levantar o olhar… o ligeiro sorriso que fizera torna-se um sorriso aberto ao ver Sofia, na ombreira da porta, nua.

- Tu também estás vestida a rigor…
- Estou, não estou?
- Está pronta, é só comer…
- Ainda bem, estou esfomeada.
- Sim, eu percebi…
- A culpa é tua!
- Minha?!
- Sim… há muito tempo que não fazia tanto “exercício”…
- Nem eu…

Pegara num prato onde colocara a omeleta enfeitado com uma folhinha de salsa. Sofia sorri, mesmo estado já habituada àqueles pormenores dele, “os olhos também comem”, respondia sempre que ela lhe perguntava para que era aquilo. Preparava uma omeleta para si enquanto apreciava o gosto com que Sofia comia a dela.

- Hum está deliciosa!
- Sim?... ainda bem… é como tu…
- Ai sim?
- Sim…
- Então sou deliciosa…
- És… além de linda, és deliciosa…
- Guilherme… se isto é um sonho não quero acordar!
-…
- Ai!! O que foi isso?
- Estava só a verificar se era um sonho… sentiste o garfo… acho que não é um sonho.

Sofia sorri e come mais uma grafada, fingindo ameaça-lo com o garfo que esvaziara. Ele senta-se à frente dela comendo a sua omeleta. Olha-a com um sorriso sedutor…

- Guilherme… não misturemos comidas…
- Porque não?
- …
- Estava aqui a pensar numa sobremesa…
- Numa sobre-a-mesa?...
- Bem isso também podia ser mas pensava antes nisto…

Vira-se e retira do frigorifico uma taça de morangos e uma tigela de chantilly…

- Parece-me muito bem… só acrescentava o que encontrarás na segunda prateleira ao fundo.
- Sim eu vi mas só tenho duas mãos…
- Eu tiro…

Sofia levanta-se passa por ele, gentilmente retira um morango da taça, mergulha-o na taça de chantilly, encosta-o ao nariz dele e depois morde o fruto, daquela forma delicada e ao mesmo tempo selvagem, que só uma mulher sabe como fazer. Sorri e oferece-lhe o resto do morango, que ele aceita… abre a porta do frigorífico e retira a garrafa de champanhe que repousava onde tinha indicado. Abre depois o armário, pega em dois flute e faz o seu sorriso maroto, que ele adora.

- Vamos?...
- After you…

Voltaram ao quarto. Deitados na cama deliciam-se… os dois flute cheios de champanhe repousam numa das mesas-de-cabeceira, as taças com os morango e o chantilly estão na cama ao lado deles. Ele retira um morango molha no chantilly e usa-o para contornar cada um dos mamilos, ela suspira e aceita o morango enquanto ele lambe o chantilly que depositara… ela imita-o… os morangos vão desaparecendo da taça e o champanhe dos copos à medida que ambos inventam formas cada vez mais criativas de os consumir…


A sombra começa a invadir o quarto… ele olha-a a dormir a seu lado, percorre com o olhar cada contorno daqueles lábios que tanto prazer lhe deram hoje… observa a silhueta daquele lindo corpo por debaixo dos lençóis de seda… sorri, fecha os olhos e entrega-se também a um descanso merecido.


(terminará)


FATifer

6 comentários:

  1. Este personagem ainda vai passar de saco de boxe a meu herói... :)

    Beijos :)

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  2. Pax,

    Eu bem te disse para não bateres tanto no sr. :P

    :)

    A parte X e final está escrita … só espero que gostes…

    (amanhã veremos)

    Beijinhos,
    FATifer

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  3. "A parte X e final está escrita … só espero que gostes…"

    Se não gostar bato-lhe um cadito mais ;)

    Beijos :)

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  4. Olá :) Agora passo aqui a vida "enfiada" para ver para quando o final :))

    beijinho

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  5. Pax,

    “Se não gostar bato-lhe um cadito mais ;)”

    Acho que não terás razões para isso mas amanhã veremos…

    Beijinhos,
    FATifer

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  6. Who Am I,

    Bem vinda ao nosso cantinho.

    “Agora passo aqui a vida "enfiada" para ver para quando o final :))”

    Como já disse, amanhã publico a última parte deste meu exercício de escrita, só tens de esperar mais umas horas ;)

    Mas espero que continues a visitar-nos…

    Obrigado pela visita, beijinhos,
    FATifer

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