- Sim?
- Sofia… ligaste ontem mas estava na moto e depois…
- Pois a Helena disse-me que foste ver o Carlos, como está esse malandro?
- Na mesma…
- Sim esse não muda, já sabes.
- Que me querias?
- Nada de especial, só conversar com o meu amigo…
- Hum… almoçamos? Onde e a que horas?
- Pode ser… deixa ver…
- siiim…
- Diz tu.
- Pois eu vi logo que seres tu a decidir era como chegares a horas.
- …
- Sacramento…. 12:30.
- Ok até lá, beijo.
- Beijinho…
Estava a olhar pela janela do quarto, pousa o telemóvel. Entra no roupeiro “o que vestir?” pensa… decide-se, veste-se e desce…
- Bom dia filha.
- Bom dia pai.
- Não almoço, avisa a Hermínia, por favor.
- Beijinhos à Sofia?
- Quem te disse que vou almoçar com a Sofia?
- Meu pai, não insulte a minha inteligência, para além do telefonema de ontem vestiste aquela camisa que ela te ofereceu…
- Que perspicaz que é a minha filha?...
- Elementar meu caro Watson?
- Até logo Sherlock…
Desce à garagem, pega no R8. Cada curva da marginal com aquele carro é divertida, até as rotundas. Não havia tanto trânsito como esperava e arranja lugar facilmente no parque do Camões. Sobe as escadas, olha a estátua do poeta e segue em direcção à Rua Garrett. Em frente à brasileira lança o olhar de admiração à estátua do outro poeta, Pessoa. Sempre que faz aquele percurso dá com ele a pensar na velha questão “qual deles é melhor?”. A sua resposta sempre foi “são diferentes… gostava de ver Pessoa preso ao decassílabo e Camões a escrever sobre metafísica…” dependia do interlocutor o que vinha a seguir mas, invariavelmente, começava por ali. A Sofia já tinha tentado mostrar-lhe que tinha falhas esse começo mas ele usava esse facto como teste… chega de poesia que o prazer que se segue é gastronómico, pensa enquanto desce a rua Garrett. Sente o cheiro a café daquela loja que nunca decorou o nome mas o cheiro, esse sim, estava gravado na sua memória. Enfim começa a subir a Calçada do Sacramento… “espera, é a Sofia que está à porta?” pensa.
- 2 minutos atrasado, parece impossível!
- Tu esmeraste-te, sim sra.
- Não há regra sem excepção amigo, já o devias saber.
- Temos mesa?
- Sim, já pedi.
- Óptimo, after you milady.
Gostara daquela inversão de papéis. Olhava a amiga, enquanto os conduziam ao salão, era uma linda mulher a Sofia, alta, morena, olhos verdes, corpo bem torneado…
- Que olhar é esse?
- Qual olhar?
- Ok, Sr. Eng. vou fingir que não percebi…
- Estava a ver-te amiga…
- Ai sim? E então?
- Então o quê?
- Continuo toda boa ou quê?
- …
- Não me digas que encavaquei o Mr. Ice?
- Já devia estar habituado a essas tuas saídas mas…
- ahaahahaa
- …
Sentam-se e aceitam as sugestões do chefe. A Sofia pergunta logo pela sobremesa, garantindo que lhe guardam uma.
- Adoro este espaço, foi muito boa ideia termos vindo aqui.
- Pois eu sei que tu gostas, por isso escolhi.
- Como gosto dessa camisa, onde a arranjaste?
- Como se não soubesses.
- Pois é e fica-te tão bem, foi daquelas coisas que quando vi pensei logo em ti!
- Pois, pois, é como esses teus brincos.
- Sim, nunca vi nenhuns iguais… nunca me disseste onde os arranjaste.
- Tenho de ter alguns segredos…
- Não de mim.
- …
- Desculpa, falei demais.
- Não…
- Não é o que diz a tua cara…
- Mudemos de assunto, o que querias tu conversar comigo?
- Nada de especial, queria apenas conversar…
- Ah ok …
Depois da refeição decidiram andar um pouco. Ambos gostavam de andar a pé. Desceram até aos armazéns do Chiado, viraram a esquerda para a Rua do Carmo, desceram junto ao elevador de Santa Justa e seguiram a rua até chegarem à intercepção com a Rua Augusta.
- Rossio ou Terreiro do Paço?
- E se fossemos até ao castelo?
- Não achas que é muito?
- Não, estes sapatos são confortáveis.
- Se tu dizes… vamos.
- Onde tens o carro?
- No Camões, no parque, porquê?
- Eu também, estava a pensar que na volta podíamos apanhar o 28.
- O eléctrico?
- Sim, tenho saudades de andar nele.
- Ok pode ser, se não estiver cheio de turistas.
- Logo se vê, vamos?
- Vamos…
Foi uma tarde de lembranças, de momentos partilhados, conversas sobre o passado… para os dois Lisboa era assim, cada esquina tinha uma história para recordar.
Na volta apanharam o eléctrico 28, como tinham pensado. Decidiram ir lanchar ao noobai café, outro local onde adoravam ir desde que o haviam descoberto, vista belíssima e um menu recheado de pequenos prazeres.
Voltam ambos para o Camões, param e despedem-se seguindo cada um para a sua viatura.
Não lhe apetecendo ir para casa decide ir à casa dele em Lisboa. A casa de seus pais estava vazia desde que a filha o convencera a voltar à casa na linha. Voltar à Lapa era sempre recordar histórias antigas…
Entra naquela casa fechada há tanto tempo… parece parada no tempo pois não mexeu em nada e manda limpar regularmente, não há teias de aranha nem camadas de pó nem sequer lençóis em cima das mobílias… não era inocente a ida ali, a frase do amigo não lhe saíra da cabeça ainda. Precisava, procurava, uma memória que sabia inevitável quando entrasse naquela casa…
- Guilherme…
- Sim…
- Porque me trouxeste aqui?
- Não me disseste que queria ver a minha casa?
- Sim… mas…
- Se não te sentes bem aqui vamos embora.
- Não. Quero ficar… quero…
- Os meus pais estão no Alentejo, estamos à vontade.
- Guilherme…
- Sim?...
Recorda aquele olhar, fora a primeira vez que o vira e nunca mais o esquecera… Aqueles olhos diziam-lhe “come-me”… ela aproxima-se dele e sussurra-lhe ao ouvido:
- Hoje quero ser tua, só tua… toda tua…
- Isabel… mas…
- shhhhh…
Encosta-se a ele… aqueles seios encostados ao seu peito… as suas mãos escorregam da cintura dela para as nádegas, que parecem esculpidas por Miguel Ângelo ou Da Vinci… os seus lábios tocam os dela num beijo suave mas que rapidamente se torna numa dialogo de duas línguas, de duas bocas sôfregas uma pela outra. Sente as mãos dela nas suas nádegas… as suas sobem acariciando aqueles seios perfeitos… continuado a beijar-se foram andando na direcção do quarto, deixando um rasto de peças de roupa pelo caminho… ela deixava-se conduzir mas só por não saber o caminho… chegados ao quarto caem sobre a cama, ela ficou por cima, e começa a desabotoar-lhe a camisa, ele procura fazer o mesmo à sua blusa mas ela não deixa, com um olhar diz “primeiro eu”… a camisa enfeita o tapete e o cinto é o próximo alvo… a luz do candeeiro por trás dela, na mesa-de-cabeceira, permite-lhe ver o contorno dos seios, doce visão… ficou de boxers, com outro olhar ela diz-lhe “agora tu”… passa-lhe o polegar direito pelos lábios, com ambos contorna o queixo, o pescoço, até chegar ao decote… primeiro botão, segundo, terceiro… um a um vão-se soltando… a blusa cai sobre a sua camisa... mesmo através do sutiã consegue ver os mamilos rijos, empinados… retira a moldura mas o quadro não muda, aqueles seio não precisavam do sutiã para se manterem firmes e aqueles mamilos continuam a fixa-lo… levanta-se lentamente e com a ponta da língua toca na ponta do mamilo esquerdo, depois os lábios acariciam a área envolvente enquanto com a língua titila, em movimentos circulares, os biquinhos… o seio direito recebe tratamento igual, ela suspira de prazer… suavemente trocam de posições depois da saia dela ter caído por cima das suas calças. Voltam a beijar-se… com a língua percorre o contorno do queixo, desce pelo pescoço, atravessa o peito, um desvio à direita para um beijo na ponta do mamilo, ela suspira, outro beijo no mamilo esquerdo, outro suspiro, continua até ao umbigo, a ponta da sua língua perfaz o contorno, a barriga encolhe, chega em fim à borda da renda que debrua as cuecas. Levanta a cabeça, como que a pedir permissão, ela lança-lhe um olhar como dizendo “sim! Porque é que paraste?!”. Docemente faz deslizar as cuecas desvendando ao triângulo mágico… ela levanta o tronco e faz o mesmo às suas boxers, revelando o membro erecto. Estica o braço e tira algo da gaveta da mesa-de-cabeceira…
- Queres fazer as honras?
Espanta-se por não receber de volta um “o que é isso?” como esperava, em vez disso ela coloca-lhe o preservativo e diz:
- Now do it!
Os olhos dela imploravam que a penetrasse… voltam a deitar-se e suavemente inicia o coito. Os olhos dela continuam a implorar por mais, acelera o ritmo, mais e mais, gemidos enchem o quarto, qual sinfonia de prazer, beijam-se, a respiração de ambos é cada vez mais ofegante… de repente ela inicia um movimento de rotação, trocam de posições relativas, agora ela está por cima, cavalga-o com prazer… levanta as mãos e agarra-lhe os seios estimulando os mamilos hirtos de prazer… o momento está perto, não conseguirá aguentar muito mais, ela percebe –o no seu olhar mas não consegue abrandar os ritmo, não dá para aguentar mais, sente um arrepio de prazer percorre-lhe a espinha e solta um grito de prazer… os olhos dela espelham algum desapontamento… apercebendo-se que ainda não acabou, o pénis continua firme, troca de preservativo e recomeça…
- Oh yes… assim, continua…
- Gostas assim?
- Yes! Yes!
Ela atingira também o orgasmo mas o seu olhar pedia mais… continuaram… nunca tinha aguentado uma noite inteira mas naquela noite foi até o sol raiar… adormeceram exaustos nos braços um do outro.
(continua)
FATifer